BERENICE
Eu não dormi nem por um segundo, me sobrou choro e faltou sono.
Levantei perto da hora combinada, penteei o cabelo e escovei os dentes.
Coloquei na mochila tudo que tirei pra conferir antes de sair.Erick chegou, e eu desci as escadas sendo guiada pela lanterna do celular. Sim, eu fiz tudo com a lanterna, ainda não queria ser descoberta.
Fechei a porta e olhei a casa por fora uma última vez, suspirei e sai.
Erick me deu um capacete e após colocar rapidamente, eu subi na moto me segurando nele.
— Por favor, vai devagar —
— Só depois de sair do morro — Fechou a viseira. — Segura firme —
Apertei ele pra me segurar e o mesmo acelerou passando por trás da favela.
Quando chegou no asfalto diminuiu a velocidade.
— TU TÁ BEM ? —
— SIM — Respondi na mesma altura e encostei a cabeça nas costas dele.
Comecei uma breve oração em pensamentos.Meia hora depois nos estávamos na rodoviária e eu checava minha passagem enquanto Erick segurava uma cara de cu gigante, me pedindo pra desistir, mas me mantive firme.
Depois de tudo pronto, eu teria que esperar por mais uma hora até o ônibus sair.
— Então...—
— Tu tem certeza disso ? Mano, tu não vai poder simplesmente voltar quando o Daniel nascer. Ele não vai deixar barato, o Caveira é a pessoa mais rancorosa que já vi —
— Tenho, Erick ! — Suspirei. — Eu gosto dele, mas, eu sei que se eu não for embora hoje, eu não vou nunca mais, e eu não posso continuar me machucando —
— Então, já é — Me abraçou. — Se precisar de qualquer coisa...qualquer coisa mesmo. Eu te busco, te dou grana, passo o dia com tu, é só falar, que de moto eu chego lá sem tu ver o tempo passar —
— Obrigado — Falei ainda dentro do abraço. Eu não sabia como agradecer o Erick de maneira certa. — Daniel tá chutando...—
Sussurrei e ele passou a mão em minha barriga.
— Tá dando tchau pro padrinho —
— Sério ? — Sorriu sentindo meu filho chutando.
— Eu nunca brincaria com isso — Ele me abraçou outra vez e eu ouvi o celular dele tocando.
— Vai...a gente se fala —
— Te cuida e cuida dele...— Vi ela entrar no ônibus e suspirei. — Espero que tu saiba oque tá fazendo —
Ignorou a chamada e saiu, entrei no ônibus querendo chorar e me sentei passando as mãos no rosto.
— Toma — Ouvi Erick outra vez, ele estava com uma lata de refrigerante nas mãos e um saco de pães de queijo. — Te amo, vacilona —
Sorri.
— Te amo, vacilão — Me entregou saiu de vez.
Mais algumas pessoas entraram.
Vi pelas janelas algumas gotas de chuva caindo e fechei os olhos logo depois de comer.
CAVEIRANão dormi nada, nem os remédios que Beth me deu ajudaram.
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Na mira do Amor
RomansaDesalmado e sem amor, está disposto a lutar pela sua comunidade mas não por seu próprio coração, ele é rancoroso e problemático. O Famoso Caveira leva no peito um ódio mortal por sentimentos e pretende continuar assim. Mas a vida cobra oque não est...