•Capítulo 8•

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Puma🐺

Naquela manhã, enquanto me arrumava, não pude evitar olhar para Ayume, que ainda dormia profundamente ao lado. Ela parecia tão tranquila, um contraste gritante com a tempestade de pensamentos que turbilhonava em minha cabeça. Eu sabia que as palavras que trocamos na noite passada tinham um prazo de validade, que tudo iria mudar assim que a situação em São Paulo se resolvesse. Ela voltaria para sua vida, para a faculdade e para os caras do tipo dela, aqueles playboys da elite com quem eu jamais poderia competir.

Por mais que uma parte de mim quisesse acreditar em algo mais duradouro, a realidade é que eu sempre fui um cético, especialmente quando se trata de confiança. Nunca confiei em ninguém. Todos que se aproximaram acabaram me traindo ou me decepcionando de alguma forma. Não seria agora, com Ayume, que eu começaria a confiar cegamente. Assim, com um suspiro pesado, deixei o quarto tentando não fazer barulho e saí da casa dela.

Quando cheguei à boca de fumo, encontrei Pantera já me esperando. Fazia tempo que não o via, desde antes de toda essa confusão começar. Ele me cumprimentou com um aceno de cabeça e um olhar sério.

— Puma, precisamos conversar sobre o plano para o grande assalto. E tem outra coisa... sobre a Ayume também. — Pantera começou, e sua voz tinha um peso que imediatamente fez meus músculos tensionarem.

— Fala, irmão. O que tá pegando? — perguntei, me apoiando em uma das paredes esfumaçadas do esconderijo.

Pantera olhou ao redor, garantindo que estávamos relativamente sozinhos antes de continuar.

— Sobre o assalto, as coisas estão se alinhando. Mas não é só isso. Eu queria falar sobre a Ayume. Você sabe que eu a vi crescer, que tenho um carinho especial por ela. Ela é quase como uma filha pra mim, então... Eu preciso que você prometa que vai protegê-la com tudo que você tem, entendeu?

O pedido de Pantera me pegou de surpresa. A seriedade em seu tom era evidente, e o carinho que ele tinha por Ayume era claro.

— Claro, Pantera. Você sabe que eu jamais deixaria algo acontecer a ela. Mas... por que isso agora? — indaguei, franzindo o cenho.

— As coisas estão esquentando, e não é só em São Paulo. Tem olhos em todos os lugares, e Ayume pode acabar no fogo cruzado por estar tão próxima de nós. Só quero garantir que ela esteja segura. — Pantera explicou, sua preocupação era palpável.

— Tá, eu entendo. Ela vai estar segura, prometo a você. — Afirmei, sentindo o peso da responsabilidade crescendo sobre mim.

— Ótimo. Agora, sobre o assalto... — Pantera mudou de assunto, mas a seriedade continuou enquanto ele detalhava o plano. Falou das rotas de fuga, dos pontos críticos, dos caras que precisaríamos para cada fase da operação.

Passamos a próxima hora discutindo cada detalhe, cada possível imprevisto. Quando finalmente terminamos, senti que pelo menos nesse aspecto das coisas, estávamos preparados. Mas a conversa sobre Ayume ficou ecoando na minha mente enquanto eu deixava a boca de fumo. A promessa que fiz a Pantera não era apenas uma questão de palavra, era uma questão de honra. E eu faria de tudo para cumprir essa promessa, não importa o que custasse.

Naquela manhã, depois de deixar a reunião com Pantera e prometer manter Ayume segura, decidi parar na padaria para pegar algo para comer.

Ainda estava processando tudo quando vi a ruiva se aproximando. Ela é daquelas mulheres que marcaram minha vida de um jeito que nem sempre sei explicar; uma das melhores com quem já fiquei, e isso diz muito.

Ela veio até mim com aquele sorriso cativante que sempre me desarmava.

— Oi, sumido! Tava com saudades... Quando a gente vai se ver de novo? — Ela perguntou, passando a mão pelo meu pescoço de um jeito que sempre conheceu meus pontos fracos.

Lance BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora