•Capítulo 22•

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Ayume Martins.

O dia na praia foi uma dessas experiências perfeitas que parecem saídas de um cartão-postal. O sol brilhava intensamente no céu sem nuvens, e o mar apresentava um gradiente encantador de azuis. Nosso almoço, à beira-mar, consistiu em frutos do mar frescos e sucos tropicais que apenas realçavam a sensação de estarmos em um paraíso.

Após horas alternando entre banhos de sol e mergulhos no mar, decidimos que era hora de mudar de cenário. Com a pele ainda salgada do mar e o cabelo bagunçado pela brisa, caminhamos até a casa da amiga da Bianca, que não ficava longe da orla. A tarde já começava a dar espaço para as cores mais suaves do crepúsculo, e a brisa do mar se misturava aos sons da cidade que começava a se preparar para a noite.

Chegando à casa, fomos recebidos com calorosas boas-vindas. A amiga de Bianca, Leticia, uma anfitriã nata, nos guiou através de um hall decorado com bom gosto até chegarmos ao terraço, onde a festa já parecia ter começado. Um DJ estava posicionado num canto, com música ambiente que complementava perfeitamente a vista deslumbrante do terraço para a cidade que se iluminava.

Não demorou muito para que me entregassem um drink, uma mistura refrescante de espumante com frutas que parecia capturar a essência do verão em um copo. Meus amigos e eu brindamos à noite que prometia ser memorável, rindo e compartilhando histórias enquanto nos misturávamos com os outros convidados.

Mas então, algo inesperado chamou a atenção de todos no terraço. Os olhares se voltaram para a casa ao lado, onde, no jardim impecavelmente decorado, um evento começava a tomar forma. Puma e a Ruiva, ela elegantemente vestida para a ocasião, estavam no centro de um chá de revelação. O jardim estava repleto de pessoas que, como nós, pareciam ansiosas pelo grande anúncio.

A música do DJ baixou um pouco, e todos no terraço se inclinaram para ver melhor. Então, o momento chegou: fumaça azul surgiu de uma caixa decorativa no centro do jardim, seguida de confetes da mesma cor. Fogos de artifício azuis iluminaram o céu, e o som dos aplausos e vivas invadiu o ar. Puma e a Ruiva se abraçavam e riam, visivelmente emocionados e felizes, enquanto celebravam a notícia de que esperavam um menino.

Assistir a essa cena, tão cheia de alegria e celebração, despertou em mim uma avalanche de emoções. A felicidade deles era contagiante, mas cada sorriso e cada abraço que eles trocavam era um lembrete do que eu havia decidido deixar para trás. Meu coração se apertou na consciência de que eu havia feito a escolha certa ao me afastar de Puma. Ele estava construindo uma vida, uma família, e, por mais que doesse admitir, a Ruiva estava dando a ele algo que eu nunca poderia oferecer: um filho.

A revelação trouxe uma mistura dolorosa de orgulho e perda. Orgulho por ter sido forte o suficiente para fazer o que era melhor para ambos, mesmo que isso significasse abrir mão do meu próprio coração. E perda pelo futuro que eu sabia que nunca teríamos juntos. A dor era física, como se uma lâmina afiada estivesse cortando lentamente por minhas veias, uma dor aguda e constante que ameaçava consumir todo o resto.

Meus amigos perceberam minha súbita mudança de humor e rapidamente vieram ao meu lado. Bianca me abraçou, oferecendo um silêncio solidário que valia mais do que qualquer palavra de conforto.

— Você está incrivelmente forte, Ayume. — Ela sussurrou ao meu ouvido. — E eu estou aqui para tudo que você precisar.

Passei o resto da noite tentando me recompor, apoiada incondicionalmente pelos meus amigos. Enquanto a festa continuava ao meu redor, uma parte de mim estava distante, reflexiva, ponderando sobre as escolhas que fazemos e os caminhos que elas nos levam. A noite se desenrolou com risadas e danças, mas por dentro, eu já estava planejando como reconstruir a vida que eu havia decidido começar de novo, desta vez por mim mesma.

Lance BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora