Ainda não estava totalmente claro, mal tinha amanhecido. O vai-e-vem das ruas já era considerável naquelas primeiras horas do dia, mas a Praça da República, permanecia vazia. Isso pouco importava, pois Yuri andava pelas proximidades quase como se não estivesse fazendo nada demais.
Passar por aquela praça, aproximando-se das árvores e chegando nas áreas mais escuras, poderia ser perigoso. Mas o que poderia acontecer de tão assustador que Guará não pudesse lidar? Ele não era nenhum garoto ingênuo, não estava lá perdido. Aguentar algo barra pesada não era nada para alguém que já foi barra pesada no passado.
Um passado que não gostava de lembrar, mas precisava revirar se quisesse encontrar o que procurava. Essa era a razão para seu nervosismo. Estava cada vez mais perto, que tinha receio de ser enganado. Sabia que não seria fácil, muito pelo contrário. E que deveria ter cautela, não havia espaço para afobação.
Após perambular por alguns segundos, encostou-se em uma árvore frondosa e velha. Ergueu a cabeça por um breve momento e respirou fundo. Restava apenas esperar. Pois não demorou muito, logo começou a ouvir passos vindo em sua direção. Sabia quem havia chegado.
— Espero que esteja satisfeito de me ter feito acordar cedo pra atender os seus caprichos. — Ironizou o sujeito — Tenho coisa mais importante pra me preocupar.
— Tem, é? Faz-me rir, Catatau. Quem vê pensa que você é um grande trabalhador.
Yuri virou-se para Catatau, que estava a um metro de distância,, era esse o rapaz com quem queria ter uma conversa. Ele era mais baixo que o stripper, e um pouco mais corpulento. Rosto mais redondo, cabelos castanhos claros e barba crescida. A camisa e a calça simples contrastava com o grosso — e brega — cordão de ouro que ostentava no pescoço.
Era o tipo de homem que deixava bem claro que não prestava. Ter qualquer relação com Catatau era uma grande cilada. Conhecido por cuidar de diversos atos criminosos, o rapaz até poderia não ser um assassino em série, mas estar perto dele era um constante sinal de perigo. Por mais que sempre estivesse subordinado a alguém, ele não era nada confiável. Seus próprios interesses importavam mais que tudo.
— Continua abusado, né Maloqueiro? Não mudou nada.
— Não vem com essa. Não sou como você, nunca fui.
— Deixa de marra, sabe que eu tô certo. Pode ter mudado de trabalho, mas continua o mesmo trombadinha que todo mundo conheceu anos atrás. Não dá pra negar suas raízes.
— Eu não vim aqui falar das minhas raízes. Vim saber se você fez o que eu pedi.
— Podia ter pedido com mais jeitinho, sabia? Com uma voz mais aveludada. — Debochou e riu.
— A voz aveludada você pode fazer quando eu socar sua boca, se não parar com gracinha. — Respondeu enraivecido— Pode ser?
Uma coisa que nunca mudava: o quanto Catatau irritava Yuri, de propósito. A postura do stripper mudou para a de alguém pronto para avançar no opositor, mas logo recuou. Não era hora e nem o lugar para isso. Mas fazer aquilo quase o fazia perder a civilidade que aprendeu a ter durante os anos.
— Wow. O Maloqueiro quer voltar às origens, é? — Disse Catatau — Isso é jeito de tratar um amigo?
— Eu não sou seu amigo.
— Mas foi até mim que veio me pedir ajuda, não é mesmo Guará? Então, sossega aí, tá?
Catatau tentou dar ordens, querendo botar banca, com sua postura provocativa. Típico. Yuri apenas ficou quieto por alguns segundos, olhando pro bandido repugnante com raiva, tentando conter seus instintos. A conversa mal começou e ele já estava estressado com tudo.
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Arena Esparta: Além da Noite (Livro I)
RomanceDe noite eles mandam, de dia eles sobrevivem. Mais que um strip-club, a Arena Esparta é uma verdadeira arena do prazer. Um paraíso noturno em plena São Paulo. Quando as portas abrem, tudo pode acontecer. Os rapazes, ou melhor, Gladiadores, estimula...