Tudo pronto para mais uma noite de exibicionismo na Arena. Em pouquíssimos minutos, as portas se abririam, deixando entrar os primeiros frequentadores. Estava quase tudo pronto: luzes, som, Gladiadores. Quase, pois Caique estava na maior das expectativas para uma certa resposta.
Ele estava no camarim, junto aos outros Gladiadores. E tal como seus colegas, já estava fardado com a sunga de couro, além de outros acessórios. Como um arreio de várias tiras, ligadas a duas argolas de aço, sobre seu torso. Estava próximo à porta do cômodo, querendo saber sobre Mahmoud.
Fez pouco mais de meia hora que ele estava no escritório de Ângelo. E desde então, ficou sem saber o que estava acontecendo por lá. Nem como estava sendo a conversa, ou as respostas do sírio. O que deixou-o bem impaciente. Não pensava em outra coisa.
— Vai adiantar nada cê ficar aí nervoso. — Yuri chamou a atenção — Daqui a pouco, ele já tá de volta.
Enquanto ajustava as fivelas das tiras grossas do arreio em forma de cruz, sobre seu peitoral, Guará aproximou-se do amigo para acalmá-lo. Não só ele, como todos no camarim perceberam a ansiedade escancarada de Oliveira.
— Eu fico preocupado, não tem como. Faz um tempão que o Mahmoud tá com o Ângelo e até agora nada. E se tiver acontecido alguma coisa?
— Se realmente tivesse acontecido algo de ruim, a gente já tava sabendo. Ele tá com o Ângelo até agora é porque a conversa tá rendendo pra valer.
— Não do jeito que eu esperava. — Bufou.
A preocupação fazia certo sentido. Caique havia dito várias vezes para Mahmoud que ele poderia tentar trabalhar como host na Arena Esparta. E do nada, surge Ângelo querendo que ele cumprisse outra função na casa noturna. E só pelo jeito que os olhos do Gerente brilharam, não precisou de muito esforço para saber bem o trabalho que ele queria ver o sírio fazendo.
Por causa disso, ficou receoso pela reação dele, que poderia ser muito negativa. Dependendo do quão indecente fossem as investidas de Perez, o rapaz poderia se sentir ofendido. E o pior, achar que Caique pretendia lhe humilhar ao indicá-lo para aquele lugar.
Aproximando-se de Caique e Yuri, Mateus já estava devidamente arrumado para a noite. Seu arreio tinha uma longa e fina tira de couro sobre seu peito nu e costelas, com alças por cima, coladas em seus ombros. Ele também não via motivos para o enfermeiro ficar tão aflito e comentou:
— Deveria ficar feliz pelo seu amigo. O Perez é um cretino, mas não dá pra negar que ele tem um olho bom pra escolher macho. Se ficou tão animado em ver o garoto, é porque ele tem potencial.
— Só que ele tava esperando se tornar um host, não um Gladiador.
— E você vê algum problema nisso?
— Pra mim não tem problema. Pra ele... eu já não sei.
Por incrível que pudesse parecer, nunca passou pela cabeça de Caique que o rapaz poderia ser um stripper. Mesmo tendo visto ele nu todo dia.
— É... se ele ver algum problema, não vou julgar. — Disse Velloso — Eu mesmo vejo vários problemas em continuar sendo stripper. Mas não tenho outra opção.
— Nunca tinha pensado nessa possibilidade, pra falar a verdade. -- Comentou Yuri — Mas vendo melhor agora, eu acho que seria interessante. Ele pode surpreender.
— Aí depende, né Guará? — Questionou Velloso — Ele pode se dar bem aqui como Gladiador, se ele não for hétero.
Caique e Yuri se entreolharam, um tanto desconfortáveis. A insinuação de Teus trouxe à tona um pequeno detalhe que os dois amigos não deram importância antes. Ele, então, indagou:
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Arena Esparta: Além da Noite (Livro I)
RomansaDe noite eles mandam, de dia eles sobrevivem. Mais que um strip-club, a Arena Esparta é uma verdadeira arena do prazer. Um paraíso noturno em plena São Paulo. Quando as portas abrem, tudo pode acontecer. Os rapazes, ou melhor, Gladiadores, estimula...