•Capítulo 44•

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Puma.

Estava na nossa casa, sentado na poltrona de couro na sala de estar, olhando para o relógio em meu pulso, um Rolex de ouro que acabara de pegar na operação. Ainda estava com a adrenalina correndo nas veias, aquele sentimento de missão cumprida, mais uma vez sem deixar rastros. O assalto à joalheria tinha sido um sucesso. A execução foi perfeita, sem falhas, sem testemunhas. Era assim que eu gostava de operar, no silêncio e na precisão.

Enquanto estava ali, Bianca e Breno estavam na sala com a pequena filha deles, recém-nascida. A garotinha dormia tranquilamente no colo da mãe, alheia ao mundo ao redor. Bianca, como sempre, estava atenta a tudo, mas ainda relaxada, conversando com Ayume que estava ao seu lado, o rosto iluminado com aquele brilho suave de quem estava feliz em ter os amigos por perto.

Eu observava a cena em silêncio, mas com a mente parcialmente longe, ainda na euforia do assalto. Breno, que estava em pé, encostado na parede com um copo de uísque na mão, me olhou e sorriu.

— Mais uma missão completa, hein, Puma? — ele comentou, levantando o copo em minha direção.

Dei um sorriso de canto e balancei a cabeça afirmativamente.

— Como sempre, irmão. Nada sai do controle quando a gente tá no comando.

Breno riu, um riso curto e satisfeito.

— É bom ver que você continua no topo, sempre com tudo sob controle. A galera vai falar muito desse último trabalho.

— Deixa falarem — respondi, dando de ombros. — Importante é que ninguém sabe quem tá por trás. E é assim que eu gosto.

Bianca deu uma risada baixa enquanto balançava suavemente a filha em seus braços.

— Sempre no anonimato, né, Puma? É assim que se mantém no jogo.

Ayume, que estava ao lado dela, sorriu e olhou pra mim.

— E você, amor? Satisfeito com o resultado de hoje? — ela perguntou, com aquele olhar que mostrava que ela sabia exatamente o que dizer para me fazer relaxar.

— Claro, tudo saiu como planejado. A joalheria tava cheia de jóias de alto valor, e a execução foi perfeita. — Eu disse, cruzando os braços. — Agora é só esperar a poeira baixar e aproveitar o que conseguimos.

Ayume assentiu e olhou para Bianca e Breno.

— Vocês precisam ficar aqui conosco mais tempo. Não tem lugar mais seguro.

Breno deu um sorriso, mas parecia estar pensando em outra coisa.

— Eu tava pensando nisso... Em dar um tempo aqui. Bianca e eu, a gente quer que nossa filha cresça num lugar mais seguro, longe de tanta agitação. Mas ao mesmo tempo... sabe como é, Puma, é difícil largar o que a gente faz.

Eu entendi perfeitamente o que ele queria dizer. Éramos todos parte de algo maior, e sair disso não era tão simples.

— Sei exatamente como é, Breno. — Respondi, pegando meu copo de gin da mesa ao lado e tomando um gole. — Mas aqui é nosso mundo. E a gente protege o que é nosso. O que a gente faz é pra garantir que as nossas famílias estejam seguras, acima de tudo.

Bianca sorriu e olhou para a filha nos braços.

— É, e não tem nada mais importante do que isso, né? A segurança deles. Eu só quero que ela cresça num lugar onde ela possa ser feliz e sem medo.

Ayume, como sempre, foi rápida em responder.

— E é isso que a gente tem aqui. Segurança. Mas entendo se vocês precisarem de um tempo pra pensar. Só saibam que, se precisarem de algo, estamos aqui.

Breno deu um gole no uísque e olhou pra mim.

— Valeu, Puma. A gente confia em vocês. E sei que qualquer decisão que tomarmos, você vai estar por perto pra apoiar.

Eu dei um sorriso curto e sincero.

— Sempre, irmão. A gente tá junto nessa.

A conversa continuou fluindo, com Bianca e Ayume falando sobre como criar as crianças num mundo como o nosso. Eu ouvia tudo, mas minha mente ainda estava ligada na operação de hoje, na perfeição com que tudo tinha sido feito. E eu sabia que, enquanto eu continuasse operando nesse nível, tudo que era importante pra mim estaria seguro.

Mas também tinha aquela voz lá no fundo, me lembrando que, em algum momento, talvez a vida exigisse uma mudança de curso. Mas esse momento ainda não tinha chegado, e até lá, eu continuaria fazendo o que sabia fazer de melhor: manter tudo e todos sob controle.

A casa estava silenciosa, todos já haviam ido dormir. Eu tinha acabado de revisar algumas coisas, ainda com a adrenalina de sempre depois de um trabalho bem feito. Estava sentado na cama, quase pronto para desligar tudo e finalmente descansar, quando ouvi um som suave vindo do closet.

Reconheci a música logo de cara. The Weeknd. Ela sabia que era uma das minhas preferidas. Senti um arrepio na espinha antes mesmo de ver o que estava por vir. Eu não sabia exatamente o que ela estava planejando, mas a expectativa já estava me pegando.

Continuei sentado, observando o closet com atenção. A porta estava entreaberta e, quando a música ficou um pouco mais alta, Ayume apareceu. Ela estava usando uma lingerie que deixava pouco para a imaginação, toda preta, com detalhes de renda que realçavam suas curvas de um jeito provocante. O que chamou minha atenção de verdade foi a máscara que ela usava, cobrindo parte do rosto, dando um ar de mistério e sedução.

Ela andava devagar, com aquele sorriso no rosto, sabendo exatamente o efeito que estava causando. A música tocando ao fundo, o jeito que ela se movia, tudo isso criava uma atmosfera que era impossível de resistir.

— Tá tarde, né? — ela disse, a voz suave, mas cheia de intenções. — Todo mundo dormindo... Mas eu fiquei pensando... Você não tá cansado demais, né?

Eu não conseguia tirar os olhos dela, admirando cada detalhe. Meu corpo todo reagia àquela visão. Dei um sorriso de canto, deixando meu copo na mesinha ao lado da cama.

— Cansado? Nem um pouco... — respondi, minha voz já carregada de desejo.

Ela se aproximou lentamente, cada passo calculado para aumentar a tensão. Ayume sabia como mexer comigo, como fazer cada segundo se estender, deixando a antecipação no ar.

— Ótimo... Porque eu tava pensando... — ela parou ao meu lado, colocando uma das pernas sobre a cama, a outra ainda no chão, enquanto se inclinava para frente, deixando os seios quase à mostra pela lingerie. — Que talvez a gente pudesse... aproveitar que a casa tá em silêncio. Só nós dois, sem interrupções.

Minhas mãos foram automaticamente até ela, sentindo a textura da renda, puxando-a um pouco mais para perto.

— Você sabe que eu não consigo dizer não pra você, né?

Ela sorriu, aquele sorriso que mostrava que ela tinha exatamente o que queria. Ayume se ajeitou no meu colo, suas mãos descendo pelo meu peito, enquanto a música continuava tocando ao fundo, criando o ambiente perfeito.

— Então não diz... só aproveita.

E naquele momento, não havia mais nada no mundo além dela, da música, e do desejo que explodia entre nós.

Lance BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora