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BEATRIZ 🌪

A casa que ele me trouxe era linda de verdade. Me lembrava bastante a minha casa, pelo chão de porcelanato e os led na parece, mas é bem maior.

Por fora é aquelas coisas normal, parece qualquer outro barraco, o diferencial era por dentro mesmo.

Bia: Eu amei, de verdade.

Escobar: aqui vai ser nossa casinha. Se você quiser eu peço pra alguém mobiliar, ou você decora.

Bia: deixa comigo. Vou pedir pro Maurício arrumar a mesma pessoa que decorou a minha. —ele confirmou.

Escobar: aí é contigo, já almoçou?

Bia: ja, mas se quiser, eu como de novo. —ele riu.

Escobar: então bora que eu tô numa larica do caralho. —passou o braço pela minha cintura.

Fomos na pensão da mãe dele, lógico, a comida daqui não tem nem comparação e eu não me canso de dizer isso.

A gente passou o dia juntos, tanto que nem pra loja eu fui hoje, olha que sempre fico de sábado né? Mas a bicha também passa um pano a beça pra mim e sempre que não posso ir ele segura as pontas numa boa.

Escobar: Vou agitar um baile hoje.

Bia: em cima da hora?

Escobar: já ia ter, eu só decidi puxar o bonde agora.  —revirei os olhos.

Fiz ele me trazer aqui em casa pra mim pegar umas coisas, até porque já sabia que depois do baile eu não tinha nem previsão pra voltar pra minha casa.

Coloquei minha mochila nas costas e fechei o portão de casa, tava indo até o carro quando escuto uma voz me gritar. Olhei pro lado e vi a dona Rosângela vindo na minha direção totalmente desesperada.

Rosângela: você, você sabe o que aconteceu com meu menino. Quem fez aquela maldade com ele?

Bia: calma Rosângela —tentei acalmar ela— o que aconteceu com o Vk?

Rosângela: para de fingir pra mim. Você sabe quem matou ele, seus irmãos são um bando de vagabundo, que levaram meu filho pra essa vida errada e agora olha aonde ele está? Morto! Eu avisei tanto pra ele ficar longe dos seus irmãos e principalmente de você, porque sabia que no fundo esse amor maluco dele por você ia levar ele a um caminho ruim.

Bia: fala baixo comigo, não tô gritando com você, então abaixa seu tom. —falei perdendo a paciência— você não vem falar dos meus irmãos não. Se o seu filho chegou aonde chegou, foi por culpa exclusivamente dele.

Rosângela: você é uma vagabunda mesmo! Eu sempre soube que sua família não prestava. Pai bandido, irmãos bandido e você, você é uma vagabunda, marmita de bandido.  —gritou, a essa altura já tinha várias pessoas olhando.

Bia: vagabunda é a você que saiu lá da sua casa pra arrumar câo na minha porta. Você não vem falar da minha família não, porque seu filho era um lixo de pessoa e se o fim dele foi esse, foi porque mereceu isso.

Ela levantou a mão pra dar na minha cara, mas o Vinicius foi mais rápido e apareceu do nada entrando na frente.

Escobar: mete o pé dona.

Rosângela: eu ainda vou caçar essa vagabunda. Você não vai se esconder atrás de bandido não.

Bia: tua sorte é que não bato em velha, se não eu já metia a mão na tua cara, velha folgada do caralho.

Rosângela: sua piranha, vem que eu te faço virar mulher.

Bia: te manca sua velha, um soco te desmonto.

Escobar: já deu caralho, segue teu rumo dona, vai. —ela virou as costas e eu xinguei ela baixinho— tu da corda pra maluco porra.

Bia: saiu lá da casa do caralho pra vim aqui me perturbar cara, ainda vem falar mal da minha família. —falei fazendo um coque e entrando no carro.

Escobar: a mulher tá nervosa porque o filho morreu.

Bia: que se foda, não aceito que falem da minha familia jamais.

Eu não estava nem sabendo da morte do Vk, tava bem ocupada aproveitando a volta do Escobar e nem me liguei nas coisas que estava rolando.

Ela pode tá sofrendo a dor de perder um filho, mas aí sair lá da casa dela pra me insultar e insultar meus irmãos é demais pô. Vai lidar com o luto dela lá na casa do caralho e de boca fechada por favor.

Essa mãe dele conhecia bem o filho que tinha, sabia de cada falha dele, mas mesmo assim passava o maior pano pô.

Bia: o que você sabe sobre a morte do Vk?

Escobar: quer a versão curta ou a detalhada?

Bia: detalhada.

Escobar: enquanto eu tava fora estava vigiando tudo ainda, mas principalmente ele, porque tinha certeza que esse moleque estava aprontando alguma parada. Dito e feito, descobri altos vacilos.

Bia: tipo? —ele foi me contando tudo e eu fiquei passada. Em questão a trairagem eu esperava, mas agora ele chegar ao ponto de me mandar mensagens me ameaçando, é demais pra mim— então, você que matou ele?

Escobar: hoje cedo.

É muita doideira pensar que eu vi o Vinicius horas ou minutos depois dele matar uma pessoa e eu se quer nem desconfiei, porque de verdade não parecia que ele tinha feito alguma coisa. Estava agindo normalmente, tanto que almoçou numa boa.

Tem que ser muito sangue frio pra fazer uma coisa dessas.

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