Entendo o motivo

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CAVEIRA



Sentei na minha cadeira e acendi um cigarro. Erick já veio pesar.

— Aí, chefia ? Churras fim de semana ? — Olhei com cara de cu.


— É pô, mais um roubo com sucesso, várias encomenda pronta — Jamaica incentivou. — Bora bate uma pelada e depois um churras —


— Tão me achando com cara de açougueiro nessa porra ? — Deixei meu maço de cigarro na mesa.


— Jamais, irmão, mas até tu merece descanso — Jamaica riu do interesse.


Levantei pegando minha mala de grana.


— Eu libero a casa —


— Só ? Qual é, patrão, ó o tanto de grana, pô — Riram e eu mostrei o dedo.


— Bando de folgado da porra, puta que pariu — Enfiei meu celular no bolso. — Se quiser, é a casa, e a cerveja, se não, fodam-se vocês. Não sou pai de ninguém aqui não —

Sai de lá e subi na moto rumo a minha casa.


Entrei depois de cumprimentar os moleques da segurança e vi a Beth sentada no sofá, ela tava capotada.

Subi sem acordar ela e guardei a grana no cofre.
Olhei em todo canto e não vi Berenice, nem Júlia, desci outra vez e comecei a ouvir uma pá de risada.

Abri a porta dos fundos e fui pra área de churrasco, vi as duas de boa na piscina, rindo que só a porra.

Sentei distante sem atrapalhar e fiquei na encolha observando.
Julia era toda solta com a Berenice, brincava que só.


— Ju...não quer sair ? — Berenice perguntou e minha filha negou. — Não está com fome ? —


— Não, tia — Julia soltou o pescoço dela. — Me deixa boiar de novo ? —


— Primeiro, não precisa ficar me chamando de tia, meu amor, pode chamar de Berenice, ou Bere —


— Mas é feio, tia — Encolheu os ombros ficando com vergonha do que falou.


Berenice riu igual uma foca, pela sinceridade da criança.


— Ju...você é uma comédia —


— Também acho feio — Levantei e tirei a camisa. Elas me olharam assustadas. — Mas aê, Júlia...tu não pode sair falando não, morô ? Feio ou não, não é da tua conta, falou ? —


Ela assentiu e pediu desculpas.


— Não tem problema, ela é só uma criança.  Elas são cinceras, e eu também acho feio — Berenice tentou contornar.


— Por mais que eu ache teu nome zoado, eu não saio falando. E cinceridade, é uma coisa, falta de respeito, é outra. Tem que ensinar desde pirralha —


— Tá bom...maas...— Beijei o pescoço dela. — Ela já pediu desculpas, né ? —


— Siiiimmm — Ju balançou os pés. — Pai...entra com a ente ? —


Fiz um sinal positivo com a cabeça e pulei na piscina jogando água pra todo lado. Logo voltei pra superfície e fui até elas.


— Vem cá — Peguei a Julia. — Na moral, esqueço toda vez de comprar tuas boias — Ela riu.


— Não precisa, a tia Bere tá aqui, ela me segura — Ela me olhou rindo.


— Nunca vi mais folgada. Tá achando que tem empregada, é ? — Sentei ela na borda da piscina e vi a Berenice mergulhar. — Faz tempo que tá aqui ? — Arrumei o boné de princesa na cabeça dela.

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