Fazendo progresso

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BERENICE

 

Me levantei do sofá deixando Júlia lá.

— Vou fazer pipoca, a senhorita quer ? —


— Querooo — Sorriu animada e levantou.


Fui com ela pra cozinha e peguei uma pipoca de micro-ondas. Coloquei o tempo certo no timer e não demorou a ficar pronta.


— Quer sua mamadeira ou suco ? —


— Mamadeira ! — Fiz cara de nojo e ela riu. — Mãe...quando ele nasce ? —


Coloquei o leite pra esquentar.


— Só daqui a dois meses — Ela beijou minha barriga enquanto eu apertava o bico da mamadeira e chacoalhava o toddy. — Vamos lá pra cima ? —


Dei a mamadeira dela e segurei o baldinho de pipoca.


— Tá bom — Correu pro sofá e pegou o Robson. Foi subindo na frente e logo sumiu da minha visão.


Quando cheguei vi ela deitada com o pai.
Sentei e cobri meus pés, o Caveira esticou um braço e eu me deitei.

Júlia, ficou no meio furtando toda a pipoca.

Miguel estava em casa hoje, fazia quinze dias desde aquela nossa conversa e ele virou vários dias e noites sem ao menos descansar

Eu pedi pra que ficasse hoje e ele cedeu fácil, pois ontem mesmo, eu passei mal e tive que ir pro hospital. Senti tanta dor nas costas e falta de ar que achei que ia dessa pra melhor.


O Miguel, nesses dias, tem se mostrado mais calmo e um pouco menos resistente a toques e admissões de sentimentos.

Digo que estamos fazendo progresso.
Nos últimos três dias, conseguimos dar os últimos toques no quarto do baby e estava tudo maravilhoso, as roupinhas e utensílios no lugar e ele sempre ganhava algum presentinho a mais de um dos tios ou tias.


— Você adora esse filme, né ? — Júlia riu, essa era a terceira vez na semana que assistíamos "Sing".


— E ainda trás esse elefante nojento pra cá — Júlia mostrou lingua pro Caveira. — Olha o respeito ! —


— Por que implica tanto com ele ? — Caveira me olhou e pegou o elefante, mostrando os visíveis defeitos.


— Olha o tamanho do olho desse maluco — Tirou os pelos da frente. — Fora que ele nem fica em pé, a tromba é maior que o corpo —


Colocou o elefante na parte lisa da cama e ele tombou.


— Ele é azul e o olho dessa porra brilha no escuro —


— Vou comprar um igual pro Daniel — Ele me olhou como se eu tivesse cometido a pior coisa possível e eu acabei rindo.


— Eu te jogo fora junto com o elefante —


Ri fazendo bico e deitei a cabeça no ombro dele, Daniel chutou.


— Ele gostou da ideia — Abaixei a coberta e levantei a blusa, era nítido que o bebê se mexia em alvoroço. A Júlia viu e tampou os olhos com medo.


— Não dói ? — O pai perguntou colocando a mão. — Sossega aí, mano —


— As vezes incomoda, mas não chega a doer — Ele chutou na mão do pai e ficou esticado deixando a gente ver alguma ponta do corpinho dele, bem notória na pele da minha barriga.


Caveira deu risada.


— Tu já é uma pimenta, em  —


Júlia voltou a olhar e pediu pra por a mão.
Quando ela estava bem pertinho da minha barriga, ele resolveu assustá-la

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