BEATRIZ 🌪
Búzios foi tudo de bom, consegui relaxar lá também, apensar das festas e tudo mais. Só que nem tudo são flores, tive que voltar a triste realidade.
Eu e o Vinicius não nós vimos ainda, mas porque ele disse que tá acontecendo um monte de coisa na maré e ele tá tendo que correr atrás disso agora. Rayssa falou que os comércios lá mal estão abrindo, os que abrem estão fechando cedo, por ordem dele.
Nem sei o que tá acontecendo e fico morrendo de preocupação, medo de acontecer alguma coisa com as meninas e principalmente com Vinicius que deve ta na rua todos os dias.
Até tentar jogar um verde pro Luan eu tentei, mas ele não abre a boca por nada. Maurício disse não saber de nada, mas eu duvido muito. Se as duas favelas são fechamentos e o Luan era maior amigo do Th, com certeza eles sabem sim! Só não sei pra que todo esse sigilo.
Gabriel: você tem que ficar na paz, Bia. Tá toda nervosa, come alguma coisa, vai dormir, sei lá.
Bia: não da, não saber o que está acontecendo, me deixa extremamente agoniada. Aí quer saber? Eu vou lá!
Gabriel: vai lá pra que? Tu não sabe nem o que tá acontecendo.
Bia: pra isso mesmo, saber o que tá acontecendo e ver se ele está bem.
Gabriel: tu não é peito de aço não, fica em casa e espera.
Bia: eu esperar não vai em nada amigo, vou lá e pronto. —falei decidida, coloquei isso na cabeça e quero ver quem tire agora— eu vou pra casa da Rayssa e fico lá.
Gabriel: nada que eu fale vai adiantar né? —balancei a cabeça negativamente— mas o que você tá fazendo é burrice. Eu sei que você gosta dele, mas mesmo assim é burrice.
Ele ficou falando a beça no meu ouvido e eu só ativei o modo surda. Biel é meu fechamento desde sempre e me conhece como ninguém, ele sabe que não adianta o tanto que ele fale, que nada vai fazer com que eu desista dessa ideia.
Rayssa também não me apoiou, mas disse que se fosse era pra ir direto pra casa dela, só catei meu carregador e fui pro pé do morro com Gabriel. Chamei um uber e fui pra maré sozinha.
Na entrada da favela dava pra ver que as coisas não estavam boas, já que mal tinha morador como de costume, os comércios daqui de baixo tudo fechado e pior, a energia estava HORRÍVEL!
Os pessoal da entrada nem me barraram, me reconheceram fácil, também fiquei por um tempão aqui andando pra cima e pra baixo com Escobar.
Queria muito ir logo pra boca e ver se ele está lá, mas nem o caminho eu sabia, melhor não abusar da sorte e ir pra Rayssa, de lá eu vejo como vou achar uma forma de encontrar o Vinicius.
Rayssa: tu é maluca! Entra vai. —abriu a porta e eu passei por ela— ele nem deu as caras por aqui desde ontem, minha tia tá doida atrás dele também.
Bia: eu tô sentindo que algo ruim vai acontecer, mas tomara que eu esteja bem errada mesmo!
Só foi eu terminar de falar e ouvi o barulho dos fogos e logo em seguida vários tiros sendo disparados. Que boca a minha, puta que pariu.
Rayssa: aí caralho, minha tia, meu tio. —disse chorosa— vou rezar, vem.
Ela me puxou e a gente começou a orar, orei não só pelo Vinicius, mas por todos que estavam lá fora.
Muita gente fala que "bandido bom é bandido morto", sou totalmente contra isso, e não só porque tenho bandido na família. Mas porque eu vivo dentro de comunidade e sei que a maioria desses bandidos entraram no crime pra não passarem fome, pra conseguirem botar um pão na mesa de casa de casa.
É muito fácil o sistema passar eles como os errados e vilões sempre, mas pergunta se quando eles vão lá no asfalto procurar emprego eles dão oportunidade, claro que não!
Fora que pra quem mora em comunidade, são esses bandidos que são apoio. Já vi várias vezes eles dando cesta básica pra família que não tem condição e sempre querem deixar a favela no lazer.
Ainda esses policiais sobem aqui querendo pacificar, acabar com o tráfico. Pra começar eles deveriam investir é na educação do povo pobre, mostrar a arte, cultura pra gene, assim teríamos muitas portas abertas.
[...] os tiros cessaram um pouco, só se ouvia um, dois, três tiros, mas bem distantes daqui.
Dia todo sem receber notícia dele, já era quase meia noite e nada dele, nem aqui, nem na mãe dele, nem no celular ele olhou. A mente já começa imaginar várias coisas né?
Bia: não vou aguentar, Ray. Vou lá fora atrás dele.
Rayssa: eu até contrariaria você, mas na angústia que tô, vou junto. —levantou e calçou as sandália.
Sai de casa junto com ela, a gente perguntava para todos vapores que víamos e NINGUÉM sabia aonde ele estava.
Rayssa: vamo na boca, ele pode estar por lá. —assenti.
Já estava cheia de vontade de chorar, um aperto no peito imenso. Me lembrava até a vez que tive que ir no IML identificar o corpo do Luan, que graças a Deus, não era, mas a sensação que sentir quando soube que tinha a possibilidade do meu irmão está morto, foi horrível.
Rayssa: ali ele, vai lá. Eu vou ir na minha tia avisar que ele tá vivo, ela deve tá passando até mal. —confirmei.
Vi ele na ponta do beco todo machucado, camisa rasgada e suja de sangue, o shorts então nem se fala. O que fiz foi correr na direção dele e dei um abraço forte.
Escobar: ei, tu tá chorando? —segurou meu rosto e limpou minhas lágrimas— não era pra você tá aqui, Bia. Tu gosta de ir atrás do problema né? —riu fraco e eu abracei ele de novo ignorando a piadinha.
Bia: eu precisava ver se você estava bem. —coloquei a cabeça no pescoço dele.
Eu nunca tinha gostado de ninguém assim e só estou dando conta que realmente tô apaixonada agora. Porque a dor que eu tava sentindo só de pensar na possibilidade dele não estar vivo, não tenho nem como descrever.
Ele segurou no meu cabelo e fez com que eu olhasse pro rosto dele.
Escobar: não precisa mais chorar, eu tô aqui. —me beijou.
-que porra é essa que tá acontecendo? —ouvi a voz grossa.

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Intocável
FanfictionEu tenho amor com liberdade Quando eu vou poder dizer "quero de novo?" Quando eu vou poder dizer "'to com saudade" É que você sabe, né? Não quero incomodar Nem me precipitar, mas ser objetivo Te chamar de minha dama, aquela pegada na cama E que daqu...