Fluorescente

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Ser o primeiro a chegar à Arena Esparta, por mais que não parecesse, tinha suas vantagens. Quando Yuri chegou à casa noturna, para acender as luzes do local e iniciar os trabalhos, estava sozinho.

Ainda vestido, sentado no banco do vestiário, mirava seu celular em seu rosto. Estava fazendo uma chamada de vídeo com sua advogada, a Drª. Leila Renovato. Depois do tocante encontro com Tito, não hesitou em procurar a profissional para esclarecer algumas questões antes de pensar em fazer qualquer coisa.

Sabendo que o processo de Tito ainda corria na justiça, Yuri quis se informar mais sobre assuntos jurídicos e penais na expectativa de conseguir alguma coisa que possa amenizar a sua situação. Acreditando que uma condenação muito pesada pode destruir qualquer chance que o rapaz pudesse ter para se regenerar.

Por esta razão, quis falar em particular com a doutora, sem nenhum de seus amigos por perto. Pois estes, ao saberem de suas movimentações, iriam lhe importunar com críticas.

— E então, doutora? Qual a situação dele?

Olha, pelo que pude analisar, a situação deste Tito é complicadíssima. As chances dele pegar alguma pena alternativa é quase nula. — Respondeu durante a chamada em vídeo.

— É tão ruim assim?

A ficha criminal desse rapaz é muito longa, cheia de delitos de agressão e dano ao patrimônio público. E se for considerar que o grupo dele é um dos mais perigosos da cidade, a situação só piora.

— Ele não faz mais parte do Lança-Chamas. Foi expulso.

Mas fez parte, participou de todos os ataques. O juiz pode considerá-lo uma pessoa de alta periculosidade, que não pode viver em sociedade. E pode pegar até dez anos de detenção.

Yuri ficou frustrado, mas esperava por esse tipo de resposta. A advogada, finalizou:

Fora outros fatores que complicam. Pelo que você falou, ele não tem residência fixa, não tem emprego, é dependente químico.

Aborrecido, Guará lamentou mentalmente por Tito. Mesmo que o ex-marginal estivesse causado essa situação. E o Gladiador ainda acreditava que pudesse existir algum jeito para lhe auxiliar.

— Mas... e aí? O que que dá pra fazer pra ficar menos pior, então?

Ele poderia assumir a autoria do incêndio. Isso, talvez, possa diminuir um pouco da pena. E depois de um tempo ter a pena reduzida um pouco mais por bom comportamento, ou sair em condicional. Mas não é garantia de que possa acontecer.

O homem ficou pensativo. Ele não entendia nada de "uridiquês", mas tinha noção do que era ser preso. Afinal, já foi detido algumas vezes, mas nunca foi condenado a penas longas. Seu receio era que Tito voltasse da prisão pior do que antes ou literalmente não sobreviver. Ainda mais que estava realmente sozinho. Então, imaginou algo que poderia dar certo.

— E se ele der com a língua nos dentes sobre os Lança-Chamas?

— Desculpe, eu não entendi.

— Quis dizer... Se ele expor eles. Foram eles que tiveram a ideia de tacar fogo na Arena. Se o Tito foi só um peão nesse plano, ele pode revelar todos os responsáveis.

Pode ser uma boa ideia. Mas ainda é pouco. Ele teria que contribuir, de alguma forma, para desmantelar esse grupo. Expondo todos os atos, quem financia, para que todos os envolvidos sejam presos.

— Então ele teria que denunciar todos os Lança-Chamas? Tipo uma delação premiada?

É por aí. Se ele contribuir com a justiça, é mais fácil da sentença ser mais leve.

Arena Esparta: Além da Noite (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora