A preparação seguiu a todo vapor pela tarde e noite. No dia seguinte, chegava o momento de guardar forças para mais uma noite na Arena Esparta. Quase nove da noite e todos os Gladiadores estavam na casa noturna, esperando o momento da abertura. Alguns se preparando, outros apenas esperando tranquilamente.
Sem muito o que fazer, enquanto o som ambiente estava sendo ajustado, Billy caminhou pelo salão até chegar em um conjunto de mesas mais afastado do palco. Já com o corpo seminu e usando o traje de Gladiador, procurou um lugar pra se sentar. E encontrou Jorgito sentado em uma das mesas.
— Posso me sentar? — Perguntou singelamente.
O argentino não falou nada, apenas balançou levemente a cabeça, quase estático. Pareceu não se importar. Jorgito estava sentado, também com a farda de Gladiador. Quieto e com o semblante rígido de sempre, olhando para o nada. Sua postura mais recolhida, com os antebraços apoiados nas coxas, comprimia seu peitoral, deixando-os mais em evidência.
Feitosa não se importou com a eterna introversão do colega. Na verdade, seu semblante também não estava dos melhores. Visivelmente preocupado, aparentava estar um tanto inquieto coçando as próprias mãos. Levantava a cabeça, depois abaixava. Como se tivesse aflito com algo fora da Arena e quisesse sair logo dali por isso.
Isso não passou despercebido a Yuri, que passava pelo salão para tomar conta do bar. Assim que avistou o amigo, cortou o caminho, para falar com ele.
— Ô Billy, tava te procurando. Tá tudo bem aí? — Perguntou após se aproximar do rapaz citado.
— Tô... é... quer dizer... Só queria um tempo pra respirar. — Tentou disfarçar.
— Já vi. Tem alguma coisa te deixando preocupado. Tem a ver com teu filho?
— Não tem como ser diferente, certo?
Então, Yuri sentou na única cadeira livre daquela mesa, para poder conversar com Billy e entender melhor o dilema dele.
— Quando aceitei esse trabalho, eu sabia que eu teria que passar noites inteiras longe dele. Só que... o lugar onde moro não é nem de longe o lugar mais seguro de Sampa. Daí eu fico com esse aperto, porque ele só tem a mim.
— Mas você não tem ninguém com quem deixar.
— Eu deixo com a vizinha, que é um amor de pessoa. Só que eu não queria ficar abusando dela e nem deixando pros outros uma responsabilidade que é minha.
Essa preocupação vinha de muito tempo. Billy sentia-se frustrado por não poder cuidar de seu filho como deveria. O garoto ainda era pequeno e precisava de cuidado integral. Mas ele precisava se ausentar para trabalhar e poder sustentá-lo. Após alguns segundos calado, Yuri lembrou de algo.
— Olha... eu fiquei sabendo que tem uma creche noturna que não fica muito longe daqui.
— Sério? Aposto que é pago.
— É sim. Mas agora você tá numa condição melhor, dá pra você pagar.
— Mesmo assim. Sabe que eu não moro aqui no centro. Imagina o trabalho que vai ser pra levar e trazer o Alexandre.
— Então por que cê não se muda?
— Mudar pra onde?
— Pra República mesmo.
— Ah, mas o aluguel deve ser uma fortuna.
— Depende. Eu posso falar do prédio onde eu moro com o Caique, que tá sempre com algum apartamento vago. Não é um lugar barato, mas em comparação aos outros, é o que é mais em conta. E dá pra você ficar com seu filho, tranquilo. Pensa nisso.
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Arena Esparta: Além da Noite (Livro I)
RomanceDe noite eles mandam, de dia eles sobrevivem. Mais que um strip-club, a Arena Esparta é uma verdadeira arena do prazer. Um paraíso noturno em plena São Paulo. Quando as portas abrem, tudo pode acontecer. Os rapazes, ou melhor, Gladiadores, estimula...