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ESCOBAR 📿

É pica atrás de pica pra mim resolver. Aquele bagulho daquela lista tá fodendo minha cabeça. Eles invadiram o outro lado da maré antes de ontem, foi troca ao de tiro firme durante maior tempão, fiquei até escaldado de brotarem pra esses lados de cá, mas não vieram.

To so querendo que fique tudo suave pelo menos até o aniversário da Beatriz, ela tá toda feliz com a festa dela e eu quero que ela aproveite pra caralho, tá ligado? Porque no domingo mermo quero mandar ela pra longe daqui do Rio.

To ligado que se ela tiver por aqui eu não vou conseguir ficar suave pensando que a qualquer momento ela pode tá correndo algum perigo. Por isso até já vi uma casa lá em Bh pra ela ir. Passei até o papo pros meus pais, minha coroa que bateu cabeça e não queria ir de jeito nenhum por causa da pensão, mas até meu pai viu a gravidade do bagulho e me ajudou a convencer ela a ir pra lá.

Não sei quanto tempo elas vão ficar lá, mas é só eu conseguir fazer com que a ideia deles matarem todos daquela lista sumam, e eles recuem de vez. Aí sim o negócio vai tá suave e vou poder ficar em paz com minha família.

E o que eu mais quero é isso, paz! Agora que soube que ia ser pai, era pra ser um momento de só felicidade, sem preocupação com nada, mas não, tô tendo que resolver vários bagulhos, tô tendo que ficar longe da minha mulher.

Fico cheio de neurose sabendo que ela tá lá no cpx Alemão, grávida do meu filho, sozinha e que a qualquer momento alguém pode vim de tróia pra cima de mim e usar ela pra me atingir. Mesmo tendo os irmãos dela lá, não confio não, só ia confiar se ela estivesse aqui comigo, segura!

R3: eles receberam a lista, Escobar. E mandaram mais um recado pra tu. —entrou na sala com uma cara nada boa— tua cara tá na mídia.

Escobar: pai ta famoso agora. Na onde você viu isso?

R3: passou na record, no cidade alerta. Tu tá sendo acusado da morte daqueles moleque que morreram do outro lado.

Quando eu falo que o sistema passa tudo de forma distorcida é isso aí. Me acusando da morte de duas crianças inocentes que morreram durante o conflito que teve do outro lado da maré, sendo que como, a bala que matou os moleques saíram do fuzil deles. E pior ainda, nem daquele lado eu faço meus corres, é outra facção.

Escobar: tudo tem que ficar suave até amanhã, R3. Quando a minha família tiver longe daqui, eu vou começar agir. Mas com eles aqui, não vou fazer nada, porque se mexerem com a minha família, Rio de Janeiro vai ficar pequenininho pra mim.

R3: e o que tu vai fazer pô? Tem o que fazer não. Tua cara passando na mídia e tu levando a culpa de um crime que nem cometeu.

Escobar: um crime a mais ou um crime a menos não faz diferença na minha fixa não, e isso é o de menos.

R3: o certo é tu se mandar com a tua família, vai com eles pra longe e fica um tempo longe até tudo isso se abafar, quando esquecerem da tua cara, você volta.

Escobar: eu não vou fugir dessa guerra não, tô ligado que eles vão subir aqui na intensão de matar e prender geral e a gente vai retrucar, vamo matar até eles ver que com a gente não tem chance não.

R3: tu tá sendo burro, escuta eu que tô macaco velho já. Você vai ser pai agora, Vinicius. Se tu sumir, eles vão da uma esquecida de você e consequentemente abandonar essa ideia de matar todo mundo daquela lista.

Escobar: tu tá no mesmo barco que eu, tá falando pra caralho de mim aí, mas tu vai ser pai também porra. Eu vou ficar aqui e vou tá na guerra contigo! Vamo trocar bala com eles, até eles desistirem. Se for preciso a gente invade aquele batalhão e mata um por um, mas recua eu não vou. —falei olhando pro seu olho que não desviada do meu.

R3: só some por uns meses, a tua cara ta estampada, geral agora sabe quem tu é, menor. Eles vão vim no foco de pegar só tu pô, e não vai ser pra prender, vai ser pra matar você. Tu quer mesmo seu filho nascendo sem pai?

Tucano: aí patrão —apareceu na porta. Ele olhou pro R3 e depois pra mim— iii cheguei na hora da DR.

R3: vai se foder, seu pela saco.

Escobar: quer o que tu?

Tucano: aquele doidão ta no QG já, gritando pra caralho lá.

Escobar: bora lá. —levantei da cadeira e passei pelo R3 que segurou meu ombro.

R3: pensa no que te falei, na moral. —concordei com a cabeça e sai de lá.

Um risco que eu corro nessa vida, é morrer, e eu já tava ligado nisso. Antes não tinha nada a perder, mas agora eu tenho.

Mas fugir, agora pra mim não é uma opção.

Entrei no QG junto com Tucano e olhei aquele arrombado amarrado na cadeira, já estava com algumas marcas roxas pelo corpo e o nariz sangrando, devia ter resistido e por isso ta assim.

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