•Capítulo 14•

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Ayume Martins.
2 dias depois...

Lá estava eu, casualmente sentada em uma das poltronas surradas da boca de fumo enquanto Puma terminava uma das suas reuniões que pareciam intermináveis. A tensão era palpável no ar, mas, acostumada ao ambiente, eu mexia distraidamente no meu celular, tentando passar o tempo. Foi então que o silêncio foi brutalmente interrompido pelo som estridente do meu celular vibrando freneticamente sobre a mesa de centro.

Levantei o olhar, um tanto irritada pela interrupção, mas o que vi na tela me fez congelar. Eram notificações atrás de notificações e chamadas perdidas. Minha mão tremia enquanto tentava desbloquear o telefone, mas antes que conseguisse, uma voz na televisão chamou minha atenção. Aumentei o volume instintivamente, minha respiração se tornando superficial.

Na tela, a notícia corria como fogo em palha seca: "O líder da maior facção do país preso". As imagens mostravam meu pai sendo escoltado por uma equipe pesadamente armada da polícia civil e federal. O repórter narrava com uma voz urgente e grave: "Hoje, em uma operação conjunta envolvendo centenas de agentes da Polícia Federal e Civil, foi detido o homem conhecido por ser o líder da maior organização criminosa do país, o Xavier. A operação, que estava sendo planejada há meses, é um golpe devastador para a estrutura do crime organizado nacional..."

As palavras do repórter se misturavam em minha cabeça, criando um turbilhão de choque e incredulidade. Meu pai, a figura imponente e indestrutível que comandava com mão de ferro, estava agora algemado, sua cabeça baixa diante das câmeras que transmitiam sua queda para o país inteiro. O choque daquela visão foi demais para mim. Senti meu corpo perder forças e tudo escureceu ao meu redor.

Quando recuperei a consciência, o cheiro forte de álcool invadiu minhas narinas. Puma estava ao meu lado, segurando um frasco aberto próximo ao meu nariz, enquanto Bianca, preocupada, esfregava minha mão tentando me trazer de volta completamente. Olhei ao redor, confusa, percebendo que estava no sofá de casa, não mais na boca de fumo.

A realidade do que aconteceu com meu pai voltou em uma onda avassaladora. O choque se transformou rapidamente em desespero, e eu comecei a chorar e soluçar de maneira incontrolável. "Pai... meu pai...", eu gritava entre lágrimas, a dor e o medo consumindo cada parte de mim. Bianca se inclinou para me abraçar, tentando oferecer algum conforto, enquanto Puma permanecia ao meu lado, uma expressão de profunda preocupação marcando seu rosto.

— Ayume, nós vamos passar por isso juntos, ok? Estou aqui com você. — Puma disse, sua voz firme, mas carregada de emoção.

— Eu não sei o que fazer sem ele... Como isso pôde acontecer? — Eu soluçava, as palavras mal conseguindo escapar por entre os soluços.

Bianca continuava a me abraçar, balançando-nos suavemente de um lado para o outro, enquanto Puma acariciava meu cabelo, ambos tentando me acalmar. O peso do que o futuro reservava era esmagador, e naquele momento, tudo o que eu podia fazer era me deixar ser sustentada por eles, enquanto o mundo que eu conhecia desmoronava ao meu redor.

(...)

Quando Breno entrou pela porta, a tensão de seu rosto era visível mesmo de longe. Eu mal consegui me manter sentada, levantando rapidamente ao vê-lo. Minhas pernas mal suportavam meu peso, mas a necessidade de conforto era maior do que qualquer fraqueza física. Assim que ele me viu, seu olhar se encheu de compaixão e ele abriu os braços justo quando eu me aproximava, desmoronando em seu abraço.

As lágrimas começaram a fluir livremente, mais desesperadas do que antes. Eu soluçava contra seu peito, agarrando-me a ele como se Breno pudesse de alguma forma me proteger de toda a dor e caos que a notícia sobre meu pai havia desencadeado. Ele me abraçava de volta com força, seus próprios ombros tremendo, o impacto da prisão de seu avô pesando também sobre ele, embora tentasse se manter forte por nós dois.

Lance BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora