BERENICE
Fui levada pra casa e em seguida para o quarto.
— Obrigado, Miguel —
Ele me olhou por alguns instantes, acho que as pessoas raramente chamavam ele pelo nome.
— Desculpa —
— Tá suave, sinto saudade de quando eu era o Miguel — Pareceu lembrar do tempo de criança.
— Você tá bem ? — Ele assentiu. — A Júlia...falou que me ama, e me chamou de mãe...—
— Gostou ? Tá sorrindo igual uma tonta — Revirei os olhos. — Tu falou oque ? —
Levantou uma sobrancelha.
— Disse que amava ela também — Olhei minha perna ainda cheia de sangue. — Pega uma toalha úmida por favor ? —Ele foi ao banheiro e logo voltou com oque pedi.
— Obrigado — Tentei pegar e ele puxou começando ele mesmo a limpar minha perna. — Ela já tinha pedido uma mãe ? —
— Uma pá de vez, perguntou até se dava pra comprar uma — Dei risada. — A pior parte é nas porra de apresentação da escola, ela chora que só a porra. Ano passado não deixei ela fazer não —
— Bom...tá pertinho o próximo dia das mães, se quiser eu vou — Dei de ombros e ele pensou um pouco e acabou concordando.
Ficou tudo quieto, ele parecia pensativo.
— Por mais não que gosto, eu tenho que agradecer. A Júlia me mostrou como você ficou pra proteger ela...pelo lado que pegou na tua coxa...se não tivesse feito isso, tinha acertado a coluna da minha filha —Permaneci em silêncio.
— Valeu...não tenho como te agradecer, tenho certeza que ela te colocou no lugar da mulher maravilha hoje —
— Não tem que agradecer, eu já amava ela bem antes de vir pra cá — Ele ficou me olhando de um jeito estranho, mas eu não disse nada.
— Júlia vivia falando da tia da padaria — Riu. — Me lembro de uma brincadeira que fiz com minha filha.
A Ju, disse que a mulher era muito bonita e eu disse pra ela que ainda ia ficar com a tal. Eu nunca vi ela tão feliz como naquele dia. Eu não fazia ideia que era você —
— Quando viu que era eu...se decepcionou ? — Ri sem humor e senti o Daniel chutando.
— Jamais —
Peguei a mão dele e coloquei em minha barriga. Ele evitava fazer isso, acho que pra não me tocar.Mas, eu gostava de falar quando o bebê estava chutando, ou chamar a Júlia pra por a mão. Ele ficava de canto, olhando de rabo de olho, como um cachorro que tá doido pra participar de algo.
— Tá sentindo ? —
— Tô sim — Respirou fundo deixando a mão ali, até meu filho parar de chutar. — Na moral, quando descobri que era menino eu fiquei louco, e ouvir o coração dele ? Se é louco, o pai babou. Eu quero ele longe dessa vida —
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Na mira do Amor
RomanceDesalmado e sem amor, está disposto a lutar pela sua comunidade mas não por seu próprio coração, ele é rancoroso e problemático. O Famoso Caveira leva no peito um ódio mortal por sentimentos e pretende continuar assim. Mas a vida cobra oque não est...