Capítulo 73

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  O sol começava a nascer, quando Anahi saiu de casa e foi até o galpão onde estava estacionado o velho caminhão que precisava de concerto. Tirou algumas das peças e colocou-as de molho, apreveitando a oportunidade para lavá-las. Checou o motor e o arranque, substituiu o óleo do cárter, e repôs a água que faltava.

  Querendo dar uma boa checada em todo o caminhão, ela não se importou em deitar-se de baixo dele e começar a verificar os freios e suspensão.

  Ouviu o som de passos se aproximando, que pararam a poucos centímetros:

— Chegou tarde demais para me ajudar, papai. Já estou quase terminando aqui - Disse sorrindo - Que tal me alcançar a chave biela 10? - Pediu esticando a mão para fora.

  Novos passos foram ouvidos, e então uma chave de boca pousou em sua mão.

— Pai, eu disse biela 10 não... - Ela se interrompeu automaticamente ao perceber que ao invés das botinas velhas e sujas do seu pai, um par de sapatos italianos e extremamente reluzentes estava no seu raio de visão.

— Meu Deus! - Sussurrou apenas para ela ouvir e saiu de baixo do carro, se levantando com toda a dignidade que tinha.

  Seu coração acelerou e ela teve que lembrar a si mesma de como se respirava. Não podia ser... Ele estava ali!

— Alfonso! O que você está fazendo aqui? - Ela disse automaticamente.

  Ele deu dois passos para frente e então sorriu, piorando a tentativa de Anahi de se manter calma e coerente.

— Olá Anahi.

  O aroma inebriante da loção pós barba e do perfume dele invadiram os sentidos de Anahi a embriagando consideravelmente, a deixando até um pouco enojada. Todos os dias que ela lutará para esquecê-lo, de nada valeram... Seu esforço tinha ido todo pelos ares.

  Quem ele pensa que é? - Ela perguntou a si mesma.

— Como você sabia que eu estava aqui?

  Dulce não faria aquilo com ela. Definitivamente não.

— Foi bem difícil. Meus detetives demoraram alguns dias...

— Detetives? Colocou detetives atrás de mim? - Disse ofendida.

— Mas por fim conseguiram. Eu só tive certeza ontem quando eu liguei e você atendeu. - A ignorou.

— Foi você quem ligou? - Perguntou chocada.

— Sim.

— Por que você está aqui Alfonso? - Se controlou para não gritar - Deixei bem claro que vou lhe pagar um pouco todo mês! Pelo amor de Deus, esse dinheiro nem está lhe fazendo falta!

— Eu não vim por causa do dinheiro. Vim por sua causa Anahi - Disse dando mais um passo para a frente. Ela recuou dois - Mas confesso que fiquei surpreso ao saber de tudo sobre sua mãe... Por que não me contou?

— Adiantaria alguma coisa? - Perguntou amargurada.

— Precisamos conversar. - Pediu agora a fitando sério e intensamente.

— Se é sobre o divórcio, podemos arranjar tudo com Christopher e... - Ele lhe interrompeu.

— Não vai haver divórcio algum. - Disse calmamente.

— Quem você pensa que é? - Ela disse finalmente em voz alta - Vai haver divórcio! Isso nunca passou de um contrato estúpido!

— Nosso casamento foi bem além das coisas judiciais e você sabe.

— Não, não sei, a única coisa que eu sei é que precisava desse casamento, era a única forma de conseguir o dinheiro para a operação da minha mãe. Eu não tinha outra saída. - Disse contendo as lágrimas e se agarrando em sua única defesa.

  O silêncio caiu entre eles cheio de significado. Ela olhava para o chão, recusando-se arduamente a encarar Alfonso. Quando ele deu mais dois passos, ela não pode mais recuar por estar com as costas coladas a umas das prateleiras velhas e empoeiradas de seu pai.

  Ele ergueu a mão e a segurou com força pelo queixo, obrigando-a a encara-lo.

— Eu fiz o que você pediu. - Disse com a voz baixa e casual - Eu demiti a Dana...

— Isso já não importa mais - Disse tentando afastá-lo sem sucesso - Você não me deve explicações.

— Quando você entrou na sala - Ignorou seus protestos - eu tinha acabado de demiti-la.

— Que ótimo jeito de agradecer o dela, não? - Falou irônica.

— Você tinha razão - A ignorou novamente - Eu devia tê-la demitido antes, me desculpe Anahi, você não sabe o quanto eu me arrependo por isso - Foi sincero - Quando eu vi, ela já estava se jogando em cima de mim e com o susto a empurrei só que você estava lá. Então você me olhou daquele jeito e eu me senti o mais cafajeste do mundo todo, mesmo não sendo nada daquilo minha culpa. desculpe Anahi! - Parecia apavorado - Eu queria matar a mim mesmo por não ter lhe ouvido antes. Se eu soubesse das intenções dela a teria afastado imediatamente. Eu quero só você Anahi - Colou sua testa na dela - E eu não sei nem... nem lhe dizer como me senti quando você saiu correndo não me dando ouvidos. Não consigo viver sem você, sem o seu sorriso, sem esses olhos azuis brilhantes, sem sua companhia, sem seu cheiro, sem seu brilho... Volte para mim Anahi - Pediu - Você é a única com quem eu quero estar! A única! Desde o primeiro dia.

  Ela balançou a cabeça sentindo as lágrimas começarem a descer pelo seu rosto:

— Você não sabe do que está falando... - Disso contrariada.

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