Na mira do Amor

Você me tem

CAVEIRA

A ambulância chegou e tentaram tudo, ficaram quase uma hora tentando reanimar a Vânia.

Eu contei que ela tinha câncer e parou o tratamento.
Eles disseram que levariam ela e precisavam que alguém fosse cuidar de tudo.

Peguei o endereço do IML e subi pra minha casa.

Entrei no quarto vendo a Berenice dormindo e suspirei. Logo eu tinha que dar a porra da notícia.
Acendi a luz.

— Berenice ? — Passei a mão no ombro dela. — Ei...acorda aí —

Berenice abriu os olhos assustada sentou na cama.

— Oque foi ? —

— Preciso bater um lero com você — Me sentei ao lado dela.

— Oque foi ? — Olhou as horas no celular, já passava da uma da manhã. — Você tá me deixando preocupada, fala logo ! —

Bufei olhando pra ela.

— Mano, sabe que a gente vai ter um filho...tu vai ter que ser forte, bem mais do que já é —

Ela quase gritou pra eu falar.

— Sua mãe...—

Puta merda, eu estava nervoso que só a porra, como conto pra alguém que a mãe morreu, com normalidade ? Sem condição !

— Sua mãe...morreu, Berenice —

— Eu entendo que não me suporte, mas brincar assim é ser muito filho da puta —

Continuei sério e só reafirmei.

— Não...não...para. Eu tô falando sério — Era a fase da negação.

Ela começou a chorar e eu fiquei perdido. Mesmo assim, contei oque houve e ela olhava o chão enquanto negava o fato.

— Aê...eu vou cuidar de tudo pra você, fica suave —

— Não...não precisa — Fungou e tentou levantar. — Que ódio !!! —

Sentou outra vez e eu a abracei.

Mesmo naquela merda de situação, eu me senti bem com aquele abraço, mesmo depois de tanto tempo.
É um egoísmo do caralho pensar nisso agora, mas é só a verdade. E eu estaria ali pra ela, independente do que fosse.

BERENICE

Eu me sentia fora do ar, aquilo só podia ser mentira. Eu queria tanto que fosse.

— Foi tudo em vão, tudo. Eu passei anos sendo puta pra ajudar ela. E do que adiantou ? Ela parou com o tratamento e morreu, antes de morrer, ela nem falava mais comigo —

Olhei ele nos olhos.

— Eu te imploro, fala que é mentira, que é tudo brincadeira de mal gosto —

— Foi mal...eu não posso — Me puxou pra mais perto. — Tu vai ficar bem, e eu te garanto que ela morreu sabendo que você foi a melhor coisa na vida dela. Ela só não teve tempo de te falar —

— Não, ela morreu achando que meu pai era o certo, e que eu fodi com tudo — Apertei a camisa dele enquanto mais e mais lágrimas desciam. — Eu só queria que ela soubesse que eu não fui culpada —

— Ela sabia, eu juro, ela sabia — Fez carinho em minha cabeça e ficamos daquele jeito por muito tempo. — Berenice, pode ficar...eu tenho que ir lá —