Prólogo

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Seis anos antes●

BERENICE


Eu estava no chão depois do que aconteceu, não podia acreditar que estava passando por isso outra vez. Eu tinha apenas treze anos e ele deveria me proteger.

— Levanta....— Meu pai ordenou enquanto fechava o cinto e eu obedeci. — Se a sua mãe souber oque anda acontecendo, ela morre, e você vai morar com sua avó —

Segurou meu braço.

— ME ENTENDEU, SUA PUTINHA ? —


— Sim — Funguei em meio as lágrimas. — Me solta, por favor, pai —

Ele fez isso e eu fui para o banheiro.

Liguei o chuveiro depois de trancar a porta e fechei os olhos, tentando não chorar.

Meu Deus, porque comigo ?

Apertei as mãos com tanta força, que senti minhas unhas cortando a palma.

— Filha ? — Era minha mãe batendo na porta sanfonada do banheiro. — Cheguei, vem me ajudar a fazer a janta ! —


Respirei fundo tirando o restante de forças que eu tinha em meu corpo.


— Já vou, mãe ! —


Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha. Fui para o quarto e abri a cortina fechando a passagem, me certifiquei de que meu pai não estava me troquei rapidamente.

— Caralho, Berenice, a tua mãe te chamou, você é surda ? — Ele abriu a cortina, eu já estava de calça e blusa meia manga. — Vânia adianta com isso, porque eu tô com fome —


Fui até a cozinha mal iluminada e vi minha mãe temperando asas de frango.


— Oque eu faço, mãe ? —


— O arroz. E lava o alface também — Ela colocava óleo na frigideira mas pude sentir quando me olhou de relance. — Você caiu ? —

Neguei.

— Tá mancando porque ? —


— A, eu...eu cai sim, tem algum remédio pra dor mãe ? —


Lavei o arroz.


— Antes de dormir, você toma um dorflex — Assenti fazendo oque ela tinha mandado.


Horas depois eu estava na cama virada pra parede, quando minha mãe me cutucou.


— Bere ? Tá acordada ? — Me virei e minha mãe sorriu me entregando o remédio.


— Obrigada mãe — Tomei e ela beijou minha cabeça. — Posso ir com a senhora, amanhã ? —


— Você tem aula, nem pensar, e amanhã a faxina é na casa da dona Amanda. Ela não gosta de crianças — Fiquei muda e só balancei a cabeça. — Boa noite filha, te amo —


Olhei meu pai deitado na cama de casal, parecia dormir.


— Mãe...— Sussurrei e meu pai se virou olhando pra mim. — Te amo também...—



Ela sorriu e se ajoelhou pegando a bíblia. Começou uma oração baixa.


— Senhor, obrigado por mais um dia que passou, e se for da tua vontade me dê mais um para lutar. Obrigado pela minha família. Te peço pra cuidar do meu marido, da minha filha também, não deixe que nenhum mal chegue a ela, realize os sonhos da minha princesa.

Obrigado meu Deus pela tua infinita misericórdia —





CAVEIRA

Na mira do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora