Amor próprio, é tudo

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CAVEIRA


Cheguei em casa as oito e fui jantar com a Julinha.

- Eai ? Como foi na escolinha ? -


- A gente brincou, comeu...- Pensou um pouco. - A...a tia Nanda contou história e depois a gente fez um desenho -


- Tá obedecendo ou tá tocando o terror ? - Ela riu comendo o macarrão.


-
Eu sou obediente, papai - Beth começou a rir do que ela falou.


- Sei, a Beth que o diga, né Beth ? - Mastiguei.


- Ela é um amor - Sorriu. - Mas, me lembra muito alguém quando pequeno -


Dei de ombros fingindo não ser eu e tomei minha cerveja. Beth fez parte da minha infância, uma das filhas dela foi criada praticamente comigo.


- Amanhã eu te busco na escola beleza ? -


- EBBAAA ! - Sorriu batendo palmas e comendo mais macarrão. - Isso tá muito bom -


Balancei a cabeça e baguncei os cabelos dela.


- Tu é uma peça, menina -

A gente terminou de comer e eu avisei a Beth que ia sair, ela concordou e avisou o filho que ia dormir aqui hoje.
No dia do pagamento eu acertaria a hora extra.

Fui colocar minha filha pra dormir e Beth foi dormir no quarto dela. Eu deixei um quarto pra ela. Essa senhora, passa mais tempo aqui, do que na casa dela, então não custa nada, né ?.

- Júlia, já vai dar dez horas, tá na tua hora -


- Não, eu quero brincar - Continuou pulando na cama com lençol de princesa. - Vem também, ANDAAA !! -


- Tu cheirou cocaína, porra ? - Ela riu como se tivesse entendido. - Pode parar, deita agora, tá na tua hora já, bora - Ela fingiu não ligar. - Júlia ! -


Fechou a cara parando de pular quando olhei feio.


- Deixa eu dormir com você hoje, pai ??? -


- Eu vou sair, mas quando voltar te levo pra minha cama, beleza ? - Ela concordou sorrindo e eu liguei o tal do abajur. - Quer o Robson ? -

Ela assentiu e eu peguei o elefante de pelúcia que ela apelidou.

- Na moral, esse bicho é feio demais -


- Não é, não ! - Abraçou o Robson e fechou os olhos. - Te amo pai, boa noite -


- Também te amo, boa noite -


Beijei a cabeça da Julia e esperei ela dormir pra vazar. Antes de sair, cobri ela e desliguei a luz.

Sai do banho e coloquei uma box branca, calça jeans, uma camisa da Lacoste e um Nike no pé.
Coloquei minhas correntes e depois o boné.
Peguei um fuzil, atravessei nas costas e sai de casa na minha 1200.






BERENICE

Deixei as coisas arrumadas e depois de jantar dei os remédios e ajudei minha mãe com tudo. Ela deitou toda feliz porque eu ia sair.

- Boa noite, dona Vânia -


- Se divirta filha, vê se pega alguém, transa. Sei lá, você tem dezenove anos, nunca aparece com ninguém -


- Amor próprio é tudo - Menti autoestima enquanto ria. Tá aí uma coisa que não tenho. - Dorme bem, meu amor -


Sai do quarto e fui me arrumar.

Na mira do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora