Saindo da facção

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BERENICE


Dois meses decorreram, com choros, sustos, cólicas, soluços, ciúmes, birra, mais choro e mais um turbilhão de coisas que a maternidade me trouxe.

Com meu pequeno, foram muitas emoções e sensações, eu fiquei desolada pois cheguei a quase desistir nos primeiros dias de amamentação. Doía, tive fissuras, foi horrível. Mas eu consegui.


Com minha princesa, as coisas foram intensas também, ela teve muito ciúmes, achava a todo momento que eu havia esquecido dela, mas isso claramente não aconteceu, nem vai acontecer.

No dia em que eu estava mais triste, ela chegou a dizer que também nem me queria mais, e o irmão, ela mandaria o pai devolver pro hospital.


Pra uma adulta estável mentalmente, isso seria motivo de riso, mas pra uma mãe fragilizada mentalmente e fisicamente, e com um toque de ansiedade, foi doloroso.

Mas eu tentei me manter firme e Miguel me ajudou a conversar com ela, que enfim entendeu que as coisas não seriam resolvidas daquela maneira.

Ela me abraçou, pediu perdão e de lá pra cá, tem me ajudado muito com o irmão, ao invés de sentir ciúmes, ela compartilha o amor que só aumenta a cada dia.


Em meio crises, quase desistências e outros perrengues, Miguel, esteve comigo em todos os momentos. Como nada é perfeito, rolavam pequenas e poucas discussões, mas eram sempre cessadas por alguma das partes, voltávamos atrás, pedíamos desculpas e seguíamos bem.

Pouco a pouco ele moldava ainda mais aquele jeito bruto e durão.

Nesse tempo, eu percebi ele muito desligado do morro e muito próximo de casa. Isso foi essencial pra tudo se estabilizar.

Ele me ensinou a trocar fraldas, me ajudou com as cólicas, desengasgou nosso filho e também me ensinou a não me desesperar caso voltasse a acontecer, me disse que era melhor salvá-lo primeiro e pensar em chorar, gritar, ou qualquer outra coisa, depois que o bebê estivesse bem, e isso eu realmente aprendi.

Ele também me abraçou e me deu colo em cada crise de choro e ansiedade, esteve comigo nas consultas com o psicólogo e pediatra, contratou uma senhora especialista em amamentação que me ajudou a não largar tudo e me ensinou a melhor forma de amamentar, tanto pra mim, quanto pro meu filho, isso foi ótimo.

Voltando ao Miguel, ele realmente me ajudou e cumpriu o seu dever de pai e namorado, nunca o vi tão sorridente e mudado, ele se transformava a cada numa pessoa completamente melhor.


Beth também foi muito importante em todo esse processo, ela me deu toda assistência que podia e me tirou a insegurança de dar banho em Daniel nos primeiros dias.

Me ajudou a cuidar dos pontos da cesaria e muito mais, inclusive quando precisei de um abraço de mãe, Beth estava lá.

E apesar de tanto sofrimento nesses dois meses, que pareceram anos, o meu amor só aumentou pela Beth, meus filhos e pelo pai deles.



...



Acordei pela manhã ouvindo Daniel chorar e levantei, peguei ele no berço e voltei pra cama.

Abaixei a alça da camisola e tirei o seio do sutiã, colocando-o na boca do meu filho.
Ele mamou esfomeado como sempre, soltando e puxando a respiração pelo nariz, era todo manhoso na hora de mamar.

— Bom dia, amor da mamãe — Cheirei o pescoço dele e olhei pro lado. — Onde sera que está o seu papai ? —





CAVEIRA

Na mira do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora