Vivendo e Aprendendo

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Apesar do sábado ser uma noite de trabalho para os homens da Arena Esparta, alguns deles davam um jeito de se divertirem durante a tarde. Era nesse dia da semana que costumava acontecer, de vez em quando, as agitadas peladas. Onde os Gladiadores suavam, na maioria das vezes sem camisa, em uma partida descompromissada de futebol.

O lugar era o mesmo das outras vezes: uma quadra em um parque, com grama e terra. Alguns rapazes que trabalhavam durante a noite em lugares próximos uns aos outros, e que se conheciam, se reuniram para jogar. Alguns estavam sem camisa, outros com algum uniforme aleatório de time. Valia tudo.

Do strip club, estavam Caique, Jorgito e Patrick. Junto a eles, havia um punhado de homens de um bar e de outra casa noturna da República. Somando, dava uns nove homens jogando, divididos em dois times. A Arena estava representada em menor quantidade que de costume.

Pois Yuri, que estava sempre presente nas partidas, não veio desta vez para cuidar de assuntos relacionados à inauguração do Bar. Billy aproveitava os fins de semana para ficar mais tempo com seu filho. Ramon recusava qualquer socialização. E Mateus sempre dizia abominar tudo relacionado ao futebol.

Enquanto isso, do outro lado do alambrado, Mahmoud estava em pé, com as mãos fincadas na grade, observando os homens jogarem. Assistindo a sucessão de gritos, passes, algumas entradas e muito suor. Afinal, não havia muitas regras a serem seguidas. E ele estava gostando de assistir. E principalmente, de ver Caique em campo.

Ao contrário de outros costumes nacionais, o futebol não era algo desconhecido para ele, muito pelo contrário. Desde pequeno, o sírio gostava do esporte e de assistir aos jogos. Embora jogar, propriamente dito, não era algo que fazia.

Longos minutos se passaram. Quando chegou a hora de um pequeno intervalo, como se fosse um segundo tempo, alguns dos rapazes se dispersaram para sentar no banco ou beber água. Entre eles, Caique, que foi para o canto e pegou uma garrafa que havia trazido, para se saciar.

Ao encostar seu dorso nu no alambrado, entornou a garrafa de uma única vez. Toda essa correria lhe deixava com muita sede, e bem suado. Olhou Mahmoud por trás, e notou que ele continuava observando o movimento da quadra com atenção.

— Escuta, Mahmoud. Cê não arredou o pé daí, hein? Vai acabar se cansando.

— Vou não. Tô gostando de ficar aqui. E eu também não tenho muita coisa pra fazer mesmo.

Não deixava de ser verdade isso. Mahmoud só estava lá para acompanhar Caique, que o convidou. Não queria ficar sozinho no apartamento. Então, se fosse para não fazer nada, que fosse ao ar livre, vendo gente. E mesmo só olhando, estava se entretendo, do jeito dele.

— Tá curtindo o jogo, é? — Indagou Caique após outro gole de água — Não sabia que gostava dessas coisas.

— Eu gosto de assistir. E você joga muito bem. — Sorriu.

— Bom, então se junta com a gente. Tá faltando mais um pra completar o time. E já que você tá sem fazer nada...

— O que? — Falou surpreso — Não, não dá não.

— Por que não? Não disse que gostava?

— Gosto. Mas é que eu sou muito ruim em jogar. Nem chutar direito eu consigo.

— Ah, isso não é problema. Não sei se você reparou, mas aqui só tem pereba. — Ironizou — Duvido que você seja pior que alguns que tão jogando agora. E se for, não vai fazer diferença. Qualquer coisa, eu te ajudo. Bora.

Mahmoud ficou bem receoso com o convite. Jogar realmente não estava em seus planos, afinal ele estava de calça jeans. A tarde estava com um clima ameno, fazia menos frio que nos dias anteriores daquele inverno. Não esperava que pudessem lhe chamar para correr e suar.

Arena Esparta: Além da Noite (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora