No dia seguinte, tudo parou. Não havia outro assunto a ser discutido entre os Gladiadores além do desastre que atingiu a Arena Esparta. O incêndio que fez a casa noturna fechar por tempo indeterminado. Entre os frequentadores, e todos da redondeza, só se comentava sobre isso.
O fogo atingiu por completo os fundos da casa noturna. Devastou o depósito e o vestiário. Só não chegou ao camarim, e tampouco ao salão, porque o Corpo de Bombeiros conseguiu chegar a tempo e conter as chamas. Mas o estrago existia, e o prejuízo também. Dando uma enorme dor de cabeça para Ângelo.
E o gerente não economizou nos surtos. Mesmo não afetando totalmente o funcionamento da casa noturna, foi o suficiente para ele ter vários troços só de pensar nos custos que teria para reparar todos os danos. Pelo menos a Arena tinha seguro, e Ângelo tentava ver se conseguiria ser ressarcido o máximo possível.
Para isso, ele insistia para tentar saber qual foi a causa daquele incêndio. Sabia que o sinistro não foi por acaso, e por isso estava com muita raiva. Sua suspeita era de que o fogo foi provocado e estava disposto a ir atrás do responsável e puni-lo severamente.
Já os Gladiadores tinham questões mais preocupantes do que se vingar do suposto incendiário. Com a Arena fechada, eles não poderiam trabalhar e conseguir as gorjetas. Afinal, o sustento vinha delas. A situação os pegou de surpresa e fez com que entendessem que não dava mais para trabalhar naquelas condições tão incertas.
Eles não tinham salário, apenas ganhavam gorjetas. Não tinham nenhum direito trabalhista, nem férias remuneradas, nem nada do tipo. Não trabalhavam de carteira assinada, mas como pessoa jurídica. Quando a Arena Esparta precisava fazer uma parada forçada, eram sempre os strippers os mais prejudicados.
Por causa do ocorrido, alguns Gladiadores resolveram se reunir no Bar Sinergia, no final da manhã, para conversar sobre isso. Ao contrário da noite anterior, não havia clima para festa, apenas um momento para lamentar o que aconteceu.
Yuri e Patrick já estavam no Bar, cuidando do funcionamento. Durante uma parte o dia, o estabelecimento abria e virava um Café. Os dois estavam perto do balcão, enquanto Mateus estava sentado nele tomando café e comendo um mix de nuts. Apesar de estar se saciando, o escritor era o que estava mais perplexo.
— Que situação... — Lamentou Teus — A Arena é destruída, e quem toma no rabo somos nós.
— Sei nem o que pensar, sinceramente... — Resmungou Yuri, aborrecido, apoiando um dos punhos no balcão.
Mateus bebericou um pouco do café e depois limpou sua boca com um guardanapo. Vestia preto da cabeça aos pés, calça e camiseta. Um preto de luto por, mais uma vez, estar no sufoco.
— Pelo menos vocês do Bar não vão passar tanto sufoco assim.
— Até parece. A Sinergia abriu ontem, ainda vai demorar pra dar realmente lucro. Pelo menos foi o que o Patrick falou.
— É isso mesmo. — Confirmou Patrick — Qualquer negócio que se abre, demora pra operar no azul. Não é assim, do dia pra noite.
— Que seja... — Resmungou Velloso — Fato é que a Arena fechou e ninguém sabe quando vai abrir de novo. Não adianta nada sairmos de uma pandemia pra ficar nisso todo ano. Tô começando a achar que a gente devia pensar nos nossos direitos logo. Porque senão, é capaz de um dia a gente ter que pagar pra trabalhar.
— E cê quer que a gente faça o que? Entrar em greve, tipo assim? — Questionou Yuri — Se fizemos isso, aí é que o Ângelo põe todo mundo pra fora e ainda consegue outros caras rapidinho.
Mateus queria muito fazer alguma coisa para se garantirem. E de certa forma, Patrick e Yuri também. Mas nenhum deles sabia o que podiam fazer sem correrem tantos riscos, pois se perdessem o emprego, ficaria muito complicado retornarem ao mercado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Arena Esparta: Além da Noite (Livro I)
RomansaDe noite eles mandam, de dia eles sobrevivem. Mais que um strip-club, a Arena Esparta é uma verdadeira arena do prazer. Um paraíso noturno em plena São Paulo. Quando as portas abrem, tudo pode acontecer. Os rapazes, ou melhor, Gladiadores, estimula...