Sete dias nunca haviam passado tão depressa na vida de Anahi. Já fazia uma semana que haviam voltado de Toronto, mas para ela mal tinham se passado três dias.
— E você e o Ucker? - Anahi perguntou sentindo o café quente descendo pela sua garganta.
— Estamos brigados desde ontem. - Respondeu de mau humor.
— E qual foi o motivo desta vez? - Riu.
Já havia se acostumado com isso. Eles viviam brigados...
— Ele veio com um papo de querer uma relação mais séria.
— Ainda não entendi... - Admitiu voltando a tomar o café.
— Eu não quero nada sério... com um advogado.
Anahi revirou os olhos e a repreendeu:
— Você e essa sua mania de achar que só porque um advogado te magoou, todos os outros vão fazer o mesmo! Você pensaria da mesma forma se fosse um... carteiro?
— Não sei. Um carteiro nunca me deu um fora - Disse indiferente - E falando em relação séria Dona Any, me diga... Como vai você e o Alfonso?
— Estamos bem - Deu de ombros - Tudo na mesma.
— Sei... - Dulce disse não acreditando - Vai me dizer que vocês transam e depois ficam como dois desconhecidos? Por favor, nem eu consigo fazer isso!
Anahi ficou em silêncio. Afinal, desde que voltaram de viagem ela tinha adotado uma maneira bastante eficaz de não se envolver emocionalmente.
Todas as noites acontecia a mesma coisa. Ele chegava, eles jantavam, e depois ele trabalhava enquanto ela tomava banho e cuidava do restante da louça. E só mais tarde Alfonso vinha ao seu encontro, a beijava com volúpia, a pegando nos braços e transavam como dois loucos. Então, no topo do alto controle, Anahi esperava o mesmo adormecer profundamente e com cuidado ia até o seu quarto para dormir... sozinha.
Ela estava absolutamente decidida que tudo aquilo não passaria de um envolvimento físico. Nada de amor... apenas prazer.
— Está escrito na sua testa que você está apaixonada! - Dulce disse rindo - E você, uma cadela desnaturada, não quer me dizer a verdade.
Anahi riu e lhe mostrou o dedo do meio.
— Eu não estou envolvida emocionalmente. Tudo não passa de prazer.
— Qual é, você está apaixonada... estão juntos a o que? Um mês e meio, e ele já sabe todas as suas manias esquisitas. Você está apaixonada, e algo me diz que ele também.
— Não seja infantil, sua louca.
Dulce riu.
— Você jura que me engana amiga-irmã? - Balançou a cabeça para os lados.
— E você irmã? - Anahi disse desafiadora - Acha mesmo que eu acredito nessa história de “eu não quero nada sério com um advogado”? Fala sério, você está caidinha por ele.
— Não é nada disso. Você é muito criacionista.
— Oh sim, e o fato da escova de dente dele já estar ao lado da sua também é criação minha?
— Deixei que fizesse isso porquê quando ele dorme lá em casa fica mais fácil, nada de mais. O que é uma escova de dente? Todo mundo tem uma escova de dente!
Anahi estava disposta a continuar a discussão, mas o barulho da porta anunciou que já não estavam mais sozinhas.
— Anahi, cheguei - Alfonso gritou - O Ucker está comigo, a Dulce ainda está aqui?
— Estamos aqui na cozinha! - Anahi gritou de volta rindo, enquanto Dulce arrumava seus cabelos freneticamente e apertava as próprias bochechas as deixando vermelhas.
— Olá meninas. - Alfonso disse ao mesmo tempo que Dulce tomava um gole de seu café tranquilamente.
— Olá meninos. Ucker, você não morre tão cedo. Estava agora mesmo falando de você com a Dul. - Anahi disse sentindo o olhar da amiga lhe fuzilar.
Dulce só olhou para Christopher quando ele se sentou ao seu lado na mesa.
— Dul. - Christopher disse sorrindo.
— Christopher. - Falou séria.
Alfonso caminhou até Anahi e lhe deu um beijinho nos lábios:
— Posso saber do que estavam conversando? - Christopher quis saber.
— Estávamos falando de coisas “nada emocionais”, não é Anyzinha? - Dulce disse como uma indireta.
— Já nem me lembro do que estávamos falando, querida - Anahi disse mudando de assunto. Afinal aquele não era um território seguro para aventurar-se - Como foi o dia de vocês?
— Foi difícil e cansativo. - Alfonso respondeu.
Christopher parecia nem ter ouvido nada, estava distraído demais cochichando alguma coisa no ouvido de Dulce que riu com vontade e depois lhe deu um tapa no braço, para logo depois colar seus lábios no dele demoradamente.
— Olha quem fez as pazes! - Anahi zombou, e Alfonso ajudou provocando.
— Ainda bem, não aguentava mais o Christopher resmungando...
Eles riram divertidos, enquanto Dulce e Christopher pareciam definitivamente não escutar nada.
— Vou começar a fazer o jantar, algum pedido especial? - Anahi perguntou, vendo que aqueles dois não se soltariam tão cedo.
— Não se preocupe com o jantar - Christopher garantiu - Nós já estamos de saída. Temos outros planos.
Anahi revirou os olhos rindo. Pelo sorriso malicioso estampado no rosto de ambos, era fácil adivinhar quais eram os planos.
— Vocês são muito pervertidos! - Brincou, fazendo todos rirem.
— Bom, vamos nessa! - Dulce disse levantando e pegando a sua bolsa.
Christopher logo se levantou e a acompanhou em direção a porta, porém antes de sair Dulce fez questão de gritar:
— Ah... e você Senhor Alfonso Herrera Rodríguez, tente não cansar muito a Any esta noite. - Provocou.
Antes que Anahi pudesse dizer alguma coisa, ouviu a gargalhada de Alfonso e Christopher ecoarem. E então Dulce lhe mandou um beijinho cínico e deu uma piscadela em sua direção.
Anahi pode sentir as próprias bochechas queimarem enquanto a porta se fechava.
Aquela cadela idiota…
Não demorou muito até que o barulho do motor dos carros cessassem, sinalizando que a partir de agora eles estavam sozinhos... Eles e o maldito silêncio que era quase palpável.
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Um amor por contrato
RomanceQuando Anahi Portilla enviou seu currículo para a Empresa Herrera, foi somente para deixar de ouvir Dulce lhe dizer "tente". Jamais pensou que pudesse ser realmente convocada para assumir o cargo de secretária pessoal do presidente da empresa. Assim...