CAVEIRA
Foi tudo uma merda. Velório, enterro e o caralho a quatro, a Berenice ficou malzona.
Uns parentes dela que moravam fora do morro foram. O Erick com a mãe e a Katia, a Vanessa, o PL, a dona Maria e mais uma pá de gente do morro que conhecia elas também foi.
Depois de enterro eu pedi pro Erick levar a Berenice pro meu carro que eu já ia lá.
Olhei a lápide e assentei a terra com o pé.
— Na moral, vou ser sincero. Eu ainda tenho raiva de tu pelo que fez com ela, aquele dia. Mas eu li a carta, e como pediu, vou entregar pra ela.
Outra coisa, pode ficar tranquila, eu vou cuidar da Berenice, prometo proteger ela como você nunca protegeu —Sai andando e fui pro carro, não via a hora de sair dali, tudo me lembrava a morte do meu coroa.
Vi Erick conversando com a Berenice pelo lado de fora e ela sentada no carro olhando pra frente.
— Eaê —
— Vou nessa, baixinha — Erick beijou a cabeça dela. — Fica bem —Ele me olhou e fez um toque.
— Eaê, irmão —
— Valeu por vir, ela gosta pra caralho de você — Ele assentiu.
— Cuida dela, falou ? — Confirmei entrando no carro e ele foi até sua moto. Katia esperava lá perto.
...
Uma semana passou e estava na hora de cumprir o prometido pra morta.
— Berenice ? —
Entrei no quarto e ela estava deitada com a Júlia.— Oi...— Sentou se apoiando. — Tá tudo bem ? —
— Suave — Sentei ao lado dela. — Tenho que bater um lero com ela, Júlia. Daqui a pouco tu volta —
Ela fez bico e saiu batendo o pé.
— A Beth tá fazendo bolo ! — Ouvimos os passos dela correndo e rimos.
— Então, o dia que a dona Zira chamou a ambulância, eu entrei na tua casa antes de vir pra cá. E achei isso em cima da mesa, tá escrito aqui atrás que se alguém encontrasse antes de você, era pra te entregar uma semana depois.
E eu tô fazendo isso —Deixei a carta na mão dela e levantei.
Ela segurou meu braço com a mão livre.
— Fica...por favor ? — Sentei outra vez, e ela abriu a carta, parecia criando coragem para ler.
BERENICENão imaginava que receberia uma carta da minha mãe, e por mais que ansiava ler o que estava ali, eu não queria estar só.
Respirei fundo e olhei o pai do meu filho, ele estava calado e sério, mesmo assim, senti como se me incentivasse.
Olhei o papel.
"Escrevo essa carta, numa quarta - feira, direcionada a minha filha, Berenice."Filha, não sei como começar, então, vou pela pior parte.
Eu quero que saiba, que não foi culpa sua e que eu te amo.
Me desculpa, se eu fiz você parecer culpada e te acusei, eu sinto muito.
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Na mira do Amor
RomanceDesalmado e sem amor, está disposto a lutar pela sua comunidade mas não por seu próprio coração, ele é rancoroso e problemático. O Famoso Caveira leva no peito um ódio mortal por sentimentos e pretende continuar assim. Mas a vida cobra oque não est...