Mentira

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BERENICE

Alguns dias depois e a porcaria da menstruação ainda não havia descido.

Decidi fazer logo a merda dos testes quando chegasse em casa.

No momento estava fazendo as compras do mês lá pra casa. Eu realmente fico besta a cada mês que venho, tá tudo cada vez mais caro, Deus me livre.

Passei na parte do hortifrúti e peguei bastante coisa, minha mãe ama verduras e tudo que é fruta.

— Vanessa, vagabunda, pesa isso aqui —

Ela se virou rindo. Minha amiga já trabalha aqui há dois anos e sempre que a gente se vê é uma graça que só.

— Olha garota, eu vou te processar, tá ? Você está ofendendo uma trabalhadora — Rimos. — Amiga, tu tá tão linda —
Pesou os tomates e eu foi colocando um monte de coisa pra ela pesar também.

— Acho que tô grávida — Ela riu achando graça e eu fiquei séria mostrando que não era brincadeira.

— Para de graça — Deu risada outra vez e eu continuei séria. — Caralho...— Arregalou os olhos. — Do Caveira ? — Sussurrou e eu somente assenti.

— Até porque eu não transo com mais ninguém — Ela me olhou estranhando. — Oque ? —

— O PL disse que você transou com ele no dia do baile — Pesou as laranjas.

— Eu não faria isso. Primeiro porque eu NÃO gosto dele, e segundo, porque ele é quase casado.
O seu irmão é um filho da puta, mentiroso. No dia que fui pro baile, eu saí de lá com o Caveira, e como seu irmão mesmo disse, eu prefiro dinheiro e sou uma vadia —

— Eu vou matar o PL, ele é muito babaca — Ficou nervosa só de lembrar que era o irmão dela.

— Espero que não pense que só porque dou pro Caveira pelo dinheiro, eu tô dando pra qualquer um. Sabe bem que eu não sou assim, eu só faço oque faço, porque não consegui outra coisa, e até hoje não consigo —

— Eu sei amiga, só consegui isso aqui porque menti meu endereço. A maioria das pessoas do morro fazem isso, e as outras, graças a Deus conseguem sem precisar mentir — Terminou a pesagem. — Vai fazer oque ? —

— Primeiro vou fazer o teste, depois...só Deus sabe — Ela segurou minha mão.

— Sei que é complicado, mas se der positivo. Lembra, o bebê não é culpado de nada — Assenti, beijei o rosto dela e sai rápido. Espero que eu esteja errada.

...

Tirei as compras do carro e xinguei o motorista mentalmente. O babaca disse que não ia subir, mesmo com os meninos liberando a entrada.

Olhei aquilo tudo no chão, eu não ia conseguir subir sozinha. Mas comecei a pegar as sacolas, pedindo muita força pra Deus.

Ouvi Erick xingando o motorista e quando o mesmo deu meia volta, meu amigo mostrou a arma e o bicho saiu igual o flash.

— Toma conta aí que eu já volto — Falou pra outros dois caras e se aproximou. Pegou quase tudo e fomos subindo. — E teu namorado ? —

— Que namorado, Erick ? — Perguntei já nervosa, ele vive de graça.

— A vá, que namorado Berenice ? — Ela fez careta careta e eu ri.

— Se tiver falando do seu amigo e chefe, eu vou te bater — Bufei. — Sabe bem que são só negócios. Minha mãe tá doente e eu preciso do dinheiro — Suspirei. — Bom...agora só para os remédios —

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