Capítulo 57

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  Anahi continuou lutando com as próprias pálpebras que teimavam em querer fechar durante alguns minutos, e então sentiu a respiração de Alfonso ficar mais controlada e profunda. Olhou-o de solaio e o viu de olhos fechados, com a expressão tranquila e ao mesmo tempo parecendo preparado para qualquer coisa. Suspirou.

  “Mais uma vez a cena irá se repetir.” - Pensou ela se desvencilhando com cuidado do braço de Alfonso, que lhe envolvia a cintura.

  Seus músculos pareciam tensos, mas com malemolência, e Anahi se deixou enganar.

  Levantou-se devagar, e olhou uma última vez para o homem deitado na cama, vestindo apenas uma cueca. Respirou fundo, colocando rapidamente a sua camisola e indo até a porta.

  Girou a maçaneta e quando puxou a porta para que surgisse um espaço onde pudesse passar, a voz de Alfonso soou rouca atrás dela:

— Onde está indo?

  Ela fechou os olhos com força, respirando fundo novamente.

— Para o meu quarto. - Respondeu sem se virar.

  Pôde ouvir o barulho dele se mexendo na cama, mas não olhou... Sabia que se o fizesse, estaria tudo perdido.

— E por que você está indo para o seu quarto?

  “Porque eu não quero me apaixonar mais ainda por você, idiota!”

— Durmo mais a vontade lá. - Mentiu, agradecida por sua voz soar firme.

— Tudo bem, vou dormir com você lá e… - Ela o interrompeu.

— Não. - Disse rápido demais, alto demais, nervosa demais...

— Por que?

— Não quero q-que deixe o seu conforto por minha c-causa. - Disse ainda sem virar e encará-lo.

— E você sabe o que eu quero Anahi? - Ela ouviu passos, indicando que havia se levantado - Sabe?

— Não. - Abriu um pouco mais a porta, como se planejasse um lugar para que pudesse fugir.

— Eu quero, que você olhe para mim e pare de mentir. - Sua voz indicava o quão bravo estava.

— Não estou mentindo - Virou-se para ele e encarando-lhe o peito desnudo - Simplesmente prefiro a minha cama. - Deu de ombros e virou-se como se fosse sair.

  Ele a segurou pelo braço:

— E eu prefiro você. Então pare de mentir e me diga qual o problema, porque sinceramente já estou cansado de dormir com você e acordar sozinho. E é bom você saber que estou começando a cogitar a possibilidade de começar a te amarrar na cama. Então me responda: por que está fugindo de mim Anahi?

— Eu não estou - Rolou os olhos - Só não consigo dormir na sua cama.

— Mas você conseguia antes.

— Não. Nunca dormi realmente na sua cama. - Balançou a cabeça.

  Isso era verdade. Haviam compartilhado a cama durante a noite toda somente em Toronto. Depois disso, desde o primeiro dia ela fugia.

— Tudo bem... - Disse depois de uma pequena pausa - Mas não precisa se incomodar com o meu conforto. Tenho certeza que estarei bastante acomodado na sua cama.

  Ela ficou em silêncio pensando em algo coerente o bastante, ou pelo menos plausível para dizer. Não encontrou nada...

— Por que está fazendo isso? - Ela perguntou de repente.

— Porque temos uma conversa pendente, e não pretendo deixá-la para depois.

— Realmente não sei sobre o que quer conversar... - Deu de ombros.

— Ambos sabemos - A corrigiu - Você foge todas as noites da minha cama por outro motivo além de conforto. Quero que me diga qual é?

— Alfonso - Disse brava - O que você espera que eu diga? Que não durmo na sua cama por que tenho nojo de você?

— Isso, ambos também sabemos que não é verdade. - Disse com um sorriso malicioso.

  Ela suspirou. Não iria ser idiota a ponto de dizer o que realmente estava sentindo... Até porque fazer isso significava que ela havia aceitado seus sentimentos, e isso estava longe de acontecer.

Você tem que manter o foco, isso é só um acordo profissional. Tudo vai acabar logo e ficar bem.” - Ela disse a si mesma, e logo disse com a voz baixa para Alfonso:

— Esse casamento não é real. É uma farsa, uma armação.

— Eu sei. - Parecia confuso.

— Mas as vezes parece que se esquece desse detalhe - Disse ríspida - Não ficaremos casados para sempre Alfonso. Nossos meses do contrato já estão acabando... - Ele a interrompeu.

— Ainda não fechou nem dois meses que estamos juntos - Retrucou contrariado - Ainda temos bastante tempo pela frente.

— Não, nós temos quatro meses pela frente e isso não é muito tempo. - Ela também retrucou.

  Ele ficou calado por um tempo, até que voltou a perguntar:

— E o que o tempo que vamos ficar juntos interfere no fato de você fugir de mim?

— Não estou fugindo! - Quase gritou.

— Ok, como você quer chamar sair da minha cama todas as noite sem me acordar e sem fazer barulho?

  Ela respirou fundo e soltou o ar devagar, tentando arrumar tempo suficiente para pensar.

— Alfonso, você está apaixonado por mim? - Ela o encarou nos olhos pela primeira vez - Me ama?

  Ele ficou sem reação, tentando entender onde ela queria chegar. O quarto ficou em total silêncio enquanto Alfonso pensava em uma resposta.

— O que isso quer dizer? - Ele perguntou com certo receio.

— Não está apaixonado por mim... - Ela concluiu sorrindo. Um sorriso triste... - Esse casamento tem data de validade, nossos dias sob o mesmo teto estão contados, então para que complicar as coisas?

— Eu não sei - Disse decidido a ser sincero - Eu apenas... quero você.

  Ela sentiu o coração tremer e se encher de esperança. Estaria ele começando a gostar dela? Será que ele estava começando a se apaixonar por ela? Tais ideias fizeram Anahi sentir uma emoção tão grande dentro de si, que quase esqueceu qual era seu próprio nome.

— Não vou forçá-la - Ele disse depois de um longo suspiro - Se quiser ir, vá. Não sou eu que fujo de você. A decisão não é minha.

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