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ESCOBAR 📿

Trouxe ela pra comer na pensão da minha mãe, quando viu a gente entrando já deu um sorriso pra mim e fez sinal pra mim esperar.

Sentei na mesa com ela, garota tava quieta, parecia tá tímida com alguma coisa. Chega ser estranho ver ela assim, já que a mina é toda segura de si, não fecha a boca pra nada.

Escobar: tá escaldada aí?

Bia: geral olhando e cochichando. — olhou ao redor — não gosto.

Escobar: deixa eles pô, tu é nova aqui. Ninguém te conhece. E tu também tá com o pai né? — pisquei e ela deu risada.

Bia: convencido demais, teu ego é enorme.

Silvana: Vinicius, tá bem garoto? —minha mãe chegou sorrindo— e quem é a garota bonita? Sua namorada?

Escobar: fala tu mãe, suave?

Bia: eu namorada desse aí? Com todo respeito ao seu filho, mas sai fora. —disse rindo, toda a vontade com a minha mãe, ham — prazer, Beatriz. — levantou e cumprimentou ela.

Silvana: ele é insuportável, mas depois acostuma. —entrou na onda dela.

Escobar: falando de mim na cara dura aí. —falei de cara fechada— tu quer comer o que Beatriz?

Silvana: não é por nada não, mas hoje fiz um Baião de dois divino! Você tem que provar.

Bia: então vou querer baião de dois.

Minha mãe anotou os bagulhos que pedimos e depois saiu da mesa. Eu e ela almoçou conversando, era até estranho tá tendo uma conversa numa paz com ela.

Assim que acabamos de comer eu paguei e a gente levantou. Minha mãe veio rapidinho até nos antes que a gente chegasse a porta.

Silvana: já vão?

Escobar: já pô, mais tarde broto aí.

Bia: a comida estava uma delícia. — sorriu pra minha mãe.

Silvana: Bia né? —ela assentiu— você já está convidada pra vim aqui mais vezes provar os outros pratos.

Bia: olha que venho mesmo hein.

Silvana: pode vim, fico esperando.

Escobar: bora logo? — falei. Se deixasse as duas ficariam conversando por horas, duas faladeiras.

Silvana: muito mal educado, não criei assim. Mas vão lá, beijos. —dei um beijo nela e a Bia se despediu num cumprimento.

Depois só passei em casa pra pegar o vestido dela, ela queria ir embora e ficou pesando na minha mente, eu cansado só queria trinta minutinhos pós almoço.

Bia: me deixa na entrada da favela, precisa subir não.

Escobar: te deixo na tua casa sem k.o.

Bia: não precisa não, na minha rua tem muito fofoqueiro. — ela disse guardando o celular na bolsa.

Escobar: e qual problema? Deixa eles falarem, da em nada.

Bia: pra isso chegar na boca do meu irmão, é rapidinho. E quanta menos gente souber, melhor.

Escobar: então vou ser teu segredo? —ri sem acreditar.

Bia: não era o que você queria? Deixar no oculto. — arqueou a sobrancelha — tô fazendo o fácil.

Escobar: brota no pagode hoje mais tarde.

Bia: vou ver e te falo. —olhei pra cara dela— não é fácil assim não, tenho que ver se tô livre, se meus fiéis vão querer ir comigo também. Eu e minha gangue aonde eu for. — eu dei risada — é sério.

Escobar: vai brotar e pronto pô. Quero só ver se tu não vai tá lá. Eu venho até buscar na marra.

Fiz o que ela pediu e deixei na entrada do morro, ela desceu do carro e eu parti voltando pra maré, já tinha que tá resolvendo uns bagulhos aí.

Chaves: tua mina tá aí dentro, tá maluca atrás de tu.

Escobar: Marina? —ele assentiu— quem deixou ela entrar? — bufei.

Chaves: sei não, peguei o plantão agora. Só me disseram que ela tava aí dentro.

Fico puto com isso, nego já tá mais que ligado que não é pra deixar qualquer pessoa ficar entrando aqui.

Entrei no barraco e ela tava lá no sofá, quando percebeu minha presença levantou cheia de querer.

Marina: você é muito sujo Vinicius, não queria que eu fosse no baile pra sair com piranha? Você achou o que? Que não ia chegar em mim isso? Eu vi tá, eu sei bem que você até na pensão da sua mãe levou. —começou a gritar.

Escobar: abaixa o tom, tem ninguém além de tu gritando aí.

Marina: vou gritar mesmo, tu tem sorte que eu só tô gritando. —bateu palmas.

Cheguei bem perto dela e segurei o seu maxilar.

Escobar: eu falei pra tu parar de gritar não foi? Tá aí igual uma louca fazendo ceninha à toa.

Marina: à toa? À toa nada, eu tenho foto, vai dizer que é à toa e eu sou louca?

Escobar: tô dizendo que à toa porque eu não tenho nada contigo não, posso pegar quem eu quiser e levar pra onde eu quiser. Faz um favor pra si mesma? Começa a se valorizar pô, segue tua vida sem mim, larga do meu pé porra. Toda vez que fazer show como se fosse minha mulher, tu é minha ex porra! Já foi caralho, passado. Agora mete o pé daqui, anda. —ela me olhou chorando.

Marina: você vai se arrepender disso, você vai ver. Quando tu precisou, eu estava do seu lado, fechei contigo no claro e no escuro, Vinicius. Agora quero ver se essas piranhas que tu arruma vai cair no miolo contigo, se vai segurar cadeia.

Escobar: sou grato a tudo que tu já fez, é por isso que até hoje dou uma moral pra tu. Só que também não preciso de você não, assim como tu não precisa de mim pra viver. Melhor cada um no seu lugar e é isso pô, segue tua vida. —abri a porta e antes dela sair, ela se virou pra mim.

Marina: avisa pra marmita da vez, que quando ela me ver, manda ela correr. Porque se eu pegar é sem historinha. —disse e saiu.

Tô falando, malucona pô. Só não larguei o balde ainda com ela porque a mina é responsa e eu tenho uma gratidão imensa por ela, quando cai nas grades quem ia me visitar ela era e minha mãe, mesmo eu e ela nem estando mais juntos, ela ia lá.

Mas sempre joguei limpo com a Marina, nunca levei ela enganada e ela sabe bem disso.

Sempre que sai em fake ou qualquer boato que eu tô com alguém ela da dessas, surta, joga as paradas na cara e eu fico bolado. Mas também é culpa minha se ela da dessas, dou muita moral. Só deixa ela continuar assim também, quando eu pegar pra dar uns travas ela vai ver.

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