Faltando poucos minutos para as nove horas da noite, uma aglomeração se formava ao redor do enorme imóvel que dobrava a esquina. A intenção era formar uma fila, mas a calçada era estreita demais para isso. Enquanto o movimento das ruas ao redor era frenético, com as luzes dos faróis passando por todos os lados.
Quem passava frequentemente pelas redondezas do Bairro da República, em pleno centro da cidade de São Paulo, conhecia muito bem aquela aglomeração. Era assim que a casa noturna ficava sempre, deixando nítido para todos o quanto era bem frequentada. A mais famosa do gênero da noite paulistana.
A fila ali formada era somente de homens. Muitos deles mais velhos, com alguns mais novos. Na maioria das noites, o público do lugar era sempre masculino. Deixando evidente que casa noturna era, quase que exclusivamente, voltada ao público LGBT. Ou melhor, ao público masculino homossexual. Assim como muitos outros empreendimentos que funcionavam nas proximidades do Largo do Arouche, fazendo o bairro ficar famoso por isso.
Essa restrição de que só homens poderiam entrar foi imposta pelo próprio Gerente, que não abria mão de manter a proposta tradicional de ser um lugar apenas para gays. A casa de vez em quando se abria para elas, em noites especiais e de público misto. Noites essas que vinham aumentando cada vez mais a medida em que o público feminino se interessava em conhecer o tão conhecido recanto.
Entretanto, tanto para homens quanto para mulheres, visitar a casa não era para todos. Era preciso reservar uma entrada com até meses de antecedência, tamanha a quantidade de público. E só quem tinha um bom poder aquisitivo poderia pagar, por isso os frequentadores apareciam sempre bem vestidos.
E mesmo não sendo barato, era praticamente um consenso que passar uma noite lá, seja uma ou mais vezes, compensava cada centavo gasto. Quem entra no local, cuja letreiros enormes e luminosos com o nome "Arena Esparta" na fachada, tem a certeza de que terá uma noite de pura tentação e desejo. Onde as fantasias adultas mais secretas, ganham vida aos olhos de todos.
O recinto abria as portas, e pouco a pouco, e todos adentravam. Depois de passarem pela chapelaria, apenas dando os primeiros passos pela pista, era possível notar a grandeza daquela Arena. Um lugar extenso, com luzes e lasers multicoloridos contornando o chão e as paredes.
Escadas nos lados davam acesso à pista principal no andar de baixo. Composta por mesas e cadeiras, plataformas com canos de pole dance, além do bar e do banheiro de uso exclusivo dos frequentadores. Acima, mezaninos de acesso livre para quem quiser subir e ficar para ter uma melhor visão do palco e de tudo o que acontecia por lá.
Contudo, ninguém estava lá pela moderna decoração e pela música tocada. A visão que todos queriam ver — e apreciar durante as horas que viriam — era a do festival dos corpos masculinos que passavam por ali para o permanente deleite dos presentes. A Arena Esparta não era apenas uma casa noturna, era um clube de striptease de homens.
Essa Arena fazia jus à sua fama e glória. Para quem frequentava ou amá-la o lugar, considerá-la uma simples casa noturna gay, ou um simples strip club, era uma denominação rasteira demais. Pois para eles é bem mais que isso.
Todos eram praticamente unânimes em considerar a casa como um templo do hedonismo e da luxúria. Onde na Arena, o espetáculo era explorar os desejos mais picantes e explícitos. Com mais de duas décadas de existência, eles sabiam bem o que o público quer e como potencializar todo o tipo de fantasia. Lá, uma noite nunca é igual à outra.
O grande destaque ficava para o palco que literalmente fazia o lugar ser uma Arena. Que justamente ficava no centro do local. Um palco circular, com um metro de altura e dois curtos lances de degraus nas extremidades, em 360°. Para que todos, em qualquer canto, pudessem ter a chance de assistir a tudo o que aconteceria lá.
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Arena Esparta: Além da Noite (Livro I)
RomanceDe noite eles mandam, de dia eles sobrevivem. Mais que um strip-club, a Arena Esparta é uma verdadeira arena do prazer. Um paraíso noturno em plena São Paulo. Quando as portas abrem, tudo pode acontecer. Os rapazes, ou melhor, Gladiadores, estimula...