O dia amanheceu e Alfonso acordou antes do despertador começar a tocar. Ainda estava bastante cedo e os primeiros raios de sol mal haviam começado a sair. Ele esticou a mão ainda de olhos fechados, tateando a cama vazia e fria. Abriu os olhos com a testa franzida, devido a claridade, e soltou um palavrão.
A cama estava vazia... novamente, e ele? Ah, ele já estava começando a se irritar com tudo aquilo.
Sentou-se na cama para se certificar da hora e aproveitou para desativar o despertador, jogando as cobertas para o lado e indo em direção ao banheiro, não conseguiria dormir novamente. Céus como estava bravo!
Tomou banho, fez a barba e escovou os dente, vestiu-se impecavelmente e começou a descer as escadas. Não parou diante a porta do quarto de Anahi, como sempre fazia, nem a abriu para ter certeza que ela dormia. Apenas desceu com passos largos e a mandíbula tão apertada que lhe doía os dentes.
Anahi acordou cerca de quarenta minutos depois, e quando desceu deu logo de cara com Alfonso que terminava de tomar uma xícara de café. Surpreendeu-se, já que geralmente, ela era quem acordava primeiro.
— Caiu da cama? - Ela disse zombeteira.
Ele ergueu o olhar para encará-la, mas não a respondeu, limitando-se apenas a beber outro gole de café.
Ele não estava com a cara nada boa e Anahi logo percebeu e preferiu não incomodá-lo.
Foi até a geladeira e pegou a jarra de suco, servindo um copo exagerado.
— Dormiu bem? - Ele perguntou de repente.
Era impressão de Anahi ou a voz dele estava carregada de ironia?
— Sim. Dormi muito bem - Mentiu - Já nem me doí mais a cabeça. - Disse tentando parecer convincente.
Ele fechou ainda mais a cara e continuou quieto. Mal sabia Anahi que ele estava quase a ponto de explodir.
Era o momento certo para ele abordar sobre o assunto que tanto lhe incomodava, era o momento exato para algumas perguntas que precisavam de resposta. Porém o orgulho o impediu de falar qualquer coisa para a mulher que fugia de seus braços todas as noites durante a madrugada.
— Tenho certeza que sim. - Disse num sussurro que Anahi demorou alguns segundos para entender.
— Está tudo bem? - Ela perguntou de repente o fazendo encará-la novamente... foi a gota d'água. Ele soltou o ar nervoso e com dois goles terminou o café - Alfonso? - Insistiu.
Antes que fizesse ou falasse alguma besteira, limitou-se a dizer:
— Estou atrasado para uma reunião. - Mentiu pegando a pasta em cima da mesa.
— Eu não perguntei se você está atrasado, eu perguntei se você está bem...
Ele pareceu não lhe escutar continuando a caminhar até a porta.
Irritada, ela bateu o pé no chão e largou os braços ao lado do corpo:
— Você vai sair sem me responder? - Perguntou quase gritando.
— Orá Anahi, você faz isso todos os dias - Disse calmo em sua defesa - Se você pode fugir, eu também posso. - Falou antes de sair batendo a porta com força.
Do que diabos ele estava falando? - Anahi não parava de se perguntar enquanto continuava olhando a porta atônica.
O barulho de um cantar de pneus chegou aos seus ouvidos, e logo depois o barulho do motor do carro de Alfonso sumiu.
Ele já havia partido.
Anahi esfregou a mão nos olhos fechados e as imagens do sonho onde ele era o ator principal lhe invadiram os pensamentos, a levando a um mundo distante por alguns segundos. Abrindo os olhos ela se deparou com o mundo real totalmente diferente.
Seus olhos correram a cozinha pousando sobre a louça ainda suja da noite anterior, lhe trazendo mais imagens a cabeça, dessa vez imagens reais.
Estaria Alfonso se referindo ao fato dela fugir de sua cama?
Não, não - Ela foi logo tratando de dizer a si mesma - Nada de criar ilusões e histórias errôneas. - Se auto advertiu.
Decidiu que precisava ocupar a cabeça, e então pegou o copo de suco e se direcionou até o pequeno jardim improvisado, começando a tratar de suas mudas que estavam cada vez maiores e mais cheias de vida.
O passatempo lhe tomou toda a manhã e boa parte da tarde. Quando se jogou no sofá de olhos fechados e com a roupa ainda suja de terra, teve a certeza que nunca na sua vida havia sentido tanta falta do trabalho, e o fato de não ter o que fazer durante todas as tardes já a estava cansando.
Horas mais tarde, Anahi acordou com as batidas incessantes na porta.
Precisou de alguns segundos para raciocinar que havia cochilado e quando pulou para fora do sofá e abriu a porta, ainda atordoada, deu de cara com Dulce:
— Você ainda não está pronta? - A ruiva perguntou arregalando os olhos e a olhando dos pés a cabeça. Continuava com a roupa que havia sujado no jardim e os cabelos estavam bagunçados.
— Pronta? - Repetiu confusa.
— Sim, Alfonso não lhe ligou avisando? - Entrou sem ser convidada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um amor por contrato
RomanceQuando Anahi Portilla enviou seu currículo para a Empresa Herrera, foi somente para deixar de ouvir Dulce lhe dizer "tente". Jamais pensou que pudesse ser realmente convocada para assumir o cargo de secretária pessoal do presidente da empresa. Assim...