Capítulo 48

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      Pov América.

   Não sei como se desenrolou a situação com a morte do Clarkson, mas quando a ambulância saia eu vi a polícia de Berna chegando até o local.

   No hospital, Maxon foi atendido na emergência e depois foi levado diretamente para a sala de cirurgia.

    Lucy, Celeste, Aspen, Marlee e Carter, chegaram no hospital meia hora depois que o Maxon deu entrada no pronto socorro.

   --Ele realmente morreu? -perguntei para eles

   --Sim. -Lucy respondeu.- Vamos ter que dar depoimentos depois, mas agora o Maxon é a prioridade. Como ele está?

   --Não sei. -eu respondi, me sentando em uma das cadeiras.- A última informação que tive foi que ele está em cirurgia. Isso faz uns vinte minutos mais ou menos.

   --Meri tudo vai dar certo. -Marlee veio me acalmar e se sentou ao meu lado.- Ele vai ficar bem.

   --E se não ficar? -falei, chorando.- Não posso perde-lo. Não de novo.

   --Você não vai. -Lucy se sentou ao meu outro lado.

    --E como pode ter tanta certeza? -eu perguntei para ela.

    --Por que ele te ama, só por isso. -ela respondeu.- Mesmo estando longe de você durante todos esses cinco anos ele nunca parou de lutar por você e fez isso dia após dia. Maxon não vai desistir agora.

    --Você acha? -eu perguntei, não queria criar esperança falsas.

   --Absoluta. -Aspen se ajoelhou na minha frente.- Vocês dois são guerreiros do amor e vão lutar até ficarem juntos.

    --Gostei do que disse. -Lucy falou dando um beijo nele.

    --Vocês formam um casal muito lindo. -Celeste disse, atrás do Aspen.- Mas, por favor, se assumam agora, pois eu não aguento mais ouvir as reclamações de saudade do Aspen.

   Todos caíram na gargalhada sobre o comentário dela e nem percebemos quando o médico apareceu.

    --América Singer? -o médico me chamou.

    --Sou eu. -levantei na hora.- Como ele está?

    --Ele vai sobreviver. -ele disse.- Retiramos a bala e ele não terá sequelas. Agora, Maxon está dormindo, se quiser vê-lo posso autorizar uma pessoa de cada vez.

    --A América pode ir primeiro. -Carter disse.

    --Tudo bem, mas antes preciso falar algo em particular com a senhorita. -o médico me disse.- Me acompanhe.

     Eu segui ele para dentro da área de emergência com o médico e fomos até o quarto na UTI onde o Maxon estava, fiquei olhando ele através do vidro.

   --O que o senhor gostaria de falar comigo? -perguntei para ele.- Aconteceu alguma coisa que não queria contar na frente dos outros?

   --Não aconteceu nada de grave, mas achei melhor te perguntar uma coisa longe dos seus amigos, pois pode ser um segredo. -ele respondeu.

   --Então pode perguntar, o que aconteceu? -eu disse, olhando para ele séria.

   --Durante a cirurgia percebemos umas cicatrizes nas costas do Maxon. Parecia que ele tinha sido agredido por chicotes. -ele fez uma cara de espanto ao dizer essas palavras.- A senhorita por acaso sabe de alguma coisa?

     Sim, eu sabia e também sabia que a decisão de não perguntar isso na frente dos outros foi uma ótima ideia. Mas para o médico eu não poderia mentir.

    --O pai dele batia nele quando era crianças e até mesmo na adolescência. -eu respondi e espero que o Maxon não me mate por isso.- Mas, ele não quer que ninguém saiba.

    --Não contarei a ninguém, nem a minha equipe. -ele respondeu, sorrindo.- Obrigado por me contar. Agora se quiser entrar para vê-lo fique a vontade.

   Eu entrei no quarto do Maxon e vê-lo naquele estado acabou comigo, pois não consigo parar de pensar que a culpa é minha.

    Peguei um cadeira e coloquei ao lado da cama dele. Depois, com muito cuidado peguei sua mão e comecei a massagea-la.

    --Eu sinto muito que você tenha se ferido. -eu disse chorando.- Isso tudo é minha culpa. Teria sido muito melhor se eu jamais tivesse recuperado as minhas memórias, não estaríamos nessa situação.

   --Nunca. Mais. Repita. Uma. Coisa dessas. Para mim. -Maxon disse através da máscara de oxigênio e com uma certa dificuldade.- Eu não suportaria saber que você jamais se lembraria de mim.

   --Mas... -eu tentei argumentar.

   --Não existe um mas. -ele disse.- Não me arrependo de nenhuma das minhas decisões, inclusive a de amar você, não importa o que aconteça.

   --Eu também amo você, Maxon Schreave. -eu disse.- Eu nunca deixei de te amar.

   Então me levantei, baixei a máscara e deu um beijo apaixonado nele. Um beijo bem demorado, até que ele ficou sem ar e recoloquei a máscara.

   --Meu pai? -ele perguntou e pude ver a triste em seu olhar.

   --Sinto muito, mas ele morreu. -falei para ele.- Seu pai não era um homem bom, mas não merecia ter tido um final assim.

    --Sei que vai parecer frio o que vou dizer. -ele se mexeu na cama, como se tentasse sentar, então o ajudei.- Mas ele teve o destino que procurou. Fico triste por ele, afinal era meu pai, porém me sinto aliviado também. Não ter mais que viver sobre as regras dele e com medo dele é uma grande paz em meio a tanto caos.

   --Eu te entendo, ele fez da nossa vida um inferno. -eu concordei.- Então é compreensível que você se sinta assim, pois eu também me sinto.

   --Como senti falta desses seus conselhos que sempre me trouxeram paz.

    --Também senti falta da sua alegria e inteligência. -falei olhando para ele e então me lembrei de algo. -Você quer que eu ligue para a sua mãe? Para contar o que aconteceu?

   --Ela provavelmente já sabe, deve ter dado em todos os jornais do mundo. -Maxon respondeu.- Mas quero que você ligue sim e informe a ela que estou bem.

   --Será um grande prazer. -disse sorrindo.- Você quer que eu saia? Está parecendo cansado.

   --Na verdade, quero que você fique, pelo menos até que eu adormeça.

   --Se é o que você quer, eu ficarei.

   Maxon foi para o canto da cama e eu me deitei ao seu lado. No começo fiz cafuné em seus cabelo loiros, mas depois acabei adormecendo ao lado dele.

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