•Capítulo 23•

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Ayume Martins.
5 Anos Depois...

Depois de cinco anos, muita coisa mudou. Minha carreira médica deslanchou. Eu tinha me tornado não apenas uma clínica geral, mas também uma cirurgiã. Isso me proporcionava uma rotina intensa e imprevisível, oscilando entre consultas detalhadas e cirurgias de emergência que exigiam decisões rápidas e mãos firmes.

Hoje, voltando para casa depois de um plantão que pareceu durar uma eternidade, o sol já despontava no horizonte, lançando um brilho suave através das janelas do meu carro. A noite tinha sido especialmente desafiadora. Realizamos uma cirurgia de apendicectomia de emergência, que, apesar de comum, sempre traz seus riscos e pressões. O paciente era um jovem que chegou com dor aguda e diagnóstico confirmado por exames de imagem. A operação foi bem-sucedida, mas a tensão só se dissipou quando ele finalmente foi transferido para a recuperação, estável e seguro.

Exausta, mas satisfeita com o trabalho bem feito, dirigi até em casa, pensando nos últimos anos. Tinha sido uma jornada de crescimento e sacrifícios, mas eu estava onde sempre quis estar, fazendo o que amava.

Ao chegar em casa, a cena que encontrei foi um misto de familiaridade e surpresa. Reizinho, um antigo conhecido e com quem eu tinha uma amizade colorida, estava jogado no sofá. O chão ao redor dele estava coberto de sacolas de grife, um testemunho de sua recente aventura de compras. Reizinho sempre teve um gosto caro e nunca perdeu uma oportunidade de se tratar bem.

— E aí, fez a festa nas lojas, pelo jeito? — comentei, jogando minhas chaves na mesa e me deixando cair em uma poltrona com um suspiro cansado.

Ele abriu um sorriso largo e preguiçoso, levantando-se para me cumprimentar com um abraço apertado. "Você sabe que eu não resisto a uma boa liquidação. Além disso, precisava de um pouco de terapia de varejo depois de um mês louco de trabalho."

Nós dois sabíamos que o que tínhamos era mais amizade do que qualquer outra coisa. De vez em quando, as coisas ficavam um pouco mais íntimas entre nós, mas nunca avançava para algo mais sério. Nossas vidas eram complicadas demais e nossos objetivos muito diferentes para tentarmos um relacionamento tradicional. Isso nunca foi um problema; nos entendíamos bem e apreciávamos a companhia um do outro sem pressões ou expectativas.

— Preciso de um banho e pelo menos algumas horas de sono antes de voltar ao hospital. — avisei, me levantando do abraço e caminhando em direção ao meu quarto.

— Claro, vou preparar algo para comermos quando você acordar. Alguma preferência? — ele perguntou, já se dirigindo para a cozinha.

— Surpreenda-me. — gritei de volta, entrando no banheiro.

Enquanto a água quente do chuveiro caía sobre mim, eu não conseguia deixar de pensar sobre como minha vida tinha se estabilizado de uma maneira que nunca imaginei. A cirurgia, a clínica, Reizinho ocasionalmente jogado no meu sofá — tudo tinha se tornado parte da minha nova normalidade.

Secando-me e vestindo roupas confortáveis, senti a exaustão bater forte. Caí na cama, deixando o sono me levar rapidamente. Ainda assim, um pensamento persistia ao fundo da minha mente, um lembrete constante da vida imprevisível que eu havia escolhido: no mundo da medicina, e talvez também no amor, nunca se sabe realmente o que o próximo dia reserva.

Ao acordar, o aroma de comida já pronta invadiu meus sentidos, dispersando o restante da neblina do sono. Sentei na cama por um momento, esticando os músculos cansados e absorvendo a calma da minha casa. Levantei-me e fui até a cozinha, onde encontrei um prato coberto por uma tampa de vidro na bancada e um bilhete ao lado, escrito com a letra descomplicada do Reizinho: "Tive que sair, mas deixei algo para você. Aproveite! – R." Sorri, agradecida pela consideração e pela comida que prometia ser deliciosa.

Lance BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora