•Capítulo 41•

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Puma.
1 semana depois...
Suíça.

A neve caía suavemente do lado de fora das janelas da mansão luxuosa, cobrindo o vasto jardim com uma camada branca e imaculada. A paisagem parecia algo saído de um conto de fadas, completamente diferente do calor abrasante e da tensão das favelas do Rio de Janeiro. Estávamos na Suíça, na propriedade de Dom, o capo da máfia mais poderosa do mundo, e eu sabia que essa viagem poderia definir o futuro da minha família.

Ayume estava ao meu lado, sempre tranquila e serena, mas eu podia ver nos olhos dela que ela sabia a importância dessa reunião. Ela havia passado um tempo nos Estados Unidos antes de voltarmos para o Brasil, e durante aquela estadia, conheceu Chiara, a esposa de Dom, de uma maneira que o destino tinha uma forma engraçada de tecer as coisas. Essa amizade inesperada era a razão pela qual estávamos aqui hoje, sentados na sala de estar de uma das mansões mais seguras e influentes do planeta.

Luna estava distraída em um canto da sala, pintando com Matteo, o filho de Dom. As risadas das crianças eram uma espécie de música de fundo que me mantinha calmo, lembrando que tudo que eu estava fazendo era por elas, pela minha família. Matteo parecia ter herdado o sangue frio do pai, mas ainda era apenas um garoto, e ele e Luna pareciam se dar bem instantaneamente.

Enquanto Ayume tomava um chá delicado ao meu lado, Chiara entrou na sala, irradiando uma elegância que parecia natural para ela. Ela trocou um olhar cúmplice com Ayume, e as duas começaram a conversar em um tom que só amigas de longa data compartilham. Mas eu sabia que a nossa conversa com Dom estava para começar, e não demorou muito para ele entrar na sala.

Dom era um homem de presença, não havia outra forma de descrevê-lo. Ele não era particularmente alto ou corpulento, mas a aura que ele emanava era de respeito e poder. Quando ele entrou, todas as conversas cessaram, e os olhos se voltaram para ele. Ele vestia um terno impecável, que, de alguma forma, não parecia fora de lugar mesmo aqui na intimidade de sua própria casa.

— Puma, é uma honra receber você aqui — ele começou, se dirigindo a mim com uma voz profunda e cheia de autoridade, mas também de uma certa cordialidade que eu não esperava.

— A honra é minha, Dom — respondi, me levantando para cumprimentá-lo com um aperto de mão firme. — Eu agradeço por nos receber em sua casa.

Ele sorriu levemente e gesticulou para que todos nós nos sentássemos novamente. Ayume e Chiara continuaram conversando, mas agora em um tom mais baixo, permitindo que Dom e eu tivéssemos a nossa conversa.

— Eu soube que a Ayume foi de grande ajuda para minha esposa nos Estados Unidos — Dom começou, seus olhos avaliando cuidadosamente a minha reação. — E é por isso que você está aqui, não é? Para pedir proteção para sua família.

Eu assenti, sem rodeios. Não fazia sentido mentir ou omitir nada. Aquele homem estava anos-luz à frente de qualquer um com quem eu já tivesse lidado.

— Exatamente, Dom. A Ayume sempre foi muito discreta, mas ela falou da sua esposa, Chiara, e do quanto essa amizade significou para ela. É por isso que estou aqui. Não por medo dessa nova organização que está surgindo, mas pela proteção da minha filha, da minha mulher e de todos ao meu redor. Eu sei que o senhor tem o poder de garantir isso.

Dom me olhou por um momento, pensativo, e depois se inclinou ligeiramente para frente.

— Eu não subestimo ninguém, Puma. Essa nova organização está crescendo rapidamente, e mesmo com toda a minha influência, estou atento a cada movimento que fazem. Mas eu acredito em alianças fortes, e ter um aliado de peso no Brasil pode ser benéfico para ambos.

Eu sabia que esse era o momento crucial da conversa. Precisava deixar claro que eu não estava ali apenas para pedir ajuda, mas que eu também tinha algo a oferecer.

— O Brasil é um país complicado, como você bem sabe. Eu controle uma parte significativa do que acontece lá, e ter o seu apoio me daria a tranquilidade para expandir ainda mais nossos negócios e manter a ordem no que já temos. Em troca, eu garanto que seu nome, sua família e seus interesses serão sempre respeitados e protegidos em meu território.

Dom considerou minhas palavras por um momento, seus olhos escuros analisando cada palavra.

— Ayume — ele chamou, quebrando o silêncio. Ela olhou para ele com curiosidade. — O quanto você confia no Puma?

Ela sorriu levemente, e eu senti meu coração acelerar, mas de um jeito bom. Ela tinha o poder de me acalmar e me deixar nervoso ao mesmo tempo.

— Eu confio nele com minha vida, Dom. Se não fosse por ele, eu nunca teria sobrevivido ao que passamos. Ele é um homem de palavra, e se ele está aqui, é porque ele realmente se importa com o futuro da nossa família.

Dom assentiu, satisfeito com a resposta.

— Muito bem, Puma. Eu aceito a sua proposta. A partir de agora, sua família está sob minha proteção. E, claro, eu espero o mesmo em troca.

Senti um alívio que não conseguia expressar completamente. Isso não era apenas sobre mim, era sobre garantir que minha filha pudesse crescer em um ambiente seguro, que Ayume pudesse viver sem medo.

— Obrigado, Dom. Você tem minha palavra.

Dom sorriu levemente e estendeu a mão novamente, selando nosso acordo.

— Chiara sempre fala bem de você, Ayume — ele acrescentou, olhando para ela. — E eu também devo muito a você. Se não fosse por sua ajuda quando Chiara precisou, talvez eu não estivesse aqui hoje. Então, essa aliança é mais do que justa.

Ayume sorriu, e eu sabia que ela estava orgulhosa. Não só por mim, mas pelo fato de que a amizade dela com Chiara tinha levado a algo tão grande.

Enquanto a reunião chegava ao fim, as crianças ainda brincavam no canto, alheias a tudo o que estava acontecendo. O futuro delas, nosso futuro, agora estava mais seguro do que nunca.

— Matteo — Dom chamou seu filho, que correu até ele com Luna ao lado.

— Sim, papai? — Matteo respondeu, com a confiança que só um garoto de seis anos poderia ter.

— Quero que você trate a Luna como uma irmã, entendeu? Ela é parte da nossa família agora.

Matteo olhou para Luna e sorriu.

— Claro, papai. A Luna é legal.

Luna, que até então estava meio quieta, olhou para mim com um sorriso no rosto.

— Papai, eu gosto daqui. É bonito. Posso brincar mais?

Eu ri e a peguei no colo.

— Claro, minha princesa. Pode brincar o quanto quiser.

E com isso, eu sabia que estávamos em boas mãos. Mas, mais do que isso, eu sabia que tínhamos feito um aliado poderoso. E agora, mais do que nunca, eu estava pronto para enfrentar qualquer coisa que viesse no nosso caminho.

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Lance BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora