QUATRO ANOS ATRÁS
Após descer de um caminhão, em uma esquina qualquer de São Paulo, Tito foi andando sem rumo certo. Fez pouco tempo que anoiteceu, talvez fosse dezenove horas. Não fazia a menor ideia para que direção ir, onde seguir para encontrar um lugar para se alimentar e se abrigar. Mas não se importou muito.
O garoto ficou olhando mais para os lados do que para a frente. Passando pelo centro da cidade, encantou-se rapidamente com tudo o que viu ao redor. As ruas, os imóveis, os estabelecimentos movimentados, as pessoas de vários estilos. Tudo era inédito para ele, que nunca saiu do interior e que, até então, só tinha visto a metrópole na televisão.
Eram tantos os bares e restaurantes por perto, que nem sabia onde entrar. Mas mesmo se quisesse, não poderia. Sabia que, muito provavelmente, o dinheiro que tinha não daria para pagar nada naqueles lugares. Então, continuou andando. Olhando para a longa fileira de prédios altos a perder de vista.
Até que, em uma avenida mais larga, conseguiu encontrar um furgão vendendo lanches. Os preços não eram lá muito baratos, mas foi o lugar mais acessível, dentro do que tinha. Vestido com uma camisa azul claro, desabotoada, pois havia trocado de roupa antes, e com uma camiseta branca por baixo. Além disso, carregava sua pesada mochila nas costas.
Seu visual de garoto da roça foi amenizado com as vestes mais discretas — uma camisa azul claro — e com a grossa mochila que carregava nas costas. Mesmo assim, dava para se perceber de longe que ele não era dali. Por isso, após se alimentar com o pequeno lanche e voltar a caminhar sem rumo pelas ruas, uma dupla de rapazes suspeitos o avistou. Estranhando o forasteiro, rapidamente seguiram ele até cercá-lo.
— Ei, cara! Tá perdido? — Um dos sujeitos chamou a atenção, quase rindo.
Eles eram mais baixos que Tito, mas bem mais malandros. Dois jovens desocupados que, sabe-se lá de onde vieram, perambulavam pela região atazanando o primeiro que surgisse na frente deles.
— Eu... eu tô bem. — Santana respondeu receoso.
— Tem certeza? — Provocou o outro rapaz — Parece que tá procurando alguma coisa. Se quiser, a gente pode ajudar.
— Só me deixa quieto. Eu não quero nada.
Tito começou a ficar nervoso e assustado. Aqueles dois eram bem inconvenientes, continuavam seguindo o jovem pelos lados enquanto ele andava. A dupla, então, agiu com mais pressão.
— Qual foi, cara? A gente só tá querendo um papo, numa boa. — Disse um deles — Tá querendo evitar a gente por que?
— É. Tamo aqui na humildade pra te ajudar e cê virando a cara pra gente?
Os sujeitos não davam trégua. Colaram em Tito, um do lado do outro, evitando que ele pudesse se afastar. Pareciam carrapatos, dispostos a importunar o coitado. O rapaz do interior, sem escolha, continuou andando calado, de cabeça baixa.
— Tô achando que esse cara tá precisando de uma lição. — Sugeriu um deles.
— Também acho, parça. — Respondeu o outro — Ele tá se achando muito. Muito sonso pro meu gosto.
— Me deixa em paz! — Pronunciou Tito mais enérgico.
— Agora tá falando alto, né? Pois agora cê vai aprender a nunca mais ficar de gracinha pra cima da gente. — Ameaçou pegando no braço do rapaz.
Os dois começaram a segurar Tito. Pelos braços, pela mochila que ele carregava. Empurravam um para o outro o garoto, que já estava desesperado. Até que, poucos segundos depois, uma voz masculina chamou a atenção deles.
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Arena Esparta: Além da Noite (Livro I)
RomansaDe noite eles mandam, de dia eles sobrevivem. Mais que um strip-club, a Arena Esparta é uma verdadeira arena do prazer. Um paraíso noturno em plena São Paulo. Quando as portas abrem, tudo pode acontecer. Os rapazes, ou melhor, Gladiadores, estimula...