Cai o Pano

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Indiferente ao movimento das calçadas naquela manhã ensolarada, Billy caminhava depressa. Andando reto, sem olhar para os lados e seriamente. E ao atravessar ruas, apressava o passo para não ser atropelado.

Sua pressa era surpreendente e até anormal. Parecia correr para tirar a mãe da cadeia ou algo assim, mas não. Ele só estava indo ao banco. Como disse aos amigos, ele queria tentar um financiamento no banco para pagar a cirurgia com o máximo de urgência. Mesmo sem saber como ou se vai conseguir pagar, estava disposto a se endividar.

Tudo para salvar Alexandre. Naquele momento, a vida dele dependia disso. E a cada dia que passava, maior a necessidade da cirurgia. Por isso a pressa pelas ruas, não tinha muito tempo. A agência mais próxima de sua casa, do banco onde tinha conta, não era tão longe. Então acelerou o passo para chegar até lá.

O Sol forte, como sempre, quase o cegava. Mas como estava de óculos escuros, não precisou se preocupar. Sua doença não era importante no momento, e sim a de seu filho. Foi com essa determinação que Feitosa logo chegou à agência.

Não perdeu tempo, foi rapidamente à porta giratória. Mas a mesma travou quase o fazendo trombar. Como de se esperar, esqueceu que podia ser parado pelo detector de metal. Billy respirou fundo e foi até ao passa objetos, onde colocou todos os pertences que tinha no bolso. Celular, carteira, até os óculos escuros que usava.

Tentou novamente, e mais uma vez a porta impediu sua passagem. Começou a achar estranho aquilo. Tentou forçar a abertura, levemente, e nada. O irritante apito do detector tocou mais uma vez Achou que a porta estava com defeito. Então tentou chamar a atenção do segurança que avistou do outro lado do vidro.

— Oh, não tô conseguindo entrar! — Disse Billy — Acho que isso não tá funcionando.

— Está tudo funcionando perfeitamente. — Disse o segurança, do outro lado, de maneira antipática.

— Como assim? Eu não tenho mais nada de metal aqui.

— Se a porta tá travando é porque você tem.

Apesar da grosseria do segurança, Billy ainda achava que o problema era com ele. Então, pensou que o detector de metais apitou por causa do cinto de sua calça. Dispôs-se ao constrangimento e retirou a peça ali mesmo. No momento em que se afastou da porta para colocar o cinto no passa objetos, teve uma surpresa.

Uma senhora idosa, muito bem vestida, e de pele branca, passou pela porta sem prestar atenção ao que acontecia. E a porta simplesmente liberou sua entrada. Ela nem precisou retirar nenhum pertence, entrou tranquila no banco. Com isso, Feitosa começou a achar aquela situação estranha demais.

Ele foi até a porta, e novamente a mesma o barrou. Já estava ficando irritado.

— Cara, eu já tirei tudo. Me deixa entrar, por favor.

Billy não obteve resposta. Dentro do banco, o segurança chamou outros dois, que olharam para o homem e ficaram cochichando entre si. Ele ainda conseguiu avistar ao fundo um homem, sentado em uma mesa, que parecia ser o gerente. Este, apenas observou e deu um leve riso. Foi então que percebeu que não queriam que ele entrasse.

— Eu não sou criminoso, não. Tá difícil de entender?

Não adiantou se manifestar, ficou na mesma. A situação estava ficando tão longa que chamou a atenção das pessoas de dentro e de fora do banco. Um dos seguranças se aproximou e quebrou o silêncio.

- Levanta a camisa pra gente ver se você não tem nada.

O homem não acreditou no que escutou. Os seguranças já não escondiam mais a antipatia nutrida por ele. Sem opção, passou por mais um constrangimento. Levantou a camiseta até a altura do abdômen e deu uma volta. Deixou claro que não estava armado.

Arena Esparta: Além da Noite (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora