E se eu não for?

E se eu me apaixonei pelo Assassino?

    Estou em um parque barulhento, cheio de crianças correndo em todas as direções, seria muito divertido, se eu não tivesse tanto medo de se quer olhar para cima. Na verdade em toda a minha vida essa é a primeira vez que piso em um parque de diversões, já vi alguns em filmes ou até mesmo no bairro que eu morava, mas nunca entrei em um, fora uma leve tremedeira nas pernas, o medo de ser arrastada para uma roda gigante, sobre esse ser meu pesadelos,  digamos que eu estou bem ou tento parecer.

   Estou segurando a mão de Yasmim agora, ela está fantasiada de fada, até máscara tem, já Heitor está muito gostoso em uma calça justa, camisa polo, tênis, Ah! e claro seus acessórios, boné e óculos escuros, vocês sabem aquele lance de invisível, nem se ele quisesse iria passar despercebido, Oh! Homem lindo, sorriu, eles levam a sério esse lance, Heitor queria me deixar fantasiada também, mas aí já é de mais, por isso estou apenas com um óculos escuro. Agora Heitor não tira os olhos de mim e como um predador tenho certeza que ele sente o cheiro do meu medo, mas finjo não ligar.

Yasmim- Papai vamos no trenzinho!- Yasmim grita animada, mal acabei de chegar e parece que estou vivendo meu pior pesadelo, tento não olhar para cima.

Heitor- vamos sim querida- Ele me olha para que eu concorde, olho para o brinquedo ele é bem infantil e o melhor é em solo, acho que não terei problema, mas estou nervosa - você vem não é Amanda?- respiro fundo olho para ela e forço um sorriso.

Amanda- tudo bem! eu vou- Heitor pega Yasmim no colo e se movimenta agora em torno de mim, chega perto o suficiente e sussurra em meu ouvido.

Heitor- Nada irá acontecer eu prometo- eu concordo com a cabeça.

Amanda- Desculpa, eu nunca estive em um parque antes- confesso, Heitor me olha assustado.

Heitor- Nunca? nem quando criança?-

Amanda-  Sempre tive medo de altura, desde que eu me lembre da minha existência- Ele me encara.

Yasmim- vamos papai! Vamos- Yasmim está empolgada com o trenzinho, só então Heitor para de me olhar.

Heitor- Vamos querida!- Heitor me surpreende e segura minha mão - eu não vou te soltar- eu entendi, sorri e não podia negar, pois aquele gesto, me deu toda a segurança que eu precisava, concordo com a Yasmim saímos juntos.

Entramos no brinquedo e minhas mãos começaram a soar e tremer, Heitor coloca Yasmim no meio mesmo assim consegue segurar minha mão, claro que ele percebeu meu nervosismo, até por que além de toda a tremedeira e suor estou apartando sua mão, não para machucá-lo e sim para me sentir segura.

Heitor- não se preocupe, não demora e logo vai acabar- assim que o brinquedo começa a se mover eu fico ainda mais tensa, mas com o passar do tempo, tudo melhora e eu me sinto mais segura, Heitor começou a cariciar minha mão e isso ajudou a me tranquilizar e eu me sentia tão bem.  Heitor cumpriu o que e prometeu,  sempre me perguntava se eu estava bem, mesmo nervosa consegui me divertir nos brinquedos, Yasmim não parava de gritar e bater palmas, Heitor parecia feliz em ver a filha tendo uma vida normal, para uma criança da sua idade. Uma hora é meia depois já tínhamos ido no trenzinho, piscina de bolinha, no carrinho bate bate, carrossel, xicara maluca e por mim já podíamos ir embora, Me divertir, mas ainda tinha medo, no entanto Yasmim viu um brinquedo que evitei todo o dia olhar, a roda gigante.

Yasmim- Papai lá- Ela apontou para roda gigante - Bora tia Manda- eu paralisei, não consigo me mover, eu entrei em pânico e a vontade de chorar era enorme, Heitor percebe e me abraçou tentando me tirar dali.

Heitor- vamos comer alguma coisa querida- Yasmim sorriu.

Yasmim- Eu quero algodão doce-

Heitor- Claro que quer- Heitor beijou minha cabeça eu já estava mais calma. - E você Amanda?-

Amanda- Crepe- ele concorda, vamos lá, Heitor me soltou dos seus braços e segurou minha mão.

Yasmim- Papai gosta de tia Manda!- fiquei surpresa com Yasmim, Ok! óbvio que ela notou, ele passou o dia de mãos dadas comigo e agora a pouco me abraçou e beijou minha cabeça, claro que ele só queria me acalmar, mas pareciamos um casal.

Heitor- É filha papai gosta de tia Amanda- olhei chocada para ele e meu coração vacilou, naquele momento eu queria muito que fosse verdade, só então eu percebi o que aconteceu, fiquei furiosa comigo mesma, pois eu não posso me apaixonar pelo assassino.

Amanda- Vamos!- Só digo, solto a mão de Heitor e caminho nem sei para onde, que merda, como eu fui idiota e deixei ele chegar tão perto?

   Heitor me segue com Yasmim no colo e não diz uma palavra, todo o caminho eu me repreendi por sentir algo por Heitor, me proíbo de sentir qualquer coisa por ele, exceto gratidão, por sorte eu acho a praça de alimentação, me sentei em uma cadeira com Yasmim, enquanto Heitor sai para pegar comida, Yasmim fala nos brinquedos que quer ir e parece tão feliz. Quando ele retorna está com vários alimentos, 3 churrasquinho, 3 crepe, 3 algodão doce, 3 pipocas e balas, comemos em silêncio, exceto Yasmim que falava sem parar. Assim que comermos Heitor conseguiu convencer Yasmim a ir no pula pula, lhe ajudou a entra e ficamos os dois de fora, olhando ela, eu sabia que ele estava chateado comigo, mas foi só ele se posicionar ao meu lado para soltar seu rancor.

Heitor- Eu não sabia que dizer que gostava de você era uma ofensa!- diz sem me olhar, respiro fundo.

Amanda- Não me ofendeu, só não quero que Yasmim confunda nada- ele se virou para mim e me encarou.

Heitor- Yasmim é uma criança inocente, a única pessoa que teria maldade era você- ele está zangado comigo, eu não sei o que fazer, eu estou me sentindo algo por Heitor e estou com medo de sentir isso novamente, passei 14 anos com Miguel e olha no que deu, achei que seria para sempre e hoje é só uma dor de cabeça, ele quer me matar.

Amanda- Heitor!- respiro fundo, mas prefiro não dizer mais nada.

Heitor- Eu já entendi- ele se afasta e fica de olho em Yasmim, que merda estava tudo tão bem, ele me ajudou a acalmar, foi carinhoso e eu estou me sentindo uma idiota, mas eu não posso me apaixonar por ele, ele é  lindo, protetor, família, um cara perfeito se não fosse assassino, merda tenho que deixar esse pensamento idiota de lado e só retribuir, me aproximo de Heitor e seguro sua mão, da mesma forma que ele segurou a minha, ele não se afasta e eu encosto minha cabeça em seu ombro.

Amanda- Desculpa, é complicado, hoje estou enfrentado os meus medos, mas descobrindo outros- eu não posso me apaixonar por ele, respiro fundo e continuamos olhando para Yasmim em silêncio.

  Não demorou muito e Yasmim estava cansada, sonolenta, assim que entro no carro e foi para a cadeirinha ela adormeceu, o carro está em silêncio e isso está chato, tenho que falar com Heitor, ele parece pensativo enquanto dirige.

Amanda- Obrigada! você me ajudou muito lá, obrigada! principalmente por não querer me levar a todo custo para a roda gigante-

Heitor- Eu nunca faria isso, todos temos nossos medos-

Amanda- Uma vez Miguel quis me levar a todo custo no décimo andar do shopping, ele me pegou a força, tentou me por no elevador, mas o guardo do shopping interviu, foi uma confusão e eu só chorava, ele não queria entender, disse que era só besteira minha esse medo de altura- vejo suas mãos no volante ser apertarem.

Heitor- Eu deveria ter o matado- eu tento acalmá-lo.

Amanda- Por favor não?-

Heitor- Você ainda gosta dele?-

Amanda- Não, a única coisa que sinto é arrependimento de ter perdido tanto tempo, talvez um pouco de vergonha por ter sido estúpida e não ter visto tantas traições-

Heitor- Só um idiota egocêntrico que não respeita sua mulher a atrai- sorriu.

Amanda- Você nunca traiu Clara?- olho para ele.

Heitor- Se eu a escolhi, se tenho respeito, se a amo, não tem por que trair- concordo, um assassino, mas é fiel, fico em silêncio por algum tempo e acabo adormecendo assim como Yasmim.