— Não mãe, eu estou bem - Mentiu mantendo um sorriso no rosto - Não se preocupe comigo, pense somente na sua recuperação.
— Oh, diabos! - Sua mãe praguejou - Você parece o seu pai, acha que não falando sobre as coisas e agir como se não existissem vai conseguir simplesmente esquece-las.
— Mãe… - Anahi disse junto com um longo suspiro.
— Nada de “mãe” Anahi Giovanna - Disse com aquele olhar de mãe - Escute... - Anahi a interrompeu.
— Veja mãe, hora do remédio. - Ela arregalou os olhos e disse contrariada.
— Sua bruxa!
Anahi apenas sorriu, começando a preparar as medidas certas da medicação.
💠
Os dias passaram voando. O trabalho que Anahi vinha fazendo no campo a tirava da monotonia por algumas horas, mas não a impediu de continuar passando mal. Ela sempre fora assim, não podia passar muito tempo fora que voltava e começava a passar mal, por conta da comida, água e calor do interior. Quando deitava em sua cama, sua cabeça mergulhava num turbilhão de lembranças e recordações que ela mesmo já havia aceitado serem impossíveis de esquecer.
— Giovanna? - Seu pai gritou descendo da caminhonete - Carta para você. - Balançou o envelope no ar.
Limpando as mãos na camiseta velha, ela correu na direção do pai e lhe pegou a carta. Sem se importar com o envelope, ela o rasgou e se sentou debaixo de uma árvore qualquer começando a ler. Dulce contava animada da ecografia e descrevia com detalhes o que a médica havia lhe dito. Dizia que ainda não sabia o sexo da criança e que Christopher e ela estavam cada dia mais felizes. Pela primeira vez, ela não havia escrito nada sobre Alfonso, absolutamente nada... nem ao que se referia ao divórcio.
Anahi suspirou. Afinal, porque ela estava tão desapontada?! Era lógico que Alfonso já havia esquecido dela há muito tempo, talvez estivesse até saindo com Dana. Não importava, o problema não era dela. Ela estava exatamente onde queria estar... na sua casa.
Guardou a carta no bolso de trás das calças jeans sujas, e foi em direção a casa. Mais tarde responderia...
Assim que entrou em casa pôde ouvir o telefone tocando, correu para junto do aparelho e atendeu com a voz mais limpa que pôde:
— Alô?
A única resposta que teve foi o silêncio do outro lado da linha.
— Alô? Alguém ai? - Perguntou suspirando.
Era impressão dela ou uma respiração podia ser ouvida ao fundo?
— Quem fala? - silêncio - Desculpe, vou desligar se não responder. - Avisou, e de nada adiantou. Quem quer que estivesse do outro lado da linha continuou quieto.
— Tudo bem ai, menina? - Seu pai perguntou entrando em casa.
— Sim papai, tudo em ordem - Disse colocando o telefone no gancho - Algum engraçadinho passando trote.
— Más noticias da cidade na carta? - Perguntou tirando o chapéu.
— Não, tudo indo bem por lá.
— Quando você vai voltar para lá? - Ele quis saber mordendo um pedaço de palha.
— Acho que não volto para lá papai. Talvez, tento conseguir o meu antigo emprego.
Seu pai apenas assentiu quieto, ainda com a palha na boca.
— Olha menina, não sei o que foi que aconteceu lá, mas se precisar sabe que pode contar com esse velho, não sabe? - Disse batendo no próprio peito.
— Sei sim - Sorriu - Obrigada papai.
— Não me agradeça... na verdade estou aqui meio que por interesse. - Sorriu.
— Ah, é? - Respondeu se fazendo de ofendida - E o que está a ponto de me pedir desta vez?
— Sabe o velho caminhão de carga? - Anahi fez uma careta já sabendo o que vinha pela frente - Acho que vai ter que dar uma olhada no motor. Só você entende o motor daquela joça.
Anahi riu vendo o pai contrariado:
— Tudo bem. Amanhã darei uma boa olhada, agora preciso ir dar uma olhada na mamãe.
— Giovanna? - Ele a chamou, quando ela já estava indo na direção do quarto - Obrigado pela cirurgia dela - Ela sabia de quem ele estava falando - Foi bem cara e eu não conseguiria pagar sozinho.
Anahi apenas sorriu e continuou andando sentindo o coração pesado.
Agradeça a Alfonso - Ela teve vontade de responder para o pai - Foi ele quem pagou por tudo.
Alfonso...
Permitindo-se pensar nele, ela fechou os olhos por alguns segundos e conseguiu vê-lo nitidamente, como se os dias nada tivessem levado das lembranças. O que ele estaria fazendo agora?
Ela abriu os olhos com raiva de si mesma. Tinha que parar com aquilo imediatamente, tinha que continuar vivendo sua vida como sempre fora, sem o Alfonso por perto. Ele já não mais fazia parte de sua vida... Não mais.
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Um amor por contrato
RomanceQuando Anahi Portilla enviou seu currículo para a Empresa Herrera, foi somente para deixar de ouvir Dulce lhe dizer "tente". Jamais pensou que pudesse ser realmente convocada para assumir o cargo de secretária pessoal do presidente da empresa. Assim...