Na mira do Amor

Maldita Surpresa

CAVEIRA

— Aí, não quero saber de moleza não — Vi os moleques arrumando os armamentos. — Bora meter bala sem dó —

— Mano, tu tem certeza ? Essa vingança pode dar ruim, ele deve ta esperando a gente — Erick prendeu a alça do fuzil.

— Quero nem saber, eu só sei que esse arrombado vai me pagar. Semana passada ele matou cinco inocentes aqui —

— Maldito ! — Pareceu lembrar que um dos mortos era só uma criança. — Na moral ? Tu tem razão ! —

— O TH vai ter o dele, e é hoje. Entrou no caô, arrumou beó — Coloquei um colete por cima da camisa.

A gente saiu do morro e seguimos pro morro inimigo.

— TODO MUNDO NA RESPONSA !! —

Passei rádio pros manos dos outros carros e quando chegamos lá, foi bala pra todo mundo.

Assim que achei a morada do filho da puta do TH, pipoquei a porta e entrei.

O chumbo tava pesado lá fora e eu procurando o arrombado aqui dentro.

— Tá atrás de quem ? — Atirou no meu braço. — Achou que ia vir e eu ia tá sentado no sofá, porra ? —

— Talvez — Dei risada sentindo meu braço queimando pra caralho. — Invadiu minha quebrada e achou que não ia ter consequência ? —

— Consequência do que ? Eu só tentei pegar oque é meu por direito, e matar o assassino do meu pai —

— Uma porra. Quem comandava, era meu pai, o seu, só foi um traíra de merda. Que eu matei com gosto, e vou fazer questão de fazer o mesmo com você —

— Que isso, priminho ? — Sorriu. — A família não pode ficar brigando, a gente tem que se unir. Tá chegando mais um integrante. Vai ter um bacuri, né ? —

Travei o maxilar.

— Como sabe disso ? — Mirei a cabeça dele sentindo o fuzil pesar mais e mais por causa do braço baleado.

— Noticia corre. E eu tô doido pra conhecer a mãe do teu filho — Passou a língua nos lábios. — Ela é boa ? —

Meu primo, achou que ia ficar como sempre, mas dessa vez, NÃO.

Atirei na cabeça dele e acabei com essa merda de jogo de gato e rato.
Desde que matei Rodrigo, o TH assumiu o morro e jurou minha morte.

Essas merdas viviam acontecendo, ele invadia, eu invadia e a gente se esmurrava e ficava por isso.

Antes de ter que matar meu tio, eu e TH éramos praticamente irmãos. Eu nunca consegui matar ele, mas ouvir ele citando o meu filho e perguntando da Berenice daquele jeito. Me fez acabar com essa merda toda.

— Eu disse pra ela, que ninguém mexia com a mãe do meu filho e ninguém vai — Chutei o corpo dele e sai.

Já em Paraisópolis, a gente comemorou a morte e a grana que trouxemos de volta pro morro.