QUATRO ANOS ATRÁS
De nada adiantava insistir, espernear, ou tentar qualquer argumento. A proprietária do albergue estava decidida. Por mais que Tito dissesse a verdade, repetidas vezes na frente do balcão da recepção, a mulher deu de ombros para os seus lamentos. Ele não ficaria mais hospedado naquele lugar.
Foi um choque quando foi pegar a diária naquela noite e descobriu que não tinha mais nenhum centavo. Todo o dinheiro que tinha guardado simplesmente sumiu. Ele foi roubado e sabia disso, mas não quem foi. A proprietária, assim que soube que o garoto não tinha nada, foi enfática ao dizer que ele não ficaria mais lá, se não pudesse pagar.
— Eu tô falando, eu tava com o dinheiro direitinho. Mas pegaram sem eu perceber. Por favor, acredita em mim. — Tito implorou.
— Os hóspedes são os únicos responsáveis pelos próprios pertences. A regra é clara. — Respondeu a mulher, indiferente, atrás do balcão — Se não tem dinheiro, não pode mais ficar aqui. Sinto muito.
— Olha, eu prometo que eu dou um jeito de recuperar esse dinheiro. Só me dá uma chance, não tenho onde ficar.
— Se continuar me importunando, vou ter que chamar a polícia. Por favor, vá embora.
Tito não quis mais insistir, estava chateado demais. Cabisbaixo, deixou o albergue do jeito que entrou pela primeira vez: de mochila nas costas. Havia acabado de anoitecer e o fluxo das ruas era forte, por todos os lados. O rapaz seguiu por um caminho qualquer, pois não sabia para onde ir.
Mesmo fazendo alguns dias que ele estava na cidade grande, ele não conhecia absolutamente nada além de alguma rua ou outra por onde percorreu para procurar emprego. E principalmente, não conhecia nenhum lugar onde pudesse ficar, ou se hospedar. Procurar um teto para dormir ficou difícil.
Andando pela calçada cabisbaixo, estava tão desanimado com o que aconteceu, que demorou alguns minutos para se lembrar que tinha um contato caso precisasse. Quando lembrou, deu um jeito de tirar de sua mochila, um papel dobrado. Onde estava escrito o número do celular de Yuri, que ele anotou quando se conheceram.
Assim que segurou o papel, andou depressa em busca de um orelhão. Uma vez que não tinha celular, restou apenas usar um telefone público. Não foi uma tarefa fácil, a cidade era imensa e não havia um por perto. Reflexo dos novos tempos, ninguém mais precisava. Mesmo assim, Santana insistiu. Até perguntou a algumas pessoas por perto onde achar.
Andou bastante até finalmente encontrar um orelhão. Que estava em uma rua larga sem movimento, cercada por estabelecimentos fechados e uns pouquíssimos edifícios. Foi correndo até o telefone, onde discou os números que viu no papel, com certa pressa. Obviamente, ligou a cobrar. Não tinha outro jeito.
Por alguns segundos, o fone ficou mudo. Tito até achou que estava quebrado, afinal, sua aparência não era das melhores. Até que, para sua surpresa, escutou uma mensagem dizendo que o número não existia.
O garoto estranhou. Mesmo assim, discou novamente, achando que tinha ligado para o número errado. E novamente, a mesma mensagem. Em seguida, tentou ligar pela terceira vez. Discando com mais calma, olhando número por número que estava no papel, mesmo com a escrita torta. E mais uma vez: "esse número de telefone não existe".
Tito ficou desapontado, por não conseguir entrar em contato com Yuri. Era a única pessoa que conhecia em São Paulo, e ele simplesmente desapareceu. Quando pensava no que podia ter acontecido, a situação só piorava. Imaginava que o homem tinha passado o número errado. Ou, que simplesmente fez isso de propósito para lhe sacanear.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Arena Esparta: Além da Noite (Livro I)
RomansaDe noite eles mandam, de dia eles sobrevivem. Mais que um strip-club, a Arena Esparta é uma verdadeira arena do prazer. Um paraíso noturno em plena São Paulo. Quando as portas abrem, tudo pode acontecer. Os rapazes, ou melhor, Gladiadores, estimula...