Preciso ser feliz

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BERENICE

Acordei pela manhã sentindo meu corpo doer.
Me levantei calmamente e fui ao banheiro, fiz minha higiene matinal e saí.

Olhei o armário da cozinha e ainda tinha bastante coisa, conferi a validade de tudo e abri uma bolacha.
Quando chegasse ao meu destino, pediria pra Vanessa doar esses alimentos também.

Ao terminar de comer, voltei pro quarto e me deitei novamente, meu ânimo tinha ido ralo a baixo.


Liguei meu celular e tinham muitas ligações de todos. Eu queria sinceramente arrumar outro celular e jogar aquele na privada.

Entrei num site de passagens e pesquisei alguma pra fora dali.

Meus únicos parentes vivos, eram alguns aqui na cidade, fora do morro, eu nunca tive muito contato com eles, até foram no enterro da minha mãe, mas o afeto com eles era o mínimo.

E eu também tinha uma tia de Minas Gerais.
Eu falava com ela poucas vezes, mas já tinha recebido alguns convites, pra ir morar lá, a coitada me prometeu até serviço.

Eu realmente gostei da ideia que me veio a cabeça.
Comprei a passagem de ônibus pra amanhã, estava decidida a ir embora.


— A gente vai ficar bem, eu prometo —

O dia passou lento e o morro tava agitado, eu ouvi milhares de vezes, motos subindo e descendo a toda velocidade, e em todas essas vezes eu pedia pra Deus, não deixar ninguém me procurar aqui.

Eu mantive a casa fechada durante todo o tempo e as luzes apagadas.
Arrumei a cama, fiz um lanche e subi outra vez.


Tomei banho lá pelas cinco, e coloquei um vestido branco de malha canelada e alças, marcava bem a barriga.

Eu estava conferindo meus documentos quando ouvi o barulho da porta lá em baixo.


— Merda !! —

Sussurrei e peguei a mochila, meu carregador e celular. Corri pro quarto que era da minha mãe e entrei no guarda-roupas.

Fechei a porta agradecendo a Deus por terem pendurado aqueles vestidos lá novamente e colocado as cobertas. Cobri meu corpo e me encolhi como podia, oque não era muito, pelo tamanho da minha barriga.

— Ela não tá aqui — Caveira falava alto. — Onde essa desgraçada foi ? — Socou a porta do guarda roupas e eu pulei assustada.


— O chão do banheiro ta meio molhado, Berenice passou aqui. Tô preocupado pra caralho —


Ouvi alguém bufando e em seguida a janela pareceu ser aberta.

Alguém abriu o guarda roupas e logo chegou onde eu estava. Senti alguém apalpando meu joelho e em seguida meu rosto.

A coberta foi levantada e quando vi o Erick, respirei aliviada, mas o alívio acabou assim que vi o Caveira atrás dele.

Balancei a cabeça em negação, implorando pra ele não fazer aquilo e o mesmo fechou a porta outra vez, dizendo não ter nada.


— Puta que pariu ! A Berenice tinha que fazer isso ? — Pelo tom, Erick não gostou nada de me ver ali.


— Vou ver a Júlia. A Beth, falou que ela não para de perguntar pela Berenice — Suspirou. — Daqui uma meia hora eu desço e reviro essa favela de novo —

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