Quando é para ser...

Capítulo 05

Pocah

Vejo o quanto a Carlinha ficou impactada com a história do Lucca.

Só não consegui dizer se foi apenas o instinto materno se rebelando contra o projeto de mãe, ou o carisma que o Lucca tem, que apaixona todos.

Mas pode ser ainda pelo Arthur e a história deles. Afinal, nenhum dos dois nunca colocou um ponto final definitivo e nem superaram completamente.

Dois bobões, só perdendo tempo.

Vendo como a Carla está mexida, procuro mudar de assunto, e saber os detalhes do que aconteceu e está acontecendo na vida dela nos últimos tempos. Apesar de sempre nos falarmos, pessoalmente é sempre diferente.

— Mas me conta, amiga! Essa sua volta já é definitiva, né?

— Praticamente, Poquita... A série no México já foi finalizada mesmo. Nós já deixamos gravada a última temporada completa. Amanhã eu tô indo para São Paulo, para uma reunião sobre os próximos projetos, sendo que esses são inicialmente aqui no Brasil. Devo ficar nessa eterna ponte aérea entre RJ e SP por tempo indeterminado. 

— Ai que maravilha, amiga! Muito feliz por você! A série realmente foi incrível, mas eu já não aguentava mais de saudade...

— Eu também, Pocah. Mas esse tempo no México foi muito bom pra mim.

— Profissionalmente falando? Ou temos outros motivos, Carla Diaz? Algum mexicano conseguiu abalar as estruturas da atriz brasileira?

Ela acaba rindo das caras e bocas que faço, antes de me responder:

— Não, amiga. Nada de "abalar as estruturas".

— Mas aquelas notícias sobre você e o tal Gonzalo Garcia, hein amiga? Vocês trabalharam esse tempo todo, juntos, uma química daquelas que a gente sentia o calor do outro lado da tela e vem me dizer que nada rolou? Conta outra, Carla Diaz!!

— Amiga... Assim né... Nada, nada, eu não posso dizer — e sorri um pouco sem jeito — Não vou mentir pra você. A gente se envolveu por um tempo, sim. Logo no começo da série.

Ela para um pouco, como se estivesse lembrando, antes de continuar:

— O Gonzalo foi maravilhoso comigo. No começo foi só uma amizade muito divertida. Ele em levou para conhecer a cidade, me enturmou com a equipe e o restante do elenco. E em algum momento, durante as gravações, pintou um clima e nós acabamos ficando juntos por um tempo. Nunca definimos status nem nada. E do mesmo jeito como começou de repente, também terminou de repente.

Fiquei calada, dando o tempo dela para contar:

— A companhia era maravilhosa! Como você falou, a química também era incrível. Mas não foi nem uma paixãozinha, amiga. A gente se gostava, se respeitava, adorávamos passar o tempo juntos, só curtindo o que estava rolando. Mas os dois tinham plena consciência que aquilo não tinha futuro.

— Mas vocês nem tentaram? — perguntei, achando estranho um lance tão legal e nenhum dos dois querendo investir.

Vejo ela engolir em seco:

— Assim, amiga... Ele já tinha tempo certo para ir embora para Los Angeles. Um projeto grande que já estava agendado. E eu... eu...

Ela não consegue terminar de falar.

Respira fundo e olha o Lucca brincando com a Toya. Vejo um pequeno sorriso e ela volta a me encarar, mas ainda continua calada.

— Eu entendi, Cá! Não precisa falar mais nada. — resolvo não insistir, pois vejo que ela realmente está sensível. Para mim, ficou bastante claro o motivo.