•Capítulo 1•

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Ayume Martins🎀
14:30 Da Tarde.

Enquanto estava deitada na cama com Breno, sentia seu toque suave enquanto ele fazia cafuné na minha cabeça. Observava o filme passando na tv, estava perdida nos meus próprios pensamentos.

— Irmã, o que tu tem? Tá muito calada, tá acontecendo alguma coisa? — A voz do Breno me faz sair dos meus pensamentos e respiro fundo.

— Será que alguém um dia vai me amar igual esse cara ama ela? — Pergunto referente ao filme que estava passando.

— Óbvio que sim, não apressa as coisas menina boba, tu tá na flor da idade, vamos viver muitos amores, beijar muitas bocas, dar pt muitas vezes, até chegar o dia que vai chegar as nossas pessoas certas, que estão destinadas a ser nossas. — Escuro com atenção cada palavra que Breno falava e balanço a cabeça levemente concordando com ele.

— Você tem razão. Vamos sair? Andar pela favela ou ir na Gucci comprar alguma coisa, sei lá, fazer alguma coisa que preste, estamos muito quietos, parece que estamos depressivos dentro desse quarto. — Sento na cama e me espreguiço.

— Tô querendo ir na Gucci amanhã comprar umas parada, agora vamos em uma ginkeria que inaugurou recentemente aqui na favela. — Fala e olha para as horas em seu relógio de pulso. — Essa hora já tá aberta.

— Essa roupa tá boa? Hoje tô com muita preguiça pra ficar montando look. — Estava com um corset dourado com detalhes em brilho e uma saia branca não muito curta.

Breno dá uma rápida olhada pra mim e dá uma franzida na testa.

— Essa roupa tá melhor que de muitas mina em baile. — Ele dá uma risada e logo continua a falar. — Tá irmã, tá muito boa.

Dou um sorriso e me levanto da cama e vou até a penteadeira. Penteio meus cílios cuidadosamente, passo um pouco de gloss nos lábios e aplico um toque suave de perfume, calço a minha slide da Gucci e meu celular.

Saímos do quarto juntos e descemos as escadas. Na sala, meus pais estavam assistindo a um filme e conversando. Minha mãe olha para nós e com um sorriso no rosto diz.

— Sabia que não iam ficar muito tempo presos no quarto. Para onde vão?

— Vamos a uma ginkeria. Querem algo quando voltarmos?

Meu pai olha para minha mãe e sorri.

— Talvez uma sobremesa, se ainda tiverem espaço depois dos drinks.

Assentimos sorrindo e saímos de casa, paramos na calçada. Breno olha para mim e pergunta:

— Quer ir a pé ou de carro?

— Vamos andar um pouco, sedentarismo nunca.

Breno concorda e enquanto andamos vou observando o movimento.

— Tô querendo viajar pro nordeste, conhecer as praias de lá pô, são maneiras. — Breno fala e balanço a cabeça positivamente concordando.

— Já vi alguns lugares de lá e realmente são lindos. Sabe Breno, eu não quero ficar presa nessa bolha que vivemos. — Falo e respiro fundo.

— Compreendo completamente. É como se estivéssemos sempre enclausurados em uma realidade limitada, onde o medo é uma sombra constante e a superficialidade domina. — Ele fala e aquilo me pega bastante, que fico pensando por breves segundos.

— Se um dia eu tiver um filho, não quero que ele nasça nesse clima de violência, no meio desse caos todo. Quero que ele cresça em um lugar onde possa ser livre, sem ter que ficar preocupado o tempo todo. A gente merece mais do que isso, e nossos futuros filhos também. — Falo virando a esquina juntamente com Breno.

Lance BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora