Quando é para ser...

Capítulo 01

Acordei e não recomendo.
São 05:30 da manhã de mais uma quinta-feira e eu tô morto. Outra noite sem dormir praticamente nada.

Olho ao meu lado na cama e logo o sorriso bobo toma conta do meu rosto. O sono e o cansaço passam em um segundo.

Como é possível amar tanto assim alguém?

Juro que tinha imaginado que seria um amor enorme, mas não estava preparado para a forma avassaladora que tomou conta do meu peito e de todo o meu ser quando os nossos olhos se encontraram pela primeira vez.

Mas como um serzinho tão pequeno ocupa tanto espaço, hein?
Acabo rindo quando percebo como estamos na cama, principalmente porque eu tô aqui na ponta, quase caindo.

Olho seu sono tranquilo e começo a lembrar de tudo que aconteceu em minha vida nesses últimos anos.

Posso dizer que me arrependi de muita coisa, principalmente quando penso em tudo o que aconteceu nos meses logo após a saída do BBB.
Ainda hoje me machuca e dói. Mas agora entendo que foi necessário para estar assim, com o amor da minha vida dormindo tão tranquilo ao meu lado.

Olho o relógio ao lado da cama e percebo que fiquei tempo demais perdido nos meus pensamentos e lembranças. Isso sempre acontece esse horário e eu nunca percebo. E já me conformei que vai ser assim até o fim dos meus dias.

Já são 06:40.
Vou acabar me atrasando mais uma vez.

Ainda bem que todos na minha equipe são tão compreensivos com a minha atual condição.

Levanto da cama com cuidado para não atrapalhar seu sono e vou tomar meu banho.
Sinto todo o corpo dolorido enquanto a água escorre. Não vou aguentar outra noite sem dormir, nem meu corpo, nem minha mente e, nem meu coração aguentam.

Termino o banho, me arrumo no piloto automático, separo tudo o que vamos precisar para hoje e sigo para a cozinha, deixando as mochilas já prontas na sala. Preparo tudo para o café da manhã e retorno ao quarto para só agora acordar essa preguicinha:

- Ei, meu amor... - falo enchendo seu rosto e pescoço de beijinhos - Tá na hora de acordar!

- Não quero! - me responde com a voz mais manhosa possível.

Fico com pena, principalmente depois da noite mal dormida por causa da febre. Coloco a mão em sua testa para sentir a temperatura e ainda está febril.
Insisto mais uma vez:

- Você precisa acordar, amor. Já está quase na hora de sair.

Continuo acariciando seu cabelo e escuto quando fala:

- Cê vai ficar comigo o dia todo?

Me dói o coração o que tenho que responder, mas hoje realmente não posso ficar:

- Hoje eu não posso ficar, amor. Temos que ir logo! Trouxe seu suco preferido. Você quer?

Quando vejo aqueles olhos me encarando, sinto a mesma sensação da primeira vez e meu coração parece que vai explodir. Pego o copo e entrego em suas mãos:

- Já arrumei sua mochila, separei a roupa que você tinha me pedido ontem e tá tudo pronto, só te esperando beber o suco e tomar banho. Ok?

- Ok, papai!

Olho para o meu menino com o coração apertado.
Não suporto ter que me afastar dele quando fica assim meio doentinho.

Sei que é só uma gripe sem maiores complicações, mas a febre da última noite quase me enlouqueceu.

Por sorte depois do banho e remédio, consegui controlar a temperatura e o fazer dormir no meu peito. Mas acho que acordei de hora em hora para verificar como ele estava.