•Capítulo 35•

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Ayume Martins.
Litoral de Santos, São Paulo.

Era a noite de Natal, e eu estava terminando de me maquiar no espelho do meu quarto. O vestido longo vermelho que eu usava marcava perfeitamente a minha barriga crescente. Ele tinha as costas nuas e era aberto dos lados nas pernas, uma escolha ousada e elegante. Optei por uma rasteirinha brilhosa para completar o visual, confortável e festivo ao mesmo tempo. Com um toque final, passei um batom vermelhão que contrastava lindamente com o tom do vestido.

Assim que terminei, meu pai entrou no quarto, carregando uma sacola da Tiffany. Ele estava todo trajado, sempre com aquela eterna alma jovem. Tirou de lá uma pulseira de prata delicada e me presenteou com um sorriso no rosto.

— Você sempre será a minha princesinha — disse ele, emocionado. — Estarei ao seu lado sempre, e com tudo isso acontecendo, voltarei para São Paulo até o seu bebê nascer.

Fiquei emocionada com suas palavras e o abracei com força, sentindo todo o amor e apoio que ele sempre me deu. Logo depois, ele saiu, me deixando para terminar de me arrumar. Passei perfume, peguei meu celular e fui cumprimentar todos na festa.

A casa estava linda, decorada para o Natal, com luzes piscando e uma mesa recheada de comidas deliciosas. Todos me mimavam, perguntando sobre a gravidez e me fazendo sentir especial. À meia-noite, fomos para a área da piscina ver os fogos de artifício. Nos abraçamos e desejamos Feliz Natal uns aos outros. Senti um aperto no coração ao pensar em Puma, preso enquanto eu carregava um bebê dele.

Fui até a mesa e peguei um copo de suco geladinho, tentando afastar a tristeza. Logo, todos estavam em um clima agradável, e resolvi caminhar na praia para clarear a mente. Com um copo de suco em uma mão e o celular na outra, sorri, batendo algumas fotos do céu e dos fogos de artifício.

A praia estava lotada, cheia de pessoas celebrando. Caminhava distraída quando esbarrei em alguém. Levantei a cabeça para pedir desculpas e meu coração acelerou. Era ele, Puma, parado bem na minha frente.

— O que você está fazendo aqui? Você não estava preso? — perguntei, surpresa e irritada.

— Saí há cinco dias — respondeu ele com uma calma que só aumentou minha raiva.

— Cinco dias e você não me procurou? — Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia. Ele deu de ombros, indiferente, e olhou para a minha barriga.

— Parabéns pela gravidez. Interessante, vindo de alguém que não podia ter filhos — disse ele, sarcástico. Fiquei chocada com a frieza dele.

— Quem é o pai? Superou rápido demais, hein? Até engravidou de outro — ele continuou, a voz cheia de veneno.

Minha raiva cresceu instantaneamente.

— Ainda bem que o filho não é seu — menti na hora da raiva. Minha mão voou até seu rosto em um tapa que ecoou na noite. — Claro que é seu, Puma! Faça as contas!

Puma recuou um passo, surpreso pelo tapa e pelas minhas palavras. Por um momento, seu olhar endurecido amoleceu, mas ele rapidamente se recompôs.

— Onde você esteve esses cinco dias, hein? — continuei, minha voz trêmula de emoção. — Eu passei meses em um lugar que não conhecia ninguém, cercada de seguranças e preocupada com você. Só queria que você saísse logo daquela prisão.

Ele olhou para mim, finalmente parecendo entender a profundidade da minha dor.

— Me desculpa — disse ele, com uma sinceridade que eu não esperava. — Eu fui um idiota. Só queria proteger você.

Sem aviso, ele me puxou para um abraço apertado, suas mãos acariciando minha barriga suavemente.

— Me fala tudo sobre o bebê — pediu ele, a voz suave e cheia de curiosidade. — Como você está? Onde tem ficado?

Lance BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora