DEZ ANOS ATRÁS
Para muitos, uma hora da madrugada não era tarde. Muito pelo contrário. A noite estava apenas começando. Em muitas casas noturnas do centro de São Paulo, ainda era a hora da pré-balada. Com muitos jovens chegando, cheios de energia, para curtir a música e o agito.
Quando ainda era meia-noite, pareceu surreal a ligação que Yuri recebeu de Jamilly, em seu celular, convidando-o para ir a uma balada. Na verdade, não era um convite, estava mais para uma convocação. E Guará, não querendo contrariar a amiga, que iria reclamar muito na sua orelha, foi para a rua ao encontro dela.
O rapaz dos olhos verdes estava longe de ser um rapaz caseiro. Muito menos, de ser alguém que fugia da vida boêmia. Tinha seus momentos de lazer nas ruas, bares e baladas como muitos jovens da idade dele. Mas naquela noite em específico, ele estava cansado demais para isso.
Não pensava em fazer nada além de ficar deitado na cama. Pois dormir, saberia que não conseguiria sem a ajuda de remédios. Sua maior companheira de longa data era a insônia. Descansaria acordado, como de costume. Nem sempre dava certo, mas era o que tinha.
Seguiu a pé pelas ruas, todas repletas de jovens de todos os estilos, até chegar à casa noturna indicada por Jamilly. Entraram de imediato, e Guará notou o quão cheio estava o lugar. Parecia um formigueiro. Nada diferente de outras baladas e raves que o rapaz já participou. Mas desta vez, ele não escondeu o desconforto à amiga.
— Hoje foi puxado. Fiz trabalho com cinco trabalhos, um seguido do outro. Acabei de sair de um que eu levei DP. Tô cansado pra caralho. — Queixou Yuri.
Transitando por entre as pessoas, os dois mal conseguiam se escutar por conta da música alta. Tinham que aumentar o tom de voz na medida em que se embrenhavam pelo local.
— Vocês homens aguentam muito pouco. Uma vez eu trabalhei numa despedida de solteiro com dez caras. Sabe o que é isso? E não fiquei com essa moleza toda depois. — Disse Jamilly.
A naturalidade com a qual a moça falava sobre seu trabalho como Jasmine conseguia ser maior que a de Yuri. Sempre impressionando o rapaz com a sua tenacidade em qualquer obstáculo da vida.
— Tenho certeza que o seu cansaço é só fala. Logo, logo, cê já vai estar fritando e liberando toda energia que cê tem nesse corpão enorme. — Disse chacoalhando os ombros de Yuri de leve, ao final.
Yuri não diria que estava cansado se realmente não estivesse. Jamilly sabia disso, mas ainda assim, achava que ele estava exagerando.
— E se a tua preguiça for maior, nada que uma balinha resolva. — Ela sugeriu.
— Já entendi...
O rapaz respirou fundo e deixou ser conduzido por Jamilly, que o segurou pelo braço. Ele sabia bem quais eram as balinhas que ela se referiu. Sempre havia em lugares como aquele. Guará já usou algumas, em algumas oportunidades. Assim como já provou outros métodos nada ortodoxos para ficar mais animado. Por curiosidade ou necessidade.
Afinal, Yuri não era santo, não fazia questão de ser. Por sorte, tinha resistência a essas coisas e não se viciava com facilidade. Já bastava o ramo da prostituição ter os seus perigos, ele não queria ter que se preocupar com vícios. Mesmo não tendo nada a perder na vida.
Não demorou muito para que os dois entrassem no clima da festa. O lugar cheio, a música eletrônica em altos decibéis, os jovens dançando ou tentando dançar freneticamente geravam um ambiente abafado e familiar à dupla de acompanhantes e crias da noite. E também não demorou para eles tomarem a citada "balinha", e esta fazer efeito.
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Arena Esparta: Além da Noite (Livro I)
RomanceDe noite eles mandam, de dia eles sobrevivem. Mais que um strip-club, a Arena Esparta é uma verdadeira arena do prazer. Um paraíso noturno em plena São Paulo. Quando as portas abrem, tudo pode acontecer. Os rapazes, ou melhor, Gladiadores, estimula...