•Capítulo 6•

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Ayume Martins.
Segunda-feira/08:00 Da Manhã.

Na manhã seguinte, acordamos com o som da música que tocava na tv e o cheiro de café que Breno, já acordado, preparava na cozinha. Tomamos café juntos, relembrando os melhores momentos do dia anterior e rindo de nossas próprias piadas internas que haviam surgido.

Depois do café, começamos a arrumar nossas coisas para a viagem de volta a São Paulo. A energia no apartamento era de contentamento misturado com a relutância de deixar aquele retiro de fim de semana. Mas São Paulo nos chamava de volta, com suas responsabilidades e rotinas esperando.

— Próxima vez, temos que planejar algo assim de novo, talvez um destino diferente — disse Breno, enquanto fechava sua mochila.

— Com certeza, mas vamos ver se sem a parte do drama no WhatsApp, né? — brinquei, recebendo concordâncias risonhas.

Com tudo pronto, fizemos uma última verificação para garantir que nada havia sido esquecido, e saímos do apartamento. A viagem de volta prometia ser tranquila, mas as memórias do fim de semana garantiam que a sensação de aventura duraria muito mais.

(...)
14:14 Da Tarde.

Ao retornarmos para Heliópolis, o clima de descontração foi interrompido abruptamente. Ainda dentro do carro, Breno recebeu uma mensagem urgente de seu pai, Bruno, meu irmão mais velho. A mensagem era curta e direta, típica da maneira como Bruno lidava com assuntos sérios:

"Chega na boca agora comigo. Precisamos conversar. Urgente."

Breno olhou para mim, seu rosto refletindo a gravidade da mensagem. Sem perder tempo, dirigimos para o ponto de encontro, o coração da comunidade, onde as decisões importantes eram tomadas. Ao chegarmos, o cenário era tenso e carregado. Os principais membros da facção estavam todos reunidos. Meu pai estava lá com uma expressão sombria. Puma também estava presente, e ao notar sua presença, desviei o olhar, ainda magoada e confusa com tudo que tinha acontecido entre nós.

Assim que saímos do carro, Bruno veio ao nosso encontro, seu andar rápido e decidido.

— Breno, irmã, venham aqui. Precisamos falar. — Sua voz era baixa, quase um sussurro, mas a urgência era evidente.

Nos aproximamos, e todos os olhares se voltaram para nós. O meu pai começou a falar, sua voz firme ressoando com autoridade:

— Escuta aqui, a situação tá ficando feia. Teve uns bang na prisão, e as coisa pode desandar a qualquer momento. Guerra tá no ar, e isso pode vazar pra cá.

Puma, com uma expressão séria, acrescentou detalhes:

— A treta é pesada. As facção rivais tão se estranhando, e isso pode esquentar pra todo lado. Nós não quer garantir que cês tão em segurança aqui sem ter controle total.

Bruno olhou para mim e Breno, preocupação clara em seu olhar.

— A gente decidiu que cês dois, por enquanto, vão voltar pro Rio. Lá cês ficam sob a proteção do TCP, até as coisa se acalmar por aqui.

Meu coração acelerou com a notícia. Voltar ao Rio tão repentinamente parecia surreal, mas a seriedade da situação não deixava espaço para dúvidas.

— Como assim, pai? A gente vai só largar tudo aqui? — questionei, a ansiedade tingindo minha voz.

Meu pai se aproximou, colocando uma mão em meu ombro.

— É pro bem de vocês, filha. Não tá seguro aqui agora. Vai por mim, eu não ia mandar vocês dois embora se não fosse necessário.

Breno, tentando assimilar as informações, finalmente falou:

Lance BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora