O tempo meio nublado em nada afetou o clima do condomínio de luxo nos jardins. Era uma daquelas tardes onde parecia que iria chover a qualquer momento, mas que depois de algum vento, as nuvens iam embora.
Foi com o céu desse jeito, que Caique foi até a área externa da mansão da família Fontana. O enfermeiro aproveitou que Seu Arthur estava tirando uma soneca para guardar os pesos e os poucos equipamentos usados durante os exercícios físicos do idoso. E também, pois ele não era de ferro, um tempinho para respirar.
Quando estava em uma mesa no quintal, colocando os objetos em uma grande bolsa, reparou no limpador de piscina que estava do outro lado, cuidando de seu trabalho passando a rede pela água. Era um rapaz que ele não conhecia, tinha a pele pálida, cabelos pretos levemente ondulados. Era franzino e tinha um nariz grosso.
Estranhou, pois esse não era o limpador que conhecia e trabalhava para os Fontana desde que tornou-se cuidador de Arthur. Mas não deu muita muita atenção, até que o moço simplesmente lhe chamou.
— Ei, cara! Sabe onde tem água sanitária por aqui? Me falaram que tava na área de serviço, junto com o cloro. Mas não achei.
— Ah... olha... — Começou a responder meio sem jeito — Não tenho certeza, mas acho que deve estar no banheiro dos fundos. Vou lá pegar.
Como tinha terminado de guardar tudo, Caique não viu problema em ajudar o limpador. Entrou na casa, por um acesso aos fundos e foi até um pequeno lavabo, que costumava ser usado pelos empregados da família, distante dos olhos dos patrões. Abaixo da pia, estava uma grande garrafa de água sanitária.
Após dar uma rápida ajeitada na máscara que cobria sua boca, pelo elástico na nuca, pegou a garrafa e voltou para a área externa. Entregou a água sanitária ao rapaz que estava próximo à piscina o esperando.
— Ainda bem que você me perguntou. Vi essa água sanitária tantas vezes no banheiro, que eu acabei me lembrando. Esse serve? — Perguntou enquanto entregava a garrafa.
— Acho que sim, obrigado. — Sorriu leve — É que eu comecei a trabalhar nessa casa nessa semana. Ainda tô descobrindo como cuidar de cada coisa. A patroa exige que tudo seja do jeito certinho que ela quer.
— É, sei bem. E percebi que você é novo também. Eu conhecia o Denílson, que cuidava da piscina antes. Tá tudo bem com ele?
— Tá sim, é que ele pediu pra sair e me recomendou pra ficar no lugar.
— Mas ele trabalhava há tanto tempo aqui. O que aconteceu pra ele sair assim, do nada?
— É que tinha algumas coisas aqui, que deixava ele incomodado. É complicado falar... não sei se devo.
— Mas é uma coisa muito grave?
— Mais ou menos. Ele só não se sentia confortável estando perto do dono da casa, com aquelas atitudes dele.
Caique demonstrou surpresa ao descobrir o motivo que fez o ex-colega não querer trabalhar mais na mansão. Esperava que fosse por algum atrito entre ele e Dona Bel, mas nunca imaginaria que o marido dela faria alguma coisa contra um funcionário.
— O Seu Vinícius? Mas ele é tão gente boa.
— Sim, o Denílson também achava a mesma coisa. Até que ele percebeu uns olhares estranhos vindo dele. Ficava sempre observando ele trabalhar. Uma coisa meio obsessiva, sabe? Aí ele ficou preocupado e saiu, antes que acontecesse algo pior.
Esta conversa era muito estranha para Caique. Tanto tempo trabalhando naquela casa e sequer suspeitou algo. Mas também pudera, seus cuidados com o Seu Arthur lhe tomavam todo o dia. Ficava sempre com ele, muitas vezes no quarto do idoso, e não tinha tempo para nada. Tampouco interagir com outros colegas, como Denílson, com quem pouco conversou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Arena Esparta: Além da Noite (Livro I)
RomanceDe noite eles mandam, de dia eles sobrevivem. Mais que um strip-club, a Arena Esparta é uma verdadeira arena do prazer. Um paraíso noturno em plena São Paulo. Quando as portas abrem, tudo pode acontecer. Os rapazes, ou melhor, Gladiadores, estimula...