•Capítulo 33•

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Ayume Martins.

Estávamos em casa, tentando processar tudo o que havia acontecido nos últimos dias, quando meu celular tocou novamente. Era Pantera. Atendi imediatamente, sabendo que qualquer atraso poderia ser crítico.

— Ayume, preciso que você venha até a Maré agora. Temos mais informações e precisamos conversar pessoalmente.

Senti um nó se formar no meu estômago, mas respondi com firmeza.

— Estou indo, Pantera. Já estou a caminho.

Desliguei e me virei para Bianca, que estava na cozinha.

— Temos que ir para a Maré agora. Pantera quer nos encontrar.

Bianca assentiu, percebendo a urgência em minha voz. Em poucos minutos, estávamos prontas e saímos de casa. Pegamos um carro de aplicativo e fizemos o trajeto em silêncio, cada uma perdida em seus próprios pensamentos sobre o que nos esperava.

Chegando ao Complexo da Maré, o ambiente estava tenso. As vielas estreitas e as casas amontoadas criavam um cenário quase claustrofóbico. Estávamos prestes a entrar em uma rua quando uma mulher ruiva apareceu na nossa frente, seus olhos faiscando de raiva.

— Você! — gritou ela, apontando o dedo diretamente para mim. — É tudo culpa sua que o Puma está preso!

Fiquei paralisada por um momento, surpresa com a acusação. Antes que pudesse responder, Bianca se colocou entre nós, pronta para me proteger.

— Você não sabe do que está falando — rebati, tentando manter a calma. — Eu não tive nada a ver com a prisão dele.

— Mentira! — a ruiva avançou um passo, a mão levantada em um gesto ameaçador. — Desde que você apareceu, tudo deu errado!

Bianca, sempre rápida para defender, avançou também. Em um movimento ágil, ela puxou um soco inglês do bolso e o colocou na mão, seus olhos fixos na ruiva.

— Não ouse tocar nela! — Bianca disse, sua voz baixa e perigosa.

A ruiva tentou avançar, mas Bianca foi mais rápida. Desferiu uma série de socos que atingiram a ruiva com força. O som dos impactos era nauseante, e a cena fez meu estômago revirar. A mulher cambaleou para trás, atordoada.

Alguns garotos que estavam por perto correram para nos separar. Um deles, um jovem de rosto marcado por cicatrizes, segurou a ruiva, enquanto outro se colocou entre nós, tentando acalmar a situação.

— Chega! — ele gritou. — Isso não vai resolver nada.

A ruiva foi levada para longe, ainda gritando insultos e ameaças. Bianca respirava pesadamente, guardando o soco inglês no bolso.

— Você está bem? — perguntei, minha voz tremendo.

— Sim, estou. Vamos encontrar o Pantera. — Ela respondeu, e seguimos nosso caminho.

Entramos em uma casa simples, mas bem guardada, onde Pantera nos esperava. Sua expressão era grave, e ao seu lado, Trent olhava para o chão, claramente preocupado.

— Ayume, Bianca, entrem — Pantera disse, gesticulando para que nos sentássemos.

Obedecemos, sentando-nos em cadeiras de plástico. O ambiente estava tenso, o ar carregado de incerteza.

— A situação está mais complicada do que pensávamos — Pantera começou, cruzando os braços sobre o peito. — A polícia está na sua cola, Ayume. Eles já sabem que você é filha do líder do PCC. Sua casa caiu.

Senti como se o chão estivesse desaparecendo sob meus pés. Minha mente girava enquanto tentava processar essa nova informação. Eu sabia que minha vida estava em perigo, mas não esperava que tudo tivesse se desmoronado tão rapidamente.

Lance BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora