Anahi continuou lutando com as próprias pálpebras que teimavam em querer fechar durante alguns minutos, e então sentiu a respiração de Alfonso ficar mais controlada e profunda. Olhou-o de solaio e o viu de olhos fechados, com a expressão tranquila e ao mesmo tempo parecendo preparado para qualquer coisa. Suspirou.
“Mais uma vez a cena irá se repetir.” - Pensou ela se desvencilhando com cuidado do braço de Alfonso, que lhe envolvia a cintura.
Seus músculos pareciam tensos, mas com malemolência, e Anahi se deixou enganar.
Levantou-se devagar, e olhou uma última vez para o homem deitado na cama, vestindo apenas uma cueca. Respirou fundo, colocando rapidamente a sua camisola e indo até a porta.
Girou a maçaneta e quando puxou a porta para que surgisse um espaço onde pudesse passar, a voz de Alfonso soou rouca atrás dela:
— Onde está indo?
Ela fechou os olhos com força, respirando fundo novamente.
— Para o meu quarto. - Respondeu sem se virar.
Pôde ouvir o barulho dele se mexendo na cama, mas não olhou... Sabia que se o fizesse, estaria tudo perdido.
— E por que você está indo para o seu quarto?
“Porque eu não quero me apaixonar mais ainda por você, idiota!”
— Durmo mais a vontade lá. - Mentiu, agradecida por sua voz soar firme.
— Tudo bem, vou dormir com você lá e… - Ela o interrompeu.
— Não. - Disse rápido demais, alto demais, nervosa demais...
— Por que?
— Não quero q-que deixe o seu conforto por minha c-causa. - Disse ainda sem virar e encará-lo.
— E você sabe o que eu quero Anahi? - Ela ouviu passos, indicando que havia se levantado - Sabe?
— Não. - Abriu um pouco mais a porta, como se planejasse um lugar para que pudesse fugir.
— Eu quero, que você olhe para mim e pare de mentir. - Sua voz indicava o quão bravo estava.
— Não estou mentindo - Virou-se para ele e encarando-lhe o peito desnudo - Simplesmente prefiro a minha cama. - Deu de ombros e virou-se como se fosse sair.
Ele a segurou pelo braço:
— E eu prefiro você. Então pare de mentir e me diga qual o problema, porque sinceramente já estou cansado de dormir com você e acordar sozinho. E é bom você saber que estou começando a cogitar a possibilidade de começar a te amarrar na cama. Então me responda: por que está fugindo de mim Anahi?
— Eu não estou - Rolou os olhos - Só não consigo dormir na sua cama.
— Mas você conseguia antes.
— Não. Nunca dormi realmente na sua cama. - Balançou a cabeça.
Isso era verdade. Haviam compartilhado a cama durante a noite toda somente em Toronto. Depois disso, desde o primeiro dia ela fugia.
— Tudo bem... - Disse depois de uma pequena pausa - Mas não precisa se incomodar com o meu conforto. Tenho certeza que estarei bastante acomodado na sua cama.
Ela ficou em silêncio pensando em algo coerente o bastante, ou pelo menos plausível para dizer. Não encontrou nada...
— Por que está fazendo isso? - Ela perguntou de repente.
— Porque temos uma conversa pendente, e não pretendo deixá-la para depois.
— Realmente não sei sobre o que quer conversar... - Deu de ombros.
— Ambos sabemos - A corrigiu - Você foge todas as noites da minha cama por outro motivo além de conforto. Quero que me diga qual é?
— Alfonso - Disse brava - O que você espera que eu diga? Que não durmo na sua cama por que tenho nojo de você?
— Isso, ambos também sabemos que não é verdade. - Disse com um sorriso malicioso.
Ela suspirou. Não iria ser idiota a ponto de dizer o que realmente estava sentindo... Até porque fazer isso significava que ela havia aceitado seus sentimentos, e isso estava longe de acontecer.
“Você tem que manter o foco, isso é só um acordo profissional. Tudo vai acabar logo e ficar bem.” - Ela disse a si mesma, e logo disse com a voz baixa para Alfonso:
— Esse casamento não é real. É uma farsa, uma armação.
— Eu sei. - Parecia confuso.
— Mas as vezes parece que se esquece desse detalhe - Disse ríspida - Não ficaremos casados para sempre Alfonso. Nossos meses do contrato já estão acabando... - Ele a interrompeu.
— Ainda não fechou nem dois meses que estamos juntos - Retrucou contrariado - Ainda temos bastante tempo pela frente.
— Não, nós temos quatro meses pela frente e isso não é muito tempo. - Ela também retrucou.
Ele ficou calado por um tempo, até que voltou a perguntar:
— E o que o tempo que vamos ficar juntos interfere no fato de você fugir de mim?
— Não estou fugindo! - Quase gritou.
— Ok, como você quer chamar sair da minha cama todas as noite sem me acordar e sem fazer barulho?
Ela respirou fundo e soltou o ar devagar, tentando arrumar tempo suficiente para pensar.
— Alfonso, você está apaixonado por mim? - Ela o encarou nos olhos pela primeira vez - Me ama?
Ele ficou sem reação, tentando entender onde ela queria chegar. O quarto ficou em total silêncio enquanto Alfonso pensava em uma resposta.
— O que isso quer dizer? - Ele perguntou com certo receio.
— Não está apaixonado por mim... - Ela concluiu sorrindo. Um sorriso triste... - Esse casamento tem data de validade, nossos dias sob o mesmo teto estão contados, então para que complicar as coisas?
— Eu não sei - Disse decidido a ser sincero - Eu apenas... quero você.
Ela sentiu o coração tremer e se encher de esperança. Estaria ele começando a gostar dela? Será que ele estava começando a se apaixonar por ela? Tais ideias fizeram Anahi sentir uma emoção tão grande dentro de si, que quase esqueceu qual era seu próprio nome.
— Não vou forçá-la - Ele disse depois de um longo suspiro - Se quiser ir, vá. Não sou eu que fujo de você. A decisão não é minha.
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Um amor por contrato
Roman d'amourQuando Anahi Portilla enviou seu currículo para a Empresa Herrera, foi somente para deixar de ouvir Dulce lhe dizer "tente". Jamais pensou que pudesse ser realmente convocada para assumir o cargo de secretária pessoal do presidente da empresa. Assim...