Capítulo 46

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  O dia amanheceu e Alfonso acordou antes do despertador começar a tocar. Ainda estava bastante cedo e os primeiros raios de sol mal haviam começado a sair. Ele esticou a mão ainda de olhos fechados, tateando a cama vazia e fria. Abriu os olhos com a testa franzida, devido a claridade, e soltou um palavrão.

  A cama estava vazia... novamente, e ele? Ah, ele já estava começando a se irritar com tudo aquilo.

  Sentou-se na cama para se certificar da hora e aproveitou para desativar o despertador, jogando as cobertas para o lado e indo em direção ao banheiro, não conseguiria dormir novamente. Céus como estava bravo!

  Tomou banho, fez a barba e escovou os dente, vestiu-se impecavelmente e começou a descer as escadas. Não parou diante a porta do quarto de Anahi, como sempre fazia, nem a abriu para ter certeza que ela dormia. Apenas desceu com passos largos e a mandíbula tão apertada que lhe doía os dentes.

  Anahi acordou cerca de quarenta minutos depois, e quando desceu deu logo de cara com Alfonso que terminava de tomar uma xícara de café. Surpreendeu-se, já que geralmente, ela era quem acordava primeiro.

— Caiu da cama? - Ela disse zombeteira.

  Ele ergueu o olhar para encará-la, mas não a respondeu, limitando-se apenas a beber outro gole de café.

  Ele não estava com a cara nada boa e Anahi logo percebeu e preferiu não incomodá-lo.

  Foi até a geladeira e pegou a jarra de suco, servindo um copo exagerado.

— Dormiu bem? - Ele perguntou de repente.

  Era impressão de Anahi ou a voz dele estava carregada de ironia?

— Sim. Dormi muito bem - Mentiu - Já nem me doí mais a cabeça. - Disse tentando parecer convincente.

  Ele fechou ainda mais a cara e continuou quieto. Mal sabia Anahi que ele estava quase a ponto de explodir.

  Era o momento certo para ele abordar sobre o assunto que tanto lhe incomodava, era o momento exato para algumas perguntas que precisavam de resposta. Porém o orgulho o impediu de falar qualquer coisa para a mulher que fugia de seus braços todas as noites durante a madrugada.

— Tenho certeza que sim. - Disse num sussurro que Anahi demorou alguns segundos para entender.

— Está tudo bem? - Ela perguntou de repente o fazendo encará-la novamente... foi a gota d'água. Ele soltou o ar nervoso e com dois goles terminou o café - Alfonso? - Insistiu.

  Antes que fizesse ou falasse alguma besteira, limitou-se a dizer:

— Estou atrasado para uma reunião. - Mentiu pegando a pasta em cima da mesa.

— Eu não perguntei se você está atrasado, eu perguntei se você está bem...

  Ele pareceu não lhe escutar continuando a caminhar até a porta.

  Irritada, ela bateu o pé no chão e largou os braços ao lado do corpo:

— Você vai sair sem me responder? - Perguntou quase gritando.

— Orá Anahi, você faz isso todos os dias - Disse calmo em sua defesa - Se você pode fugir, eu também posso. - Falou antes de sair batendo a porta com força.

  Do que diabos ele estava falando? - Anahi não parava de se perguntar enquanto continuava olhando a porta atônica.

  O barulho de um cantar de pneus chegou aos seus ouvidos, e logo depois o barulho do motor do carro de Alfonso sumiu.

  Ele já havia partido.

  Anahi esfregou a mão nos olhos fechados e as imagens do sonho onde ele era o ator principal lhe invadiram os pensamentos, a levando a um mundo distante por alguns segundos. Abrindo os olhos ela se deparou com o mundo real totalmente diferente.

  Seus olhos correram a cozinha pousando sobre a louça ainda suja da noite anterior, lhe trazendo mais imagens a cabeça, dessa vez imagens reais.

  Estaria Alfonso se referindo ao fato dela fugir de sua cama?

  Não, não - Ela foi logo tratando de dizer a si mesma - Nada de criar ilusões e histórias errôneas. - Se auto advertiu.

  Decidiu que precisava ocupar a cabeça, e então pegou o copo de suco e se direcionou até o pequeno jardim improvisado, começando a tratar de suas mudas que estavam cada vez maiores e mais cheias de vida.

  O passatempo lhe tomou toda a manhã e boa parte da tarde. Quando se jogou no sofá de olhos fechados e com a roupa ainda suja de terra, teve a certeza que nunca na sua vida havia sentido tanta falta do trabalho, e o fato de não ter o que fazer durante todas as tardes já a estava cansando.

  Horas mais tarde, Anahi acordou com as batidas incessantes na porta.

  Precisou de alguns segundos para raciocinar que havia cochilado e quando pulou para fora do sofá e abriu a porta, ainda atordoada, deu de cara com Dulce:

— Você ainda não está pronta? - A ruiva perguntou arregalando os olhos e a olhando dos pés a cabeça. Continuava com a roupa que havia sujado no jardim e os cabelos estavam bagunçados.

— Pronta? - Repetiu confusa.

— Sim, Alfonso não lhe ligou avisando? - Entrou sem ser convidada.

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