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BEATRIZ 🌪

Fazia um tempinho que eu não vinha aqui na maré, por vários motivos, mas o principal era porque sempre que eu estava aqui, todas as lembranças vinha mais a tona que o normal.

Bia: bom dia, Ale.

Alexandre: bom dia Bia, tudo bem? —confirmei.

Bia: e voce?

Alexandre: estou bem também pô, e o bebê?

Bia: a princesa tá bem. —ele sorriu.

Alexandre: caraca, perdi a aposta pô.

Bia: você e todo mundo né? Geral achando que vinha um menino.

Alexandre: tá indo pro R3? —assenti— mais tarde broto lá então.

Bia: tchau.

Alexandre: tchau, cuidado.

Conheci o Ale por meio do R3, ele tinha feito um churrasco e o Ale tava lá também. De início ele tava dando em cima de mim, mas eu rapidinho cortei, não penso e nem me imagino namorando ou me envolvendo com alguém tão cedo.

Cheguei e já fui logo lavando minha mão, passei álcool e subi correndo pro quartinho do Caleb.

Bia: aí meu pingo. —falei me aproximando da Lorena que segurava ele no peito.

Lorena: fica com ele pra mim fazer xixi, por favor amiga.

Bia: vai lá, se quiser tomar um banho também, eu olho ele. —peguei ele com cuidado e ajeitei em mim.

Lorena: você tá me salvando, de verdade!!

Ser mãe é difícil pra caralho ja, ainda mais quando tu tem que se virar sozinha, fica foda. Caleb era bem chorão sabe? Só gostava de ficar no peito da mãe dele e em pé, uó de verdade!

E como a Lorena ficava sozinha de tarde, a mana tinha que se desdobrar em duas pra fazer as coisas aqui. R3 ficava quando dava, ele ajudava bastante também, mas como ele agora tá de frente daqui, era corrido demais.

A cara da Lorena estava péssima, cara de morta mesmo, estava com pijama no corpo ainda, cabelo preso num coque e o mais foda de ver é que ela estava assim, mas o Caleb não, estava todo limpinho, cheirosinho e tudo mais.

Enquanto ela tomava banho esse menino começou a chorar aqui, não era fome e nem dor, então só troquei a fralda de xixi dele e fiquei de pé balançando devagar até ele se acalmar.

Lorena: você não tem noção de como estou cansada.

Bia: da pra ver no seu rosto.

Lorena: maternidade não é moleza não, ainda mais eu que tô como? Sozinha. Você pelo menos vai ter as avós dele pra ajudar.

Bia: tenho sorte de ter as duas comigo, mas não quero ficar ocupando elas não.

A gente pegou duas cadeiras e sentados em frente a casa dela pro Caleb tomar o solzinho dele enquanto a gente batia papo.

Marina passou aqui em frente com a irmã dela e me encarou, mas desviou o olhar rápido. Quando a notícia da morte do Vinicius veio a tona, ela começou postar várias coisas na rede social dela, pagando de viúva sofrida, fiquei num ódio do caralho né? Porque eu já estava mal, ainda tinha ficar vendo essas coisas.

Mas aí R3 deu um trava babado nela, papo até de coça pra ela ficar esperta e parar de me atormentar. Porque eu tenho uma sede babado dessa mona, vontade imensa de catar ela e socar todinha mesmo.

Vi uma moto rosa pink vindo na nossa direção, quando reconheci a pilota era logo quem? Rayssa pô. Vindo toda na acelerada e fazendo zig zag.

Lorena: diminuiu isso aí que eu não confio em tu não mona.

Rayssa: quem amou? Tô motorizada agora, só de rolezin pela comunidade.

Lorena: e esse plástico aí no braço?

Rayssa: acabei de sair do estúdio, fiz uma tatuagem nova. —nem tinha reparado na tatuagem até a Lorena falar, olhei e vi o plástico em volta do braço que estava meio avermelhado, me levantei pra olhar a tatuagem— gostou?

Era a data de nascimento e de morte do Vinicius e o rosto dele, tava linda pra caralho, mesmo estando avermelhada e o plástico com um pouco de tinta, dava pra ver.

Bia: tá perfeita. Doeu?

Rayssa: nem tanto, eu dormi metade da sessão. Queria fazer tem um tempo, só tava criando coragem mesmo.

Eu não tenho tatuagem nenhuma pelo meu corpo, mas eu tatuaria algo pra representar o Vinicius, só que como tô grávida nem consta né?

Meu celular começou a tocar, era um número desconhecido que já tinha me ligado várias vezes antes, já tava até de saco cheio pô.

Atendi, mas a pessoa ficou em silêncio do outro lado da linha, toda vez isso, que ódio cara.

Bia: não tem o que fazer não? Vai infernizar outra pessoa, me erra! Vou até bloquear já, chatice pô. —desliguei o celular e bloqueei, sai fora, toda vez isso.

Rayssa: quem era?

Bia: aquele número que me liga e não diz nada.

Rayssa: acredita que recebi ligação de um número assim também? Até minha tia pô, mesmo número. —me mostrou e eu peguei o celular vendo que era igualzinho.

Bia: aí credo! Já até bloqueei, deve ter alguém querendo fazer uma brincadeira de mal gosto.

Se fosse há um tempo atrás até criaria alguma esperança né? Mas agora que já fazem 5 meses da morte dele eu prefiro aceitar do que ficar criando expectativa.

Eu não cheguei a ver o corpo do Vinicius, foi caixão fechado sabe? Mas porque o corpo estava irreconhecível, Ricardo disse que estava cheio de tiro, todo inchado e roxo, coisa feia mesmo.

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