Chorando de novo

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CAVEIRA


Dois dias se passaram e eu estava pior que nunca. A única alegria eram meus filhos.

Eu trouxe o Dan pra casa ontem a noite e a Jú quase teve um treco, foi a única hora que sorri.

Ela ficou tão feliz que me contagiou, mas infelizmente a alegria passou assim que viu que a Berenice não passou pela porta outra vez.

Eu menti, dizendo que ela precisou ficar no hospital mais uma vez pra se recuperar.


O bebê mal dormiu, tomava fórmula e chorava, arrotava e chorava, ele só chorava desde ontem. Beth até me ajudou com ele, mas mesmo assim, meu filho não deu trégua, se eu não tava dormindo por causa da Berenice, agora é que eu não ia dormir mesmo.

Olhei ele no berço e suspirei.


— Tua mãe ficava aqui uma pá de tempo, olhando e babando em tudo, só imaginando como você seria —


Passei o polegar por uma das bochechas dele, que enfim tinha dormido.

Sai do quarto e vi a Júlia no corredor.


— Ei...— Ela me olhou e voltou.


— Pai, você vai trazer minha sua suástica hoje ? — Fez bico. — Eu tô com saudade —


— Olha, eu vou fazer de tudo pra trazer ela, tá bom ?. Mas se o médico disser que ela tem que ficar, eu não posso fazer nada —


— Pai, e se a gente orar por ela ?. A tia Beth, disse que tá orando muito — A peguei no colo e beijei sua bochecha.


— Quer tentar ? Ainda lembra de quando te ensinei ? — Ela assentiu. — Vamos lá então — Entrei no quarto dela e me ajoelhei, deixei ela no chão e fui imitado. — Começa —


— Papai do céu, obigado por tudo que eu tenho. Eu preciso de um gande favor. A minha mamãe, tá no médico, ela não tá bem, então por favor, ajuda ela e deixa ela voltar pra casa.
A gente ama o Senhor e ela também, amém —


Limpei o rosto e ela perguntou porquê eu estava chorando.


— O papai não tá chorando não, princesa — Sorri. — Olha, eu vou lá ver ela, tá bom ? —



— A gente já orou, agora trás ela — Sorriu e beijou minha bochecha. — Eu posso cuidar do Daniel ? —


— Pode sim, mas quando acordar, ele acabou de dormir, então deixa ele quietinho, tá ?.
E promete que não vai pegar ele sem um adulto por perto, por favor ? —


— Eu sei, né, eu posso deixar ele cair sem querer. Então, não vou pegar —


Desci as escadas e avisei a Beth que já estava indo, ela ficou me olhando com cara de piedade e eu sai logo.


Cheguei no hospital e dei meu nome, em seguida peguei o adesivo de acompanhante e colei na minha camisa.
Fui pro quarto em que ela estava e me sentei na poltrona ao lado da cama.

Fiquei quieto e apenas passei uma mão pela cabeça dela, observando que estava mais corada e sua pele mais quente.
Sentia uma saudade da porra de abraçar ela, ou a ouvir dizendo que Daniel queria beijo.

Ri me lembrando.


— Tu é demais — Continuei o carinho. — A Júlia orou por você...disse que era pra eu te levar pra casa —

Fitei o chão.

— O Daniel ficou pilhado a noite toda, só dormiu tranquilo agora pouco, eu contei que tu ficava toda boba lá no quarto dele —

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