Arena Esparta: Além da Noite (Livro I)

Onde Há Fumaça

Após um tempo de muita expectativa, muita correria e principalmente, muita burocracia, enfim chegou o momento tão esperado. A tão citada noite de inauguração do bar-café Sinergia aconteceu.

Estava tudo pronto e do jeito que os sócios envolvidos no projeto imaginavam. Fruto do empenho de cada um deles de trazer a ideia à realidade. Uma chance para Andreza, Billy, Drika, Júlio e Yuri complementarem seus respectivos orçamentos com uma grana extra. E ainda, terem um espaço para eles.

Os sócios cuidaram da publicidade com o que tinham. Chamaram todos que conheciam, para a inauguração. Com redes sociais, ou no boca a boca mesmo. O esforço deu certo, na noite de abertura houve um número considerável de pessoas. Dentre os amigos dos sócios e outros que ficaram curiosos com a inauguração.

Nenhum dos cinco parou quieto. Bebidas e mais bebidas foram servidas aos clientes. Alguns confraternizavam, outros preferiram beber em silêncio, sozinhos.

Porém, o destaque da noite ficou para a decoração. Com a ideia de fazer referência a personalidade do quinteto, tinha de tudo um pouco. Quadros com referências à cultura pop, enfeites com estilo rock, um pouco de madeira rústica, algumas plantas e uma bandeira LGBTQIA+. A mobília e a iluminação davam um ar retrô e aconchegante.

Além da decoração, o público também elogiava o ambiente convidativo e aberto a pessoas de todos os gêneros e estilos. Um lugar onde ninguém se sentiria excluído e ficaria livre para ser do jeito que era.

No palco, Dóris Mader comandava o espetáculo com suas deslumbrantes performances. Inclusive, até convidou algumas amigas drags suas para prestigiarem a inauguração e, se possível, mostrarem um pouco de seus respectivos trabalhos.

Todos os Gladiadores da Arena compareceram. Até mesmo Ramon, que mesmo preferindo ficar sozinho, não perdeu a oportunidade de beber um pouco na noite de folga. A escolha da data para a abertura do bar, em uma noite da semana onde a casa noturna ficava fechada, foi justamente para que eles tivessem a chance de estarem lá.

Enquanto todo o movimento seguia, Mateus e Caique bebiam e conversavam perto de Yuri, que estava do outro lado do balcão, servindo cuidando de alguns drinks. Os dois, assim como os outros, estavam gostando de todo o ambiente.

— Olha, vou te dizer, vocês capricharam, viu? — Disse Mateus enquanto segurava uma garrafa de cerveja — Gostei muito daqui. Não sei porquê, mas sinto um ar meio primaveril.

— Bom é que a localização é ótima. — Disse Caique, também segurando uma garrafa de cerveja — É perto da Arena, quando a gente quiser vir pra cá, já sabe o caminho.

— Melhor esquecer a Arena por um momento, né? — Aconselhou Velloso — Acho o máximo este ar ser um lugar inclusivo. A única coisa que eu espero é que ninguém use linguagem neutra. Porque se aqui tiver essa aberração, eu saio na hora e nunca mais volto.

Caique riu fraco com o comentário inusitado do colega, sem falar nada.

— Até na hora do elogio, o Mateus José não poupa o veneno. A língua de chicote. — Brincou Yuri atrás do balcão, aproximando-se.

Guará estava por perto e escutou a conversa de Velloso com Caique. Andreza, que também estava por perto e ajudava Yuri com as bebidas, aproveitou para entrar no papo dos rapazes.

— Mas dessa vez a gente até passa um paninho, né Yuri? A divulgação que Teus fez no Instagram da nossa inauguração foi grande Se aqui tá cheio, é porque ele ajudou.

— É o mínimo que eu pude fazer, quero muito que dê certo. A ideia de um Bar-Café por si só já é ótima. E faço isso pelos meus amigos.

— Espero que você venha muito, Teus. — Pediu Dreza — Quem sabe pode organizar o lançamento de algum livro que você for escrever.